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86% dos nordestinos acham que mudança climática é ameaça à vida, indica pesquisa

Pesquisa "Percepções sobre Mudanças Climáticas no Brasil" entrevistou 576 nordestinos e aponta população com chuvas extremas e falta d’água, por exemplo

Adelmo Lucena

Publicado: 13/11/2025 às 17:32

Recife, PE, 28/07/2025 - CHUVAS NO RECIFE - Imagens das chuvas no Recife, alagamentos e pessoas andando na chuva e na agua./Rafael Vieira

Recife, PE, 28/07/2025 - CHUVAS NO RECIFE - Imagens das chuvas no Recife, alagamentos e pessoas andando na chuva e na agua. (Rafael Vieira)

A pesquisa “Percepções sobre Mudanças Climáticas no Brasil”, realizada pelo Instituto Clima e Sociedade (iCS) em parceria com a Ipsos e o Ipec, mostra que 86% dos moradores do Nordeste concordam totalmente ou em parte que as mudanças climáticas são uma ameaça real à vida. O levantamento foi divulgado na terça-feira (11).

A nível nacional, 89% dos brasileiros concordam totalmente ou em parte que as mudanças climáticas são uma ameaça à vida. No Norte são 89%, no Sudeste 86%, no Sul 91% e no Centro-Oeste 86%.

O estudo aponta que 62% dos habitantes da região acham que o setor mais afetado com as mudanças climáticas é o da saúde (62%), seguida da alimentação (9%), emprego e renda (9%), moradia, (5%), educação (5%), transporte e mobilidade (1%). Nesta região 576 pessoas foram entrevistadas.

O levantamento, conduzido entre 8 e 14 de outubro de 2025 com 2.480 entrevistas presenciais em todo o país, revela que a população nordestina sente o impacto das mudanças no clima de forma intensa.

No conjunto dos entrevistados do Nordeste, a maioria concorda que as mudanças climáticas são uma ameaça crescente, e grande parte já percebe alterações no clima cotidiano, como aumento da temperatura, chuvas irregulares, estiagens prolongadas e eventos extremos mais frequentes.

Quando questionados sobre o sentimento despertado pelo tema, prevalecem palavras como preocupação (53%) e medo (16%). Essa apreensão é reforçada por experiências diretas, uma vez que nordestinos afirmam já ter sido impactados por algum evento climático extremo, especialmente secas e falta d’água.

O levantamento também mostra que o Nordeste é a região que mais associa as mudanças climáticas à desigualdade social. A maioria dos entrevistados, 92%, concorda que as populações mais pobres e periféricas são as mais atingidas, percepção que se reflete em cidades de Pernambuco, Bahia, Ceará e Alagoas, onde os efeitos da estiagem ou das chuvas intensas recaem de forma desproporcional sobre famílias com menos recursos.

Por outro lado, apenas cerca de 30% dos brasileiros afirmam saber o que fazer em caso de desastres climáticos, e no Nordeste essa proporção é ainda menor. Mais da metade dos moradores da região nunca ouviu falar do termo “adaptação climática", que consiste no ajuste aos efeitos do clima atual e esperado. A adaptação procura moderar ou evitar danos e explorar oportunidades benéficas.

Entre as dificuldades para se preparar, dois obstáculos se destacam, sendo eles a falta de informação clara sobre como agir e a falta de dinheiro.

Essa combinação é particularmente crítica no Nordeste, onde o custo da vulnerabilidade é alto e as condições socioeconômicas dificultam a implementação de medidas de proteção.

A pesquisa revela também que a população nordestina valoriza a Caatinga como bioma prioritário. Ainda assim, o cuidado ambiental tende a se expressar mais em atitudes individuais do que em ação política ou cobrança institucional. Entre as práticas mais adotadas, destacam-se a redução do consumo de energia elétrica e a separação do lixo para reciclagem, medidas que, embora relevantes, mostram que o engajamento climático ainda está mais restrito à esfera doméstica.

A maioria dos entrevistados consideram tanto o Brasil quanto suas cidades despreparadas para enfrentar os impactos já em curso.

Quando perguntados sobre onde o governo deveria investir para proteger a população dos efeitos das mudanças climáticas, os nordestinos priorizam áreas sociais, como saúde, saneamento básico e educação aparecem no topo da lista, seguidos por investimentos em moradia e infraestrutura urbana.

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