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Mulher que denunciou estupro em posto do BPRv teve que se mudar, diz advogada

Defensora da vítima disse ao Diario, nesta quarta (12), que a mulher "se sente insegura" desde o dia do fato relatado, no início de outubro deste ano

Adelmo Lucena e Bartô Leonel

Publicado: 12/11/2025 às 18:15

Diario teve acesso a laudos periciais realizados no posto do BPRv do Cabo/REPRODUÇÃO/GOOGLE MAPS

Diario teve acesso a laudos periciais realizados no posto do BPRv do Cabo (REPRODUÇÃO/GOOGLE MAPS)

A mulher de 48 anos, que denunciou ter sido vítima de estupro em um posto do Batalhão de Polícia Rodoviária (BPRv), no Cabo de Santo Agostinho, no Grande Recife, mudou de casa e de cidade por se sentir insegura desde o suposto crime.

Segundo a mulher, o fato aconteceu no início de outubro, por volta das 22h30, no Posto 6 da BPRv, próximo ao Shopping Costa Dourada, no Cabo. Ainda segundo o relato, o subtenente da PM, Luciano Valério de Moura, de 49 anos, teria a levado para uma sala dentro do posto e a forçado a praticar sexo oral. Ele está preso preventivamente desde outubro.

De acordo com a advogada dela, Maria Júlia Leonel, em entrevista ao Diario de Pernambuco, “além da vítima precisar recomeçar em um local novo, no qual ela não tem rede de apoio, precisa lidar com a situação emocional”.

A advogada afirmou que a mulher apresentou um quadro de ansiedade e depressão após o ocorrido. Segundo ela, a vítima “não está mais dentro das suas capacidades mentais normais”, e relata ter apresentado pressão alta e "não conseguir sair da cama”.

Laudo pericial

A reportagem teve acesso ao laudo pericial do vestido que a vítima usou no dia do crime. Segundo os resultados, não foi encontrado espermatozoide. Segundo a advogada Maria Júlia, foi encontrado material genético diverso do da vítima, porém, em menor quantidade, o que impediria de ser feita a comparação com o do suspeito.

Já na perícia do local, constatou-se fragmentos contendo sêmens em colchões da unidade, que seriam de, ao menos, sete indivíduos distintos dos sexos masculinos e fluídos femininos. O material genético, no entanto, não corresponde ao do subtenente.

“Ela tinha sido muito clara quando ela disse onde ocorreu. Então, não teria como ter atingido o colchão já que ele ejaculou dentro da boca dela. Dificilmente teríamos resíduo capaz de coletar aquilo”, afirmou a advogada.

Segundo os laudos periciais, em um dos colchões foi identificado um perfil genético “característico de mistura” de dois indivíduos dos sexos masculino e feminino, incompatível com as amostras referente à vítima. Em outro também foi identificado a mesma característica, mas, dessa vez, envolvendo dois indivíduos do sexo masculino.

“Queremos formalizar uma denúncia na Corregedoria para que se investigue esses outros sêmens. Por que no posto policial tem isso?”, completou Maria Júlia.

Em nota, a Polícia Militar de Pernambuco (PMPE) informou que foi “concluído e remetido ao Ministério Público de Pernambuco (MPPE), o Inquérito Policial Militar (IPM) instaurado para apurar os fatos ocorridos no posto do Batalhão de Polícia Rodoviária (BPRv), no Cabo de Santo Agostinho, envolvendo a conduta de policiais durante uma abordagem”.

Segundo a corporação, “todos os procedimentos investigativos foram realizados em estrita observância aos ritos legais e às normas internas”, assegurando uma apuração “rigorosa dos fatos de forma imparcial e transparente”.

“O referido IPM que tramita em segredo de justiça foi concluído com celeridade e rigor técnico, sendo encaminhado ao MPPE que já ofereceu a denúncia na Justiça Militar”, acrescenta.

Por fim, a PMPE reafirmou seu “compromisso permanente com a ética, a disciplina, a transparência e a legalidade, pilares que norteiam sua atuação e sua responsabilidade perante a sociedade pernambucana”.

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