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MÚSICA

Benito Di Paula volta a Pernambuco com o filho Rodrigo Vellozo, no Teatro Guararapes

Ao lado do seu filho Rodrigo Vellozo, Benito Di Paula se apresenta nesta sexta-feira (15) no Teatro Guararapes, trazendo seus maiores sucessos no show "Do Jeito que a Vida Quer"

Allan Lopes

Publicado: 15/08/2025 às 05:00

Benito Di Paula e o filho Rodrigo Vellozo dividem o palco no Teatro Guararapes/Foto: Murilo Alvesso/Divulgação

Benito Di Paula e o filho Rodrigo Vellozo dividem o palco no Teatro Guararapes (Foto: Murilo Alvesso/Divulgação)

Um dos maiores vendedores de discos do Brasil nos anos 1970, Benito Di Paula revolucionou o samba ao incorporar elementos de jazz antes de qualquer outro. Apesar do ceticismo inicial dos puristas, o tempo confirmou sua genialidade. Aos 83 anos, o artista celebra meio século de carreira hoje às 21h30, no Teatro Guararapes, em Olinda, acompanhado pelo filho Rodrigo Vellozo ao piano, em uma apresentação que integra a turnê Do Jeito que a Vida Quer, com todo o sabor da vitória merecida.

Se alguém ainda ousasse questionar o lugar de Benito no panteão da música brasileira, o show calou qualquer dúvida com plateias lotadas por todo o país, inclusive por aqui, onde restam poucos assentos disponíveis. A última vez que Benito esteve no estado foi em 2019, com a turnê Fim de Papo. O esperado retorno, frustrado pela pandemia em 2020, só alimentou as expectativas por este reencontro.

Como diz o samba: a vida quis assim. Eis que Benito está de volta, trazendo consigo não apenas seus clássicos, mas um tesouro ainda maior: seu filho Rodrigo Vellozo. Além de carregar o DNA musical, Rodrigo herdou o carinho especial por Pernambuco, onde já fez apresentações solo. “É um lugar que mora no nosso coração. Tenho certeza que meu pai ainda vai compor uma música só para Recife” revela o pianista, em conversa exclusiva com o Viver.

Entre os clássicos que ecoarão no Guararapes, Do Jeito que a Vida Quer ocupa lugar especial no repertório e no coração de Benito. Escolhida para abrir seu primeiro show após o falecimento do filho André Vellozo, em 2019, a canção transformou-se em símbolo de resiliência. “Naquela hora, eu pensei: realmente é do jeito que a vida quer. A gente não escolhe tudo; a gente vive, respeita os caminhos e segue em frente”, relembra Rodrigo, comovido.

O setlist ainda reúne hits como Retalhos de Cetim, Mulher Brasileira, Charlie Brown e Ah, Como Eu Amei, além de canções inéditas do álbum Infalível Zen, fruto da parceria entre pai e filho. Para o músico, o trabalho reflete toda a versatilidade e criatividade da dupla, passeando por diferentes estilos, do instrumental ao brega clássico, do forró ao experimentalismo. “Desde que nasci, escuto suas músicas, vou aos seus shows, canto ao lado do meu pai. A obra inteira dele me formou”, afirma.

No entanto, durante a sua infância, a fama de Benito era apenas pano de fundo do cotidiano. As interrupções em restaurantes, os autógrafos solicitados no meio do jantar… tudo parecia normal. A epifania viria anos depois, quando o próprio Rodrigo mergulhou de cabeça no universo musical e finalmente enxergou o pai através das partituras

“O impacto da obra está na forma como toca o coletivo e como a cultura popular brasileira se apropria da música dele, transformando aquilo em algo nosso, coletivo, nacional. Isso é grandioso”, exalta o pianista, agora capaz de medir a verdadeira dimensão do legado que um dia foi apenas "o trabalho do papai".

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