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Beto Lago: 'Estrago no Sport foi feito em janeiro; responsáveis se escondem'

O Sport vive sua pior fase da história, o clube rubro-negro não vence a 18 partidas

Beto Lago

Publicado: 29/07/2025 às 08:00

Elenco do Sport/Paulo Paiva/ Sport

Elenco do Sport (Paulo Paiva/ Sport)

O estrago
Se há um treinador no Sport que conquistou uma unanimidade negativa este é o português António Oliveira. Em menos de um mês e quatro jogos à frente da equipe, conseguiu desmantelar o que ainda restava da boa fase vivida sob o comando de seu compatriota Pepa, sem apresentar nada de positivo. Um comentário merece destaque e serve como base para a atual situação: “o estrago foi feito em janeiro”, disse o treinador. No ano em que o Sport alcançou seu maior faturamento financeiro em 120 anos de história, o planejamento esportivo foi de uma incompetência sem precedentes. As contratações de alguns atletas, especialmente os portugueses, contaram com o aval de parte da imprensa (estou incluído aqui). Nomes que passaram por grandes clubes europeus levantaram expectativas, mas uma questão permanece: realmente desejavam jogar em nosso País, em um clube que, no cenário nacional, estava fora dos holofotes e retornava à Série A após três anos? Qual era a identificação deles com o Sport?

É compreensível que o período de adaptação pese, mas a diretoria falhou em reconhecer que grande parte desses jogadores não têm afinidade com a história do clube. E o impacto financeiro dessas aquisições foi alarmante. Carlos Alberto, reserva do Botafogo, teve parte dos seus direitos econômicos adquiridos por R$ 15 milhões. Já Matheus Alexandre, após duas temporadas no Cuiabá, custou R$ 9 milhões. Quem foi o responsável por esse portfólio? Quem entregou essas fichas ao Pepa, que, por sua vez, aceitou essas contratações? São perguntas sem resposta. Quando as coisas vão bem, surgem figuras que se apresentam como responsáveis. Quando dão errado, todos se escondem.

Banco desequilibrado
O significado da declaração de António Oliveira tornou-se evidente na partida contra o Santos: um banco de reservas desequilibrado, repleto de jovens e carente de peças que pudessem socorrer Daniel Paulista. O treinador tem sua cota de culpa. Colocar Hyoran, sabendo que não apresentou rendimento até agora, foi um erro. Insistir com ele e com outros jogadores deste elenco, que deveria ter passado por uma reformulação significativa, é difícil de entender.

Alertas ignorados
Os primeiros jogos da Série A, sob a gestão de Pepa, serviram como um alerta. As avaliações iniciais, baseadas em números e atuações passadas, não podem servir como justificativa permanente. Quando erros se tornam evidentes, é fundamental corrigir imediatamente o rumo. Os dirigentes optam por persistir em seus equívocos, na esperança de que, no futuro, entremos em uma tal “fila do perdão” – que, convenhamos, não deverá ocorrer.

Vocês não são infalíveis!
Minha experiência no esporte me brinda com perspectivas mais profundas. Se erro em minha análise, devo ter a responsabilidade de reconhecer meu equívoco e pedir desculpas. E aqui para todos os dirigentes e treinadores que acreditam estar acima do bem e do mal: vocês não são infalíveis! Erram com frequência, e é raro ver assumir suas falhas. Como nós da imprensa, também. Aceitem e aprendam com os erros e busquem um caminho mais claro nas gestões.

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