Professora assassinada em Ipojuca trabalhava com suspeita integrar esquema de desvio de recursos públicos
Simone Marques da Silva não chegou a depor e havia remarcado para ir novamente à delegacia na quarta-feira (30), mas foi morta na tarde desta terça-feira (29)
Publicado: 29/10/2025 às 20:54
A professora Simone Marques foi assassinada horas após deixar delegacia sem prestar depoimento (Foto: Reprodução/Instagram)
Uma mulher de 46 anos foi morta a tiros na tarde de terça-feira (28), em Ipojuca, Região Metropolitana do Recife. A vítima, identificada como Simone Marques da Silva, era professora universitária. O Diario de Pernambuco apurou que a professora trabalharia para Maria Netania Vieira Dias, uma das investigadas presas durante a Operação Alvitre, deflagrada pela Polícia Civil de Pernambuco.
Antes de ser morta, a professora havia comparecido poucas horas antes à Delegacia de Porto de Galinhas para prestar depoimento em um inquérito que apura o desvio de emendas parlamentares da Câmara Municipal de Ipojuca.
Simone teria chegado à delegacia por volta das 12h40, acompanhada de um advogado, mas não chegou a ser ouvida porque outra oitiva estava em andamento. O depoimento foi remarcado para esta quarta-feira (29).
Ela deixou o local às 13h e, cerca de três horas depois, às 15h55, a Polícia Militar foi acionada após o assassinato. Simone foi encontrada morta no quintal da casa onde morava com os pais, na Rua Ana Maria Dourado, no Centro de Ipojuca.
Simone lecionava na Faculdade Novo Horizonte, instituição mencionada no inquérito que investiga o suposto desvio de R$ 27 milhões em verbas de emendas parlamentares. Segundo as investigações, a faculdade estaria entre as empresas utilizadas por um grupo criminoso para movimentar os recursos públicos desviados.
Operação Alvitre
A Operação Alvitre, realizada no dia 2 de outubro, resultou na prisão de três mulheres, entre elas duas advogadas, suspeitas de integrar um esquema de desvio de recursos públicos em Ipojuca. Ao todo, foram cumpridos 21 mandados de busca e apreensão e sete de prisão preventiva, quatro dos alvos, todos homens, seguem foragidos.
Segundo a Polícia Civil, o grupo é investigado pelos crimes de corrupção passiva, peculato, falsidade documental e lavagem de dinheiro.
As investigações apontam que o esquema utilizava emendas parlamentares impositivas, recursos que os vereadores destinam a projetos específicos, correspondendo a cerca de 2% da Receita Corrente Líquida do município. No caso de Ipojuca, os valores deveriam ser aplicados em serviços de saúde, mas teriam sido repassados a organizações de fachada operadas por “laranjas”.
Entre 2022 e 2024, o total de repasses por meio de emendas chegou a R$ 39,68 milhões.
A operação foi feita em parceria com o Gaeco (Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado) do Ministério Público de Pernambuco (MPPE).