Transporte sustentável pode reduzir em 16% as emissões de CO? no Recife, aponta estudo do BNDES
Além da contribuição ambiental, o projeto promete evitar a emissão anual de 116,2 mil toneladas de CO?, o que equivale à absorção de carbono de uma extensa área de floresta nativa
Publicado: 29/10/2025 às 21:22
Trânsito no Recife (Foto: Crysli Viana/DP Foto)
Um novo estudo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) projeta um futuro mais sustentável para a mobilidade urbana do Recife. Segundo o Estudo Nacional de Mobilidade Urbana (ENMU), desenvolvido em parceria com o Ministério das Cidades, a adesão da capital pernambucana aos novos modelos de transporte sobre trilhos pode reduzir em pelo menos 16% as emissões de dióxido de carbono (CO?), contribuindo de forma expressiva para a mitigação dos impactos ambientais na Região Metropolitana.
De acordo com o levantamento, Recife está entre as 21 regiões metropolitanas do país que terão projetos voltados à ampliação dos sistemas de transporte público coletivo de média e alta capacidade. Na capital, o plano inclui a requalificação do metrô (38 km) e a implantação de novos corredores de VLT e BRT (118 km), com investimento estimado em até R$ 14,8 bilhões. A escolha entre as tecnologias VLT ou BRT será definida em etapas seguintes, após estudos técnicos detalhados.
Além da contribuição ambiental, o projeto promete evitar a emissão anual de 116,2 mil toneladas de CO?, o que equivale à absorção de carbono de uma extensa área de floresta nativa. Também prevê uma redução de 240 mortes em acidentes de trânsito até 2054, além de ganhos econômicos, como a queda de 9% no custo operacional por viagem e o impacto positivo de R$ 7,4 bilhões pela redução no tempo médio de deslocamento urbano.
Para o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, o estudo representa um avanço na formulação de políticas públicas voltadas à sustentabilidade e à mobilidade urbana de longo prazo. “O objetivo é melhorar a qualidade de vida dos brasileiros e brasileiras, com um transporte mais eficaz, menos poluidor e mais seguro”, afirmou.
O ministro das Cidades, Jader Filho, reforçou o caráter ambiental e social das iniciativas. “Investir em transporte coletivo limpo é investir nas cidades e nas pessoas, para que os centros urbanos se tornem mais resilientes, com menos poluição e deslocamentos mais rápidos e seguros”, destacou.
Impacto ambiental e futuro verde
Os benefícios ambientais do projeto se estendem para além do Recife. Nacionalmente, os 187 projetos definidos pelo ENMU, com investimentos totais estimados em R$ 430 bilhões poderão evitar a emissão de 3,1 milhões de toneladas de CO? por ano, o que equivale à absorção de carbono de 6.200 km² de floresta amazônica, uma área cinco vezes maior que o município do Rio de Janeiro.
A aposta em modais de transporte coletivo elétricos e integrados reflete uma tendência global de descarbonização urbana, alinhada aos compromissos climáticos do Brasil. No contexto local, a capital pernambucana, que enfrenta altos índices de poluição atmosférica e congestionamentos diários, pode se tornar referência em mobilidade limpa no Nordeste caso os projetos avancem.
A equipe de reportagem do Diario de Pernambuco entrou em contato com a Secretaria de Mobilidade e Infraestrutura (Semobi) para comentar os resultados do estudo e as perspectivas de implementação das propostas, mas não obteve retorno até a publicação desta matéria.