Cresce número de internações por AVC em faixa etária mais jovem em Pernambuco
Conforme a SES-PE, até agosto de 2025, a faixa etária de 60 a 69 anos passou a ter o maior número de internamentos por AVC, com 1901 casos. No mesmo período de 2024, a faixa de 70 a 79 anos registrou mais internações, com 1813 casos
Publicado: 29/10/2025 às 09:48
Segundo a coordenadora da Unidade de AVC do HR, Ana Dolores, o principal fator para evitar mortes ou sequelas mais graves é o socorro imediato. (Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil)
Um dos principais causadores de morte de pacientes no mundo, o Acidente Vascular Cerebral (AVC), que tem nesta quinta-feira (29) o Dia Nacional e Mundial de Combate, vem se tornando mais comum em faixas etárias mais jovens.
Conforme dados notificados pela Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE) até o mês de agosto, a faixa etária que contabilizou o maior número de internações por AVC em 2025 foi de 60 a 69 anos, com uma média 8 casos por dia, que totaliza 1901 registros de entrada em unidades hospitalares.
Em relação ao mesmo período de 2024, a faixa etária com maior incidência foi de 70 a 79 anos, que totaliza 1813 internamentos, média diária de 7 por dia.
Segundo a coordenadora da Unidade de AVC do Hospital da Restauração (HR), Ana Dolores, essa queda na faixa etária é decorrente da pandemia da Covid-19, além dos atuais hábitos de vida da população.
“Os pacientes com AVC têm ficado cada vez mais jovens. Apesar da doença ser comum em pessoas idosas, temos visto casos recorrentes em pessoas com menos de 50 anos. Isso já era esperado por conta da pandemia, pois muitos serviços de atenção primária foram fechados”, explicou.
De acordo com Ana Dolores, que classifica esse momento como “quarta onda da pandemia”, o fechamento de muitos serviços de atenção primária, decorrente da necessidade de realocação de profissionais de saúde, e o medo da população no auge do Covid-19, fez com que as pessoas não buscassem tratar ou identificar doenças como pressão alta, diabetes, entre outros fatores riscos.
“A gente já esperava essa diminuição por conta da pandemia, pois muita gente não descobriu que tinha fatores de risco naquela época. Além disso, o estilo de vida também influencia, pois deixamos de fazer coisas presenciais e nos acostumamos com serviços online. A falta de atividade física também ajuda nessa diminuição da faixa etária”, ressaltou Ana Dolores.
Números em 2025
Segundo dados da SES-PE, o Estado registrou nos primeiros oito meses de 2025 uma média diária de aproximadamente 30 internações por AVC, totalizando 7.236 casos. Com relação ao mesmo período do ano passado, a média por dia ficou em torno de 27, contabilizando ao todo 6.517 internamentos. Em todo 2024, foram registradas 10.399 entradas em unidades hospitalares.
Com relação a óbitos da doença, foram notificados 3395 mortes em 2024. Sobre os números deste ano, a SES-PE informou que os registros de mortes da doença não estão disponíveis, pois o banco de dados ainda está em aberto.
Causas do AVC
O Acidente Vascular Cerebral (AVC) acontece quando há uma interrupção do fluxo de sangue para o cérebro, decorrente do entupimento ou ruptura dos vasos sanguíneos, que provoca a paralisia da área cerebral que ficou sem circulação.
Existem dois tipos de AVC: o isquêmico (obstrução do fluxo sanguíneo), que é o mais comum e representa, segundo o Ministério da Saúde, 85% de todos os casos, e o hemorrágico, responsável por 15% dos casos da doença, sendo provocado pelo rompimento do vaso.
Prevenção
Apesar de algumas pessoas terem predisposição genética à doença, o controle de fatores de risco é a principal forma de prevenir casos de AVC. O controle de pressão arterial, obesidade, diabetes e alteração cardiológica, principalmente as arritmias, podem ajudar no não aparecimento da doença. Evitar o uso de bebidas alcoólicas, drogas ilícitas e cigarros, inclusive os eletrônicos, também ajuda na prevenção.
“À medida que a pessoa vai envelhecendo, principalmente aquelas que têm histórico na família, vai aumentando a chance de ter um AVC. Mas temos que alertar a população que manter hábitos saudáveis, com boa alimentação e prática de exercícios físicos, ajudam a diminuir a chance de aparecimento da doença”, orientou Ana Dolores.
Socorro imediato
De acordo com Ana Dolores, o principal fator para evitar mortes ou sequelas mais graves em pacientes acometidos por AVC é o socorro imediato.
O ideal é que a pessoa chegue a uma unidade de saúde, no máximo, em torno de 4 horas e meia, pois esse tempo está dentro da janela de melhores resultados com o uso dos trombolíticos, medicamento utilizado nesses casos.
“Infelizmente, 25% dos pacientes com AVC têm óbito em aproximadamente 3 meses. Mas 30% dos pacientes têm uma boa recuperação, se for feito o tratamento adequado e o socorro rápido. Atualmente o estado expandiu para seis o número de hospitais que têm tratamento de trombolíticos, justamente para tentar diminuir essa mortalidade”, ressaltou.
Como reconhecer um AVC
A coordenadora da Unidade de AVC do HR também explicou o passo a passo para identificar se uma pessoa está com suspeita de doença:
1º passo - Peça para a pessoa sorrir
2º passo - Peça para a pessoa levantar o braço e dar um abraço
3º passo - Peça para pessoa cantar uma música ou falar uma frase
Se aparecer qualquer alteração ou dificuldade durante essas ações, deve-se chamar o pronto-socorro com urgência.