Menos imposto para a mais pernambucanos com isenção do Imposto de Renda
Projeto aprovado na Câmara isenta milhões de trabalhadores do Imposto de Renda e taxa os super-ricos. Economia no bolso para os pernambucanos e ajuste nas contas do país, em um ato que o ministro da Fazenda classificou como "histórico".
Publicado: 04/10/2025 às 17:59

Imposto de Renda (Foto: Joédson Alves/Agência Brasil)
Em Pernambuco, cerca de 95% da população recebe abaixo de R$ 5.000, enquanto a média de renda do estado é de R$ 2.221, que é inferior à média nacional, de R$ 3.057, de acordo com dados combinados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua e da Secretaria da Fazenda.
Já a concentração de renda nas mãos de menos pessoas ultrapassa a média nacional, ocupando a segunda posição no índice de desigualdade nacional. Em 2024, mais de 1,2 milhão de pernambucanos declararam imposto de renda. Com o Projeto de Lei 1087/25, 535. 101 mil cidadãos do estado continuarão a pagar o Imposto de Renda das Pessoas Físicas (IRPF).
O número representa 5,6% do total da população em 2025, que é de 9.562.007, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Cálculo
O Diario conversou com o diretor do escritório de contabilidade OEC Serviços, Sergio Melo, para entender como as novas medidas afetam o bolso dos pernambucanos, quanto as pessoas vão ganhar e como quem ganha acima de R$ 5.000 pode calcular sua economia. “Quem recebe até R$ 5.000 terá economia anual superior a R$ 4.000", afirmou Melo.
É possível descobrir quanto de economia o contribuinte terá no site da Calculadora da Justiça, onde a pessoa responde a algumas perguntas rápidas sobre sua renda, como salário, aposentadoria, aluguel ou lucros e dividendos. Ele também tem a opção de fornecer detalhes sobre deduções específicas ou usar o desconto simplificado. A ferramenta é um projeto do Instituto Lamparina, pelo Made/FEA-USP, Sleeping Giants Brasil e Teia de Criadores.
Ganhando mensalmente R$ 5 mil reais, o trabalhador terá uma economia mensal de R$ 490,04 por mês. Em um ano, somando ao décimo terceiro, a pessoa terá um ganho de R$ 6.370, 52.
A nova lei não beneficia apenas quem ganha até R$ 5 mil. Quem tem rendimentos entre R$ 5.001 e R$ 7.350 também terá desconto progressivamente menor. A expectativa é que quem recebe R$ 7 mil, por exemplo, tenha um ganho de R$ 46,61 por mês e R$ 605,87 no ano, já com o décimo terceiro.
Impacto nacional
A matéria, aprovada de forma unânime pela Câmara dos Deputados, traz uma nova perspectiva para a economia brasileira, com impacto direto no bolso de milhões de trabalhadores. Segundo o Ministério da Fazenda, a expectativa é que cerca de 10 milhões de brasileiros fiquem isentos do imposto, enquanto outros 5 milhões pagarão menos.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, considerou a votação como "histórica" e a classificou como "um golaço". Ele ressaltou que a nova legislação “é justiça tributária com neutralidade fiscal, ancorada no equilíbrio fiscal e que beneficiará 15 milhões de pessoas".
O que muda
Atualmente, estão isentos do IRPF os contribuintes com renda tributável de até R$ 3.036 por mês. Com a nova proposta, a faixa de isenção será ampliada para rendimentos de até R$ 5 mil mensais. O texto segue agora para apreciação dos senadores e, se aprovado e sancionado, o alívio no contracheque dos trabalhadores começará a valer a partir de janeiro de 2026.
Melo, da OEC Serviços, pondera que, para quem tem múltiplas fontes de renda, como salário e aluguel, o cálculo continua sendo desafiador. “É necessário que faça o carnê-leão dos aluguéis”, informa. A Receita Federal do Brasil (RFB) ainda deve divulgar a nova tabela do IR em 2026, o que permitirá aos contadores desenvolver estratégias personalizadas para os clientes na faixa de transição.
Pela proposta atual, salários entre R$ 5.000,01 e R$ 7.350,00 terão redução do imposto calculada usando a fórmula: R$ 978,62 menos 13,3145% do salário após descontos do INSS. Para quem ganha acima de R$ 7.350,00, não haverá redução no imposto.
Além disso, para salários acima de R$ 50.000, o governo propõe uma taxa mínima de imposto. Caso o valor calculado com as novas regras (após as reduções) seja menor que esse piso, o valor será ajustado para esse limite mínimo. Como o imposto sobre salários mais altos já costuma ser elevado, essa regra normalmente afeta quem tem rendas altas de outras fontes.
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Cenário econômico
Especialistas consultados pela Agência Brasil, como o pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) Pedro Humberto de Carvalho, calculam que a classe média baixa terá uma folga no orçamento entre R$ 350 e R$ 550 por mês. "Esse impacto poderá ser gasto com alimentação e serviços. Vai beneficiar positivamente a economia", avaliou Carvalho.
O economista Luiz Gonzaga de Mello Belluzzo destaca que a isenção deve impulsionar o crescimento econômico do país, já que o maior poder de compra resultará em mais consumo e em um possível aumento de investimentos. Para o professor Gilberto Braga, do Ibmec, o dinheiro disponível será usado no consumo e para pagar dívidas, o que melhora o poder de compra e o crédito das famílias. "Isso injeta dinheiro na economia, e a regularização do endividamento faz com que essas pessoas se credenciem a novos parcelamentos e financiamentos", explica.
A CUT, Central Única dos Trabalhadores, também comemorou a aprovação do projeto, uma antiga reivindicação da classe trabalhadora. O presidente nacional da central sindical, Sérgio Nobre, compara o benefício a um "14º salário", que poderá ser revertido em mais consumo, produção e emprego. Nobre, porém, afirma que a luta continua e que a central ainda pleiteia a isenção sobre a Participação nos Lucros e Resultados (PLR).
(Com Agência Brasil)

