Perícia aponta sêmen em colchões de posto do BPRv; material não corresponde a suspeito de estupro
Diario de Pernambuco teve acesso aos laudos periciais que apontam fragmentos de sêmen em 4 colchões do Posto 6 do BPRv, no Cabo de Santo Agostinho
Publicado: 12/11/2025 às 15:04
Diario teve acesso a laudos periciais realizados no posto do BPRv do Cabo (REPRODUÇÃO/GOOGLE MAPS)
O resultado da perícia policial feita no Posto 6 do Batalhão de Polícia Rodoviária (BPRv), no Cabo de Santo Agostinho, no Grande Recife, local onde uma mulher de 48 anos denunciou ter sido vítima de estupro, constatou fragmentos contendo sêmens em colchões da unidade.
O material genético, no entanto, não corresponde ao subtenente da PM, Luciano Valério de Moura, de 49 anos, acusado pela prática do crime sexual.
Segundo os laudos periciais, obtidos pelo Diario, foram feitas a coleta de fragmentos contendo sêmen em quatro colchões da unidade, que estavam no alojamento masculino e na sala do Posto policial, que seriam de, ao menos, sete indivíduos distintos dos sexos masculinos e fluídos femininos.
Ainda conforme os laudos, em um dos colchões foi identificado um perfil genético “característico de mistura” de dois indivíduos dos sexos masculino e feminino, incompatível com as amostras referente à vítima.
Em outro colchão também foi identificado um perfil genético “característico de mistura”, mas dessa vez envolvendo dois indivíduos do sexo masculino.
Em depoimento, a vítima teria afirmado que o crime sexual aconteceu em pé, sem nenhum uso de colchões, fato esse, que segundo a advogada da denunciante, Maria Júlia Leonel, que justifica a não aparição de material genético do acusado.
Em nota, a Polícia Militar de Pernambuco (PMPE) informou que foi “concluído e remetido ao Ministério Público de Pernambuco (MPPE), o Inquérito Policial Militar (IPM) instaurado para apurar os fatos ocorridos no posto do Batalhão de Polícia Rodoviária (BPRv), no Cabo de Santo Agostinho, envolvendo a conduta de policiais durante uma abordagem”.
Segundo a corporação, “todos os procedimentos investigativos foram realizados em estrita observância aos ritos legais e às normas internas”, assegurando uma apuração “rigorosa dos fatos de forma imparcial e transparente”.
“O referido IPM que tramita em segredo de justiça foi concluído com celeridade e rigor técnico, sendo encaminhado ao MPPE que já ofereceu a denúncia na Justiça Militar”, acrescenta.
Por fim, a PMPE reafirmou seu “compromisso permanente com a ética, a disciplina, a transparência e a legalidade, pilares que norteiam sua atuação e sua responsabilidade perante a sociedade pernambucana”.
Perícia do vestido da mulher
O Diario de Pernambuco também teve acesso ao laudo pericial do vestido que a vítima estava usando no dia do crime. Segundo os resultados, não foi encontrado espermatozoide. Além disso, não foi possível obter outro tipo de material genético diferente da vítima, algo que impede a comparação com as amostras de Luciano Valério.
Conforme as investigações, até o momento, apenas a vítima e o acusado foram submetidos a coleta de material genético. Luciano Valério se recusou a repassar suas amostras de DNA de forma direta, cabendo à perícia extrair os vestígios de objetos pessoais como sandálias, escova de dente, cortador de unha, entre outros objetos.
Os outros dois policiais militares investigados, que estavam no posto policial no momento da blitz e afirmam ter visto o subtenente Luciano Valério e a mulher dentro da unidade policial, não passaram por coleta de material genético.
Relembre a denúncia
No dia 13 de outubro, a vítima declarou à Corregedoria Geral que trafegava em direção à praia de Gaibu acompanhada de uma amiga e das duas filhas, de 16 e 9 anos, quando foi parada por três policiais que realizavam fiscalização de rotina.
Após apresentar os documentos do veículo e a Carteira Nacional de Habilitação, foi informada por um dos agentes sobre a existência de débitos de licenciamento e multa.
Segundo o relato, o policial pediu que ela o acompanhasse até uma área interna do posto, alegando que faria parte do procedimento. Em uma sala, o agente teria apagado as luzes, exposto a genitália e tentado manter relação sexual à força.
A mulher afirmou ter resistido, mas o policial a obrigou a praticar sexo oral. Após o ato, ele teria feito comentários de cunho sexual e liberando a vítima, que deixou o local com as filhas e a amiga.