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ENTREVISTA

Em turnê com os Titãs e orquestra, Tony Belloto diz que rock está mais vivo do que nunca

Os Titãs chegam ao Recife na quinta-feira (16) para apresentação com orquestra sinfônica no Teatro RioMar. O show faz parte do projeto "Prudential Concerts".

Camila Estephania

Publicado: 26/10/2025 às 14:30

Atualmente, a banda Titãs é formada por Branco Mello, Sérgio Britto e Tony Bellotto. /Dantas Jr.

Atualmente, a banda Titãs é formada por Branco Mello, Sérgio Britto e Tony Bellotto. (Dantas Jr.)

Apenas seis cidades brasileiras vão receber o show da banda Titãs com orquestra sinfônica e o Recife está entre elas. A apresentação acontece na quinta-feira (16), no Teatro RioMar, dentro do projeto “Prudential Concerts”, que comemora oito anos de existência, buscando promover o encontro entre música popular e erudita.

“É uma forma diferente e inusitada de curtir a nossa música, uma experiência criativa e rara”, disse o guitarrista Tony Bellotto em entrevista ao Diario. Ao seu lado estará o restante dos Titãs, que hoje é um trio formado também por Branco Mello e Sérgio Britto. Sob a regência do maestro Carlos Prazeres, a orquestra acompanhará o grupo de rock desde as músicas mais pesadas, como "Homem Primata” e "Polícia", até as canções mais melódicas, como “Epitáfio".

O grupo já experimentou explorar seu repertório com uma orquestra formada por instrumentos de sopro e cordas no disco “Acústico MTV", de 1997. A adaptação das músicas foi tão bem sucedida que o projeto se tornou o álbum mais vendido do grupo, chegando 720 mil cópias em apenas dois meses.

Com a aproximação dos 30 anos do trabalho, especula-se na imprensa que os ex-integrantes do grupo, como Nando Reis, Charles Gavin e Paulo Miklos, possam voltar a se reunir, depois do sucesso da turnê "Titãs Encontro", para comemorar celebrar o disco. Ao Diario, Bellotto confirmou que haverá comemorações, mas disse que ainda não sabe como será.

O intercâmbio entre os gêneros musicais evidencia o interesse de outros segmentos pelo rock, mesmo neste momento em que o estilo está afastado das paradas musicais. “O rock está mais vivo do que nunca, não só como gênero musical, mas no espírito, no questionamento e na rebeldia que ele traz como essência. Ele se manifesta em vários tipos de música. Nesse sentido, o rock é um pouco parecido com o jazz: é uma definição abrangente”, avalia Bellotto.

Leia abaixo a entrevista completa com o guitarrista:

Quando se trata de um show como este, com acompanhamento de uma Orquestra, de que maneira é pensado o repertório? O que vocês levam em consideração na hora de escolher as músicas?

A presença de uma orquestra possibilita muitas abordagens para montar o repertório. A tendência mais óbvia é imaginar que as músicas mais lentas e as baladas melódicas se adaptam melhor ao formato, mas a ideia, neste caso, não é essa, pelo contrário. A própria proposta do maestro e dos arranjadores foi pegarmos o repertório do nosso show e, em cima dele, fazer os arranjos. Nosso repertório tem de tudo, inclusive músicas muito pesadas, como rocks pesados como "Homem Primata" e "Polícia", e canções mais melódicas, como "Pra Dizer Adeus" e "Epitáfio". É interessante ver como a orquestra se adequa bem a todos os formatos. Será algo bem interessante e diferente.

Para vocês, como é fazer esse intercâmbio entre a música popular e a música erudita?

Acho que, em primeiro lugar, é divertido. Tocar junto com a orquestra é muito prazeroso. E, para as pessoas que vão assistir, é uma forma diferente e inusitada de curtir a nossa música, uma experiência criativa e rara. É uma coisa muito positiva em todos os sentidos.

Há muito tempo se comenta que o rock morreu, mesmo quando o rock estava em alta, com bandas ocupando os primeiros lugares das paradas musicais entre os anos 1990 e o início dos anos 2000. Acredita que essa afirmação faz sentido hoje em dia?

Não, essa afirmação não faz sentido. O rock está mais vivo do que nunca, não só como gênero musical, mas no espírito, no questionamento e na rebeldia que ele traz como essência. Ele se manifesta em vários tipos de música. Nesse sentido, o rock é um pouco parecido com o jazz: é uma definição abrangente. Vemos muitos rappers fazendo rock and roll. Além disso, vemos o grande sucesso dos festivais de rock, tanto com bandas estrangeiras quanto brasileiras. São festivais que levam muita gente aos eventos. Então, esse papo não tem nada a ver.

Qual é o maior desafio para quem quer fazer rock hoje em dia?

Acho que o maior desafio, não só para quem quer fazer rock hoje em dia ou em qualquer época, mas para quem quer fazer MPB ou qualquer forma de arte e se expressar, é sempre encontrar uma linguagem própria. Encontrar um elemento que caracterize o que você está fazendo como seu. Geralmente, começamos imitando aquilo de que gostamos. Então, quando você consegue colocar a sua digital no que você faz, você ganha um ponto importante. O desafio é esse.

Os Titãs tiveram vários discos importantes, mas o Acústico MTV (1997) foi determinante para alcançar os jovens dos anos 1990, tendo penetração também entre as outras gerações. Como foi um trabalho que exigiu uma banda grande e muitos instrumentos, vocês vão se reunir novamente com os demais integrantes originais para comemorar os 30 anos desse disco?

Com certeza vamos comemorar os 30 anos do Acústico MTV, mas não sabemos ainda como. Ainda vamos bolar alguma coisa. É um disco muito importante e que, sem dúvida, vale a pena ser comemorado.

Qual é a importância de circular com projetos que resgatam a história dos Titãs?

Eu não vejo exatamente como uma importância, mas esses projetos são todos interessantes, divertidos, bons de fazer e bons de ouvir também. Proporcionar experiências diferentes e novas para as pessoas com a nossa música é sempre muito positivo. Não sei se tem alguma importância, mas é, sem dúvida, um evento de celebração.

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