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Pavilhões LGBT garantem inclusão nas escolas e desafiam conservadorismo no desfile cívico de 7 de Setembro

No mundo das bandas marciais, os 15 minutos de desfile representam a consagração de jovens LGBT, que tem no espaço artístico um lugar de expressão pessoal e acolhimento

Marília Parente

Publicado: 07/09/2025 às 15:07

Priscila Tauane, pioneira entre desfilantes trans. /Melissa Fernandes/DP Foto

Priscila Tauane, pioneira entre desfilantes trans. (Melissa Fernandes/DP Foto)

Na manhã deste domingo (7), a bailarina Priscila Tauane do Nascimento encerrou o desfile cívico-militar de 7 de Setembro aos prantos. Sob o sol de meio-dia e, finalmente, “da liberdade, em raios fúlgidos”, ela deixou reluzir as cores da bandeira LGBT que escolheu carregar no próprio figurino, enquanto flutuava ao longo de uma colorida Avenida Mascarenhas de Morais, na Zona Sul do Recife. Priscila é uma mulher trans e foi ovacionada, entre duas fileiras de militares, pelo público presente no evento.

“Isso é incrível. As pessoas estão vendo o que a gente realmente é, independentemente de quem somos”, resume.

Entre os demais desfilantes, Priscila é uma lenda, pioneira na inclusão de pessoas trans no desfile cívico. No mundo das bandas marciais, os 15 minutos de avenida também representam a consagração de jovens LGBT, que tem no espaço artístico um lugar de expressão pessoal, acolhimento e estímulo à permanência nas escolas.

“Já sofri preconceito, isso é comum nas escolas. Às vezes, quem está de fora, vê a banda marcial como algo muito ‘militar’, então ver pessoas como a gente conduzindo o processo torna tudo mais acolhedor”, diz a coreógrafa Lethy Henvery, que se identifica como pessoa não-binária e lidera o pavilhão queer da Escola Estadual Henriqueta de Oliveira, em Jaboatão dos Guararapes.

De acordo com ela, é comum que ex-alunos e pessoas da comunidade peçam para participar do corpo coreográfico da banda escolar. “É um espaço de integração. Temos pessoas cis e trans”, completa.

Ao som de Lady Gaga

Ao som de Lady Gaga, o analista de Recursos Humanos Mark Santos desfila neste ano pela Escola Condessa Maurina, de São Lourenço da Mata. Aos 27 anos, ele participa de desfiles marciais como balizador desde 2008.

“Eu componho banda marcial desde quando era estudante. Ao longo dos anos, fomos quebrando no meio marcial essa coisa de que a baliza só poderia ser feminina. Não tinha balizador, nem a baliza trans”, explica.

Nas bandas marciais, o balizador é o componente responsável por dar vida e concretizar a peça que está sendo tocada. À frente do corpo musical, ele interpreta a música agitando bastões, bem como realizando evoluções e acrobacias.

“A gente conseguiu resistir, continuar e, hoje, as balizas trans são as mais esperadas. Existe um respeito imenso por pessoas como Priscila. A arte e a dançam são como coração de mãe, abraçam todos”, conclui.

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