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Recife inicia nova etapa de pesquisa sobre comportamento no trânsito

Nesta fase, serão utilizados radares portáteis para medir a velocidade e o volume de tráfego de pelo menos 315 mil veículos, em 16 vias arteriais e coletoras distribuídas por diferentes regiões do Recife

Diario de Pernambuco

Publicado: 27/10/2025 às 12:58

Barulho do trânsito a longo prazo pode causar prejuízos à saúde, alertam especialistas /Foto: Crysli Viana/DP Foto

Barulho do trânsito a longo prazo pode causar prejuízos à saúde, alertam especialistas (Foto: Crysli Viana/DP Foto)

A Prefeitura do Recife, por meio da Autarquia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU), deu início no último domingo (27) a uma nova etapa de pesquisas sobre comportamento no trânsito, com foco na velocidade média de veículos nas principais vias da cidade. A iniciativa conta com apoio da Iniciativa Bloomberg de Segurança Viária Global (BIGRS), da Johns Hopkins University (JHU) e da Universidade Federal do Ceará (UFC). O levantamento faz parte de uma série histórica iniciada em 2020 e orienta políticas públicas de mobilidade e segurança viária na capital pernambucana.

Nesta fase, serão utilizados radares portáteis para medir a velocidade e o volume de tráfego de pelo menos 315 mil veículos, em 16 vias arteriais e coletoras distribuídas por diferentes regiões do Recife. O objetivo não é fiscalizar, mas atualizar os dados sobre o cumprimento dos limites de velocidade e identificar locais onde medidas de engenharia, fiscalização e comunicação possam reduzir o risco de sinistros.

Os resultados do monitoramento mais recente mostram queda no número de veículos acima da velocidade permitida, passando de 37% em 2020 para 33% em 2025. A velocidade média também diminuiu, de 48 km/h para 46 km/h, indicando maior respeito às normas de trânsito. Ainda assim, 43% das motocicletas trafegam acima do limite, e 75% dos veículos ultrapassam as velocidades consideradas seguras pela Organização Mundial da Saúde (OMS), entre 30 km/h e 50 km/h.

O levantamento aponta que o excesso de velocidade continua sendo um dos principais desafios urbanos do Recife. Apesar dos avanços, um terço dos motoristas ainda dirige acima dos limites legais, com destaque para motociclistas e veículos leves. As infrações se concentram, sobretudo, em vias arteriais e coletoras. Especialistas reforçam que a adoção de limites mais baixos, aliada à engenharia viária e à fiscalização constante, é essencial para alcançar padrões internacionais de segurança.

Para a presidente da CTTU, Taciana Ferreira, os dados reforçam o protagonismo do Recife em políticas de mobilidade segura. “Os dados mostram que estamos avançando, mas o desafio da velocidade ainda é grande. Por isso, o Recife segue comprometido em aplicar soluções de engenharia e requalificação urbana que reduzam velocidades e priorizem a vida de pedestres e motociclistas”, afirmou.

De acordo com a Global Designing Cities Initiative (GDCI), parceira técnica da BIGRS, o desenho das ruas influencia diretamente a velocidade dos veículos e, consequentemente, o risco de acidentes. A entidade destaca que um pedestre atropelado a 30 km/h tem até 90% de chance de sobreviver, enquanto a probabilidade cai para 10% a 60 km/h. Além de aumentar o risco de morte, a alta velocidade eleva o ruído, a poluição e o impacto ambiental.

O excesso de velocidade permanece como uma das principais causas de mortes no trânsito, sobretudo em países de baixa e média renda, responsáveis por 92% das vítimas fatais no mundo. A iniciativa recifense se insere em um esforço global para redesenhar vias, readequar limites e salvar vidas, alinhada ao conceito de Sistema Seguro, que reconhece o erro humano, mas busca eliminar as consequências fatais por meio de desenho urbano e gestão inteligente da mobilidade.

 

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