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MÚSICA

Em 'Legado', Marcelo Falcão resgata voz de Chorão e dialoga com nova geração

'Legado', novo álbum de Marcelo Falcão, conta com 11 faixas e participações de L7NNON, Cynthia Luz e Orochi, além de resgate emocionante de áudios inéditos de Chorão

Allan Lopes

Publicado: 27/11/2025 às 13:48

'Legado' é o segundo disco solo de Marcelo Falcão, sucedendo 'Viver'/Crédito: Leo Gussi/Divulgação

'Legado' é o segundo disco solo de Marcelo Falcão, sucedendo 'Viver' (Crédito: Leo Gussi/Divulgação)

O que é um legado, senão a soma do que recebemos com o que decidimos doar? É sob essa premissa que Marcelo Falcão constrói seu segundo álbum solo, intitulado Legado. Aos 51 anos, o veterano do reggae nacional não apenas celebra as vozes que o guiaram, mas abre espaço para os que agora despontam. É uma prova de que segue tão vital e criativo quanto sempre, como demonstra neste trabalho que estreia nesta quinta-feira (27) em todas as plataformas digitais.

 


Assumindo conscientemente o papel de ponte entre gerações, Falcão incorpora ao longo de 11 faixas vozes da nova cena urbana como L7NNON, Cynthia Luz, Orochi, Major RD e Tales de Polli (Maneva), justamente o tipo de artista que muitos de sua geração ainda encaram com reservas. “Eu acolhi a nova geração de uma forma que lá atrás eu não fui acolhido”, conta o antigo vocalista d’O Rappa, em conversa exclusiva com o Viver. A postura se reflete na própria arquitetura sonora do disco, onde o artista transita entre samba e rock pesado com naturalidade.


O movimento de abraçar o novo vem acompanhado do gesto igualmente importante de reverenciar seu passado. Entre os momentos mais emocionantes do álbum está a faixa-título Legado, dedicada ao saudoso Chorão, vocalista do Charlie Brown Jr, cuja formação atual faz uma participação especial. Para compor esta homenagem, o cantor teve acesso a mais de 30 mil arquivos de pen drives cedidos pelo filho do Chorão, Xande. “Eu consegui ser honesto com meu coração, com meu amigo que já partiu e com aqueles que seguem aqui, defendendo o legado que ele deixou”, diz Falcão, emocionado.


A sua ligação com Pernambuco, que já rendeu frutos como a colaboração com a Nação Zumbi em Malungo, faixa do álbum 'C.S.N.Z. (Dia)', permanece viva através de suas parcerias. Entre seus mentores na composição, está o pernambucano Lula Queiroga, que sempre foi uma referência, assim como foram Wally Salomão no passado e Liminha atualmente. Durante as gravações de Legado, o cantor não pensou duas vezes antes de acordar Lula com uma ligação às 3h da manhã em busca de sua opinião. “Para acertar o português e lapidar a caneta, eu recorro ao Lula. Sem dúvida nenhuma”, revela.


Em uma indústria fonográfica cada vez mais pautada pelo individualismo e competição, Legado se apresenta como um lembrete de que a música ainda pode nascer do coração. “Não fiz esse disco para ser aceito e, sim, para ser sentido. Promovi uma audição aqui em casa, com 40 pessoas de todo o Brasil, e pude ver a emoção batendo. É um projeto direto, emocional, e está a serviço da arte”, afirma.


Enquanto o álbum já está completo, sua missão como artista permanece em aberto. O próprio legado de Falcão segue sendo construído, sem planos de parar de fazer música tão cedo. “Todos fazem parte deste momento que estou vivendo”, afirma Falcão, ecoando a certeza de que a verdadeira herança musical não se encerra em faixas ou discos, mas se renova a cada ponte erguida entre o que foi, o que é e o que ainda há de vir

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