"Casal do Milhão": influencers ostentavam luxo e até dinheiro falso em esquema de R$ 70 milhões
Operação "Casal do Milhão" cumpriu mandados em Olinda e Paulista; casal de influenciadores é suspeito de promover cassinos eletrônicos ilegais e rifas fraudulentas. Os dois estão com tornozeleira eletrônica
Publicado: 12/09/2025 às 13:34

Casal do Milhão: alvos de operação, influencers ostentavam luxo e até dinheiro falso em esquema que movimentou R$ 70 milhões (Reprodução/redes sociais)
A Polícia Civil de Pernambuco revelou, nesta sexta-feira (12), que a ostentação exibida por um casal de influenciadores digitais em redes sociais escondia um esquema milionário envolvendo fraudes de rifas e incentivo a jogos de azar, como Jogo do Tigrinho.
Douglas Lima e Clara Melo foram alvos da Polícia Civil, na manhã desta sexta, em uma investigação que apura estelionato, exploração de jogos de azar e lavagem de dinheiro.
Bolsas de grife supostamente falsificadas, carros de luxo financiados e até dinheiro falso eram utilizados como estratégia para convencer seguidores a apostar em cassinos eletrônicos ilegais e participar dessas rifas.
Segundo o delegado Adyr Almeida, titular da Delegacia de Paulista, responsável pelo inquérito, a investigação de 18 meses identificou a movimentação de cerca de R$ 70 milhões nas contas do grupo.
A operação, batizada de Casal do Milhão, foi deflagrada nas cidades de Olinda e Paulista, na Região Metropolitana do Recife, com o cumprimento de cinco mandados de busca e apreensão domiciliar e quatro de monitoramento eletrônico por tornozeleira.
Quem são os influencers
Entre os alvos estavam a influenciadora, Carla Melo Casemiro, com 449 mil seguidores, e seu companheiro Douglas Lima, com cerca de 150 mil seguidores, apontados como principais divulgadores da prática criminosa. Além do casal, três assessores foram encaminhados para a delegacia.
Conforme a Polícia Civil, os investigados faziam parte de uma organização estruturada para exploração de jogos de azar, estelionato e lavagem de dinheiro.
Ostentação
O casal exibia viagens internacionais, carros importados, motocicletas de alto padrão e maços de cédulas de real e dólar, para dar credibilidade à falsa narrativa de enriquecimento rápido.
“Eles utilizavam seus seguidores como fonte de lucro fácil, mostrando ganhos irreais para atrair mais pessoas aos jogos e rifas”, explicou o delegado.
Nas buscas, os policiais apreenderam um carro BMW, motocicletas da mesma marca, outros veículos, além de bolsas, acessórios de grife e um simulacro de arma encontrado na residência do casal.
Ainda segundo a polícia, o influenciador admitiu ser o dono da imitação de arma, alegando que ela era utilizada "apenas para produção de conteúdo humorístico".
Parte dos veículos estava financiada e em atraso, o que reforça a suspeita de que os investigados mantinham uma vida de luxo apenas para aparentar sucesso.
Sem chance
Adyr detalhou que os cassinos eletrônicos promovidos eram programados para que os jogadores perdessem quase sempre, garantindo lucro certo à organização.
Já as rifas, muitas vezes, não eram sorteadas ou tinham resultados manipulados por meio de “laranjas” que simulavam ser os ganhadores.
“Em um ano e meio de investigação, não identificamos nenhuma pessoa que tenha ficado rica com essas apostas. Ao contrário, milhares de vítimas perderam seus recursos acreditando na promessa de ganhos fáceis”, afirmou.
As vítimas relataram prejuízos com pequenas apostas de R$ 10, R$ 15 ou R$ 20, valores que, quando multiplicados pelo grande número de participantes, geravam montantes milionários para os investigados.
Além disso, muitas denúncias apontaram que rifas realizadas pelo casal nunca entregaram os prêmios prometidos, reforçando o indício de fraude.
A Polícia Civil informou ainda que outras 12 pessoas já estão sob investigação, entre operadores financeiros e desenvolvedores das plataformas, mas destacou que mais suspeitos podem ser identificados.
As contas bancárias, bens e ativos relacionados ao grupo foram bloqueados por ordem judicial. Os investigados deverão responder por estelionato e lavagem de dinheiro.
“O ponto de partida desse tipo de fraude é alguém desenvolver o jogo e depois buscar influenciadores para dar publicidade. Esses influenciadores usam seus seguidores como isca, mostrando uma vida de ostentação que não existe. É uma prática criminosa que engana milhares de pessoas”, concluiu o delegado.

