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CRIME

Suspeito de matar jovem em motel no Grande Recife usou dinheiro da vítima para pagar pernoite

Jovem foi encontrada morta em motel, com sinais de esganadura e de violência sexual, na manhã de terça-feira (23). O Diario de Pernambuco teve acesso ao inquérito que apura o feminicídio

Felipe Resk

Publicado: 24/09/2025 às 16:53

Júlia trabalhava como manicure e morava em Olinda. Ela foi encontrada morta em um motel/Foto: Reprodução/Instagram

Júlia trabalhava como manicure e morava em Olinda. Ela foi encontrada morta em um motel (Foto: Reprodução/Instagram)

Djalma Diego Oliveira Deodato, de 25 anos, que está preso preventivamente pelo assassinato da manicure Júlia Ramilly Duarte, de 20, estava com uma moto alugada e usou dinheiro da própria vítima para pagar o quarto de motel em Paulista, no Grande Recife.

A jovem foi encontrada morta, com sinais de esganadura e de violência sexual, na manhã de terça-feira (23). O Diario de Pernambuco teve acesso ao inquérito que apura o feminicídio.

Segundo a investigação, Djalma e Júlia foram juntos ao motel, onde deram entrada de madrugada, por volta das 4h. Pouco mais de três horas depois, às 7h08, o suspeito foi à portaria, pagou R$ 60 pelo quarto e deixou o estabelecimento sozinho.

À Polícia Civil, funcionários relataram que o suspeito chegou a avisar que ainda havia uma pessoa no cômodo, mas precisava dar uma saída e ainda voltaria para o motel – o que não aconteceu.

“Djalma não estava nervoso, permaneceu muito calmo e a declarante não suspeitou de nada”, registra o depoimento uma camareira.

Em interrogatório, o suspeito admitiu que pegou R$ 30 da bolsa da vítima e completou o pagamento com Pix, realizado no seu próprio nome. Ele alegou, no entanto, que “não se recorda de ter matado Júlia”. Também não soube descrever o que aconteceu no quarto.

Feminicídio

O corpo de Júlia foi encontrado pela camareira na suíte de número 6. Funcionária do estabelecimento há dois anos, ela é responsável por ir de quarto em quarto para avisar que a pernoite acabou.

Como ninguém respondia às batidas, a camareira decidiu abrir a porta da suíte. De acordo com o depoimento, o cadáver estava em cima da cama, coberto por um lençol e com um travesseiro em cima. Havia marcas de sangue no local.

A camareira ainda tocou no pé da mulher e começou a chamá-la, sem sucesso. A funcionária, então, decidiu avisar o chefe. “Essa mulher está morta”, teria dito ele, após também tentar interagir. Foi quando os dois acionaram a Polícia Militar (PM).

Investigadores apontam que o corpo apresentava marcas de luta corporal. “A vítima perdeu algumas unhas postiças durante o confronto e veio a falecer por conta da asfixia. O corpo apresentava um corte nos lábios e sinais claros de esganadura”, disse o perito criminal Victor Sá Leitão.

Câmeras de segurança também registraram a entrada e saída de Djalma no estabelecimento. Após levantar a placa da moto, os policiais foram até o endereço do proprietário do veículo.

Tratava-se de um homem de 40 anos que, entretanto, disse ter alugado a moto para Djalma desde o dia 18 de julho. O suspeito pagava R$ 250 por semana para usar o veículo.

O homem também contou que havia rastreador instalado na moto. Com auxílio do equipamento, os policiais conseguiram localizar e deter o suspeito.

Interrogatório

Na delegacia, Djalma disse ser “viciado em drogas” e relatou que havia saído naquela madrugada, por volta das 2h, para comprar cocaína em Pau Amarelo, em Paulista. Ele teria encontrado com Júlia nesse local, de acordo com o interrogatório.

No depoimento, o suspeito afirmou que os dois teriam consumido droga juntos e decidido ir depois ao motel. Ele declarou que nem sequer sabia informar o nome da jovem.

Ao chegarem ao motel, a cocaína já havia acabado e os dois teriam dividido um rivotril, segundo Djalma. “O interrogado se recorda que deitaram de ‘conchinha’ para dormir e, quando acordou, ela estava toda ensanguentada sobre ele”, registra o depoimento.

“O interrogado ficou assustado com a situação, cobriu ela com um lençol, se limpou e foi embora”, diz. O suspeito declarou que não brigou com a jovem. Questionado, também respondeu que não chamou a polícia porque “foi dormir drogado e acordou drogado”.

“O interrogado chegou em casa, trocou de roupa e foi trabalhar”, relata. Segundo depôs, ele estaria no décimo período de Engenharia Elétrica e era seu primeiro dia como funcionário da Prefeitura de Paulista. A gestão nega que o tenha contratado.

O depoimento de Djalma foi prestado na presença de um advogado. O defensor, no entanto, decidiu deixar o caso nesta quarta-feira (24).

Família

Familiares e amigos contestam a versão do suspeito. Segundo uma amiga, ela e Júlia estavam em uma festa, em Pau Amarelo, e decidiram ir embora por volta das 4h.

As duas chamaram corridas por aplicativo. A amiga seguiu primeiro e, ao chegar em casa, tentou contato com Júlia, que não atendeu o telefone. Após verificar o aplicativo, descobriu que a jovem já havia iniciado uma corrida, mas não chegou ao destino.

Julia morava em Rio Doce, em Olinda, também no Grande Recife, e se apresentava no Instagram como especialista em unhas, divulgando os trabalhos que rendiam elogios de clientes.

De acordo com familiares, ela havia conquistado recentemente um emprego e fazia planos para o futuro.

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