Médicos e policial civil estão entre os presos na operação contra golpes no DPVAT em Pernambuco
Os médicos são suspeitos de emitir documentos clínicos falsos, incluindo solicitações de sessões de terapia
Publicado: 15/08/2025 às 08:00

De acordo com a Polícia Civil de Pernambuco, as investigações foram iniciadas em março de 2021. (Foto: Divulgação / PCPE)
Médicos ortopedistas e um policial civil estão entre os presos na Operação Sinistro, deflagrada pela Polícia Civil de Pernambuco, na quinta-feira (14). Ao todo, foram decretados 19 mandados de prisão e outros 19 de busca e apreensão em Pernambuco, Paraíba e São Paulo.
O Diario de Pernambuco apurou que o grupo é investigado por atuar em um suposto esquema para fraudar indenizações do Seguro Obrigatório para Proteção de Vítimas de Acidentes de Trânsito (DPVAT), voltado às vítimas de trânsito.
De acordo com a investigação, um dos médicos teria providenciado os laudos dos pacientes, vítimas de acidentes, ao grupo criminoso. No inquérito, uma testemunha afirmou que os prontuários médicos eram de hospitais em Caruaru e Bezerros, ambos no Agreste.
Para a investigação, os médicos são suspeitos de emitir documentos clínicos falsos, incluindo solicitações de sessões de terapia, que, supostamente, seriam pagos pelas seguradoras dos veículos.
Um dos médicos presos na operação foi o ortopedista Pedro Marques dos Santos Júnior, que foi encaminhado ao Centro de Observação Criminológica e Triagem Professor Everardo Luna (Cotel). Em nota, a defesa declarou que o médico é inocente e que tem “confiança na justiça e nas autoridades brasileiras”.
Já o policial civil Severino Evaldo do Nascimento, que foi também foi preso, seria responsável por organizar o registro de boletins de ocorrência, na delegacia de Glória do Goitá, na Mata Norte, que davam início às fraudes. Procurada, a Secretaria de Defesa Social (SDS) não se pronunciou sobre a prisão.
Operação
Segundo a investigação, Jonnathan Nascimento Gomes de Lima, ligado à empresa J&S Assessoria, teria acesso a prontuários de unidades de saúde, o que possibilitava encontrar casos para fraudar o DPVAT. No inquérito, uma testemunha relatou que a empresa ficaria com cerca de 30% das indenizações. A reportagem não conseguiu contato com a defesa.
Os casos inicialmente eram registrados na delegacia de Glória de Goitá, na Mata Norte do Estado, mesmo quando o acidente acontecia a quilômetros de distância. Em seguida, o grupo também seria responsável por falsificar laudos e atestados médicos para aplicar os golpes.
Os mandados da Operação Sinistro foram cumpridos nas cidades do Recife, Carpina, Limoeiro, Paudalho, Gravatá, Santa Cruz do Capibaribe, Belo Jardim, Cachoeirinha, Riacho das Almas, Brejo da Madre de Deus, Arcoverde, Santos, em São Paulo, e Cabedelo, na Paraíba. Duas empresas também tiveram as atividades suspensas e os bens bloqueados.
Para a ação foram empregados 90 Policiais Civis, entre delegados, agentes e escrivães. As investigações foram assessoradas pela Diretoria de Inteligência da Polícia Civil de Pernambuco (DINTE), contando com o apoio operacional da Corregedoria Geral da Secretaria de Defesa Social de Pernambuco e das Polícias Civis dos estados de São Paulo e da Paraíba.

