° / °
Viver
ARTES VISUAIS

Recife atrai galerias brasileiras e do exterior na nova edição da ART.PE

A partir desta quarta-feira (8), a ART.PE reúne galerias de Pernambuco, de outros estados e do exterior no Recife Expo Center, consolidando a cidade como referência para colecionadores e curadores

Allan Lopes

Publicado: 08/10/2025 às 04:00

4ª edição do ART.PE será no Recife Expo Center/Foto: Danilo Galvão

4ª edição do ART.PE será no Recife Expo Center (Foto: Danilo Galvão)

Terra de visionários como Francisco Brennand e Lula Cardoso Ayres, o Recife sempre foi um celeiro de gigantes das artes visuais. Atualmente, essa tradição secular vive um novo e vibrante capítulo. Nos últimos anos, a cidade virou um caldeirão cultural com a abertura de novas galerias e consolidação de novos talentos. Para coroar essa efervescência, a Feira de Arte Contemporânea de Pernambuco (ART.PE) começa hoje a sua quarta edição, que segue até domingo, concentrando a atenção de artistas, colecionadores, curadores, galeristas e amantes da arte no Recife Expo Center.

Consagrada como uma das mais importantes feiras de arte do país, a ART.PE tem na diversidade uma de suas maiores marcas. Este ano reúne galerias e espaços independentes de vários estados, incluindo São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Ceará, Paraíba e Santa Catarina, além da Galeria Verso, de Lisboa, que confere ao evento um caráter internacional. Reforçando a força local, Pernambuco, na condição de anfitrião, possui a maior representatividade, com 18 participantes.

A Amparo 60, que participa da ART.PE desde sua estreia, traz o recorte curatorial Que Tontos, Que Loucos, título inspirado no clássico brega de Kelvin Duran. Focado no Recife e em Olinda, o projeto busca reconectar o espaço, há mais de 25 anos no mercado, ao DNA pernambucano, justamente quando o circuito local começa a receber um fluxo crescente de galerias de outros estados. “Em tempos de grandes conglomerados nacionais atuando em nossa cidade, marcamos subliminarmente que somos uma galeria local e que isso nos diferencia em muitas camadas”, explica o curador Aslan Cabral.

Dentro dessa perspectiva, a ART.PE permite que a produção do estado seja apreciada de fora para dentro, em contraste com o movimento que levava artistas e galerias da região a buscar visibilidade nos eventos do eixo Rio-São Paulo. “Finalmente o caminho se inverteu, e o Nordeste começa a ser valorizado”, celebra Aislan. Entre as obras expostas no stand, a Amparo 60 exibe uma fotografia emblemática do Kiosque do Wilson, projeto do fotógrafo autodidata Wilson Carneiro da Cunha. A imagem, que também estampa o cartaz do filme Retratos Fantasmas, de Kleber Mendonça Filho, integra a mostra como um convite para refletir sobre a memória urbana do Recife.

Um sinal inequívoco de que as atenções estão voltadas à capital pernambucana é a presença de galerias de peso internacional. Pela primeira vez, a Galleria Continua, fundada na Itália e com sedes na França, China e São Paulo, participa da feira. Entre os nomes em destaque estão Yhuri Cruz, talentoso artista cujas obras já foram exibidas no Museu de Arte do Rio e na Pinacoteca de São Paulo; André Komatsu, com trabalhos apresentados na Usina de Arte em Água Preta; e Ana Maria Tavares, que explora os delírios do mundo contemporâneo.


Akio Aoki, diretor da Continua, conhece Pernambuco desde o final dos anos 1990 e ficou fascinado pelo que viu, ouviu e provou, entre o bar Soparia e o manguebeat. Agora, ele retorna não como um turista, mas como um agente que reconhece a maturidade de uma cena sustentada por pilares como a Usina de Arte, a Oficina Brennand e a expectativa em torno da reabertura do Museu de Arte Contemporânea. “É uma grande vanguarda. Achei que seria um dever participar”, afirma Akio, destacando a força do Art.PE, que abre as portas das artes do Recife para o mundo.

Mais de Viver

Últimas

WhatsApp DP

Mais Lidas

WhatsApp DP