Sport: Yuri Romão quebra silêncio, descarta renúncia e admite erros na montagem do elenco
Presidente rubro-negro participou de coletiva com a imprensa e falou sobre o atual momento do clube
Publicado: 29/07/2025 às 17:46

Yuri Romão, presidente do Sport (Paulo Paiva/Sport Recife)
Em meio ao ano crítico do Sport, o presidente rubro-negro, Yuri Romão, quebrou o silêncio nesta terça-feira (29), em entrevista coletiva no CT José de Andrade Médicis. O Leão encontra-se na lanterna da Série A do Campeonato Brasileiro, com apenas cinco pontos conquistados em 15 jogos e um jejum de vitórias que já ultrapassa quatro meses.
Criticado por torcedores com protestos constantes, faixas e mobilizações nas redes sociais, o mandatário, que descartou renunciar ao cargo, abriu sua fala com um pedido público de desculpas. Apesar do cenário alarmante, Yuri destacou que o clube vem fazendo mudanças estruturais no departamento de futebol, muitas delas fora dos olhos do público.
"Gostaria de reiterar o nosso pedido de desculpas à torcida, à imprensa e a toda a comunidade rubro-negra pelo nosso momento. Um momento que, mesmo nos piores pesadelos que pudéssemos ter, jamais imaginaríamos estar vivendo após tantos jogos. Mas tenho certeza de que estamos trabalhando arduamente, fazendo mudanças, algumas delas invisíveis, no departamento de futebol, buscando melhorias na capacitação de pessoas, na aquisição de equipamentos e em tudo aquilo que possa ajudar o nosso elenco a desempenhar, cada vez melhor, seu papel dentro de campo", expressou o presidente do Sport.
Com as saídas de Pepa e António Oliveira até a chegada de Daniel Paulista, o Sport passou por três comissões técnicas na temporada. Para o presidente, as trocas e movimentações dentro do clube mostram que não há omissão por parte da diretoria. Ele reafirmou seu comprometimento com a permanência do clube na elite do futebol brasileiro.
"Muitas mudanças foram feitas, e isso mostra que não há omissão por parte da diretoria, da gestão como um todo, em realizar as alterações necessárias para aquele momento, lá atrás, em que elas se faziam urgentes. Muitas já foram feitas, e outras estão encaminhadas, iniciou.
"Como um dirigente maior do Sport, como rubro-negro que sou, e por tudo que a gente tem feito ao longo dessa jornada desde 2022, a gente quer a permanência do clube na Série A. Digo isso desde a formação do elenco. Continuamos trabalhando, e já vemos uma equipe diferente daquela dos primeiros jogos do Campeonato Brasileiro, um time mais competitivo, mais forte e que ainda precisa melhorar", completou Yuri Romão.
Apesar da campanha desastrosa, o dirigente ressaltou que tem encontrado sinais de evolução no desempenho do time, com base em análises internas e dados do departamento de scout. Rebateu também qualquer insinuação sobre uma possível renúncia.
"As estatísticas dos jogos em casa, as conversas com Enrico, Thiago Gasparino e o pessoal dos scouts, analisando o antes e o depois, nos trazem um fio de esperança. Vemos uma evolução significativa dentro de campo, seja nas ações com a bola, nos ataques, em tudo. Isso nos dá a confiança de que vamos conseguir reverter a situação. Vamos lutar. Independentemente de qualquer coisa, enquanto presidente do clube, eu não jogo a toalha. Estou aqui para oferecer todas as condições que o elenco precisa para que a comissão técnica coloque o time em campo, seja em logística, seja com a chegada de novos atletas. Esse é o meu papel, e vou cumpri-lo até o final", afirmou o mandatário.
ERROS NO FUTEBOL
O presidente do Sport também reconheceu falhas na montagem do elenco, apesar de defender a estratégia traçada inicialmente. O 2025 do clube leonino ficou marcado por altos investimentos e pouco resultado em campo por peças que custaram caro aos cofres. A equipe rubro-negra é a única das quatro divisões nacionais que ainda não venceu no Brasileiro em 2025.
"O equívoco não foi de estratégia. Inclusive, ela foi muito elogiada por vocês da imprensa. Ela se mostrou acertada. O que aconteceu, ao meu ver, foi que investimos de forma equivocada. A gente não soube montar a equipe como deveria", explicou.
"Os recursos estavam disponíveis, a intenção era boa, mas não tomamos as decisões corretas na hora de escolher os atletas. Os mesmos recursos que investimos em jogadores talvez pudessem ter sido alocados em outro lugar. Ficou claro para nós que poderíamos ter escolhido outros perfis mais adequados para a Série A", completou.
RENÚNCIA DESCARTADA
Diante dos pedidos públicos por sua saída, Yuri afirmou nunca ter considerado renunciar, e classificou como naturais os protestos vindos da torcida. Contudo, o presidente rubro-negro destacou que não aceitará ataques pessoais, especialmente à sua família. Reafirmando o compromisso com os dos sócios que o elegeram.
"Nunca falei sobre isso, até porque nunca passou pela minha cabeça. Protestar, no ambiente de um clube de futebol, é algo natural. Quando me predispus a me candidatar no fim do ano, eu sabia das dificuldades, sabia do ambiente. Eu não sou da política, mas entendo um pouco do que é política. É natural que, sem resultados, aquelas pessoas que até então viam de perto o trabalho feito pela gestão, de resgate do clube, de reconstrução, passem a criticar", afirmou o mandatário.
"Quando os resultados não aparecem, tentam denegrir a imagem de tudo que foi feito pelo clube. Encaro com muita naturalidade o pedido de renúncia. O que não aceito são ataques à família. Isso não é atitude de gente decente, que possa, no futuro, vir a dirigir o Sport. Espero que pessoas como essas, quando a gente sair ao fim de 2026, não estejam no clube, e eu farei o possível para que não estejam. O Sport é um ambiente sério, não é lugar para maloqueiro. Eu não vou trair os 83% dos sócios que votaram na nossa chapa. Ganhei a primeira eleição com quase 93%, a segunda com 83%. Não vou trair essas pessoas. No bom e no ruim, a gente tem que enfrentar as adversidades", finalizou.
PRÓXIMO JOGO DO SPORT
O Sport volta a campo para encarar o Bahia, em jogo válido pela 18ª rodada da Série A do Campeonato Brasileiro. A partida está marcada para este sábado (2), às 16h, na Ilha do Retiro. O clássico nordestino marca o segundo jogo consecutivo do Leão como mandante desde a retomada do Brasileirão, após a paralisação para o Mundial de Clubes.

