Diretor de presídio em Petrolina é suspeito de usar propina para fazer "branqueamento de dentes" e pagar plásticas da esposa
O diretor da Penitenciária Dr. Edvaldo Gomes, em Petrolina, é o principal alvo da Operação Publicanos, que apura suposto esquema de corrupção no sistema carcerário
Publicado: 28/08/2025 às 18:39

Alessandro Barbosa (à esquerda) é investigado em um suposto esquema de corrupção na Penitenciária Dr. Edvaldo Gomes (PDEG). Ao lado dele a esposa Ana Paula Lopes (Foto: Reprodução/Polícia Civil)
Alessandro Barbosa Martins de Sousa, diretor da Penitenciária Dr. Edvaldo Gomes (PDEG), em Petrolina, no Sertão, é suspeito de usar dinheiro de propina para fazer “branqueamento de dentes” e pagar cirurgias plásticas da esposa. Os investigados alegam inocência.
Ele e a mulher, Ana Paula Lopes Bezerra, foram alvos da Operação Publicanos, deflagrada na semana passada, contra um suposto esquema de corrupção na unidade. Conforme revelou o Diario de Pernambuco, o casal movimentou R$ 3,3 milhões nos últimos três anos, de acordo com o inquérito. O valor seria incompatível com a renda deles, de R$ 12.385,01 por mês.
Segundo a Polícia Civil, os presos pagavam propina para ter acesso a aparelhos celulares, bebidas alcoólicas e mudanças de pavilhão. Os investigadores afirmam que os valores obtidos ilicitamente eram usados pelo diretor para manter uma “vida de luxo”, que incluía imóveis de alto padrão, joias troca de carros.
“Outro indicativo de despesas de alto padrão de poder aquisitivo foram encontrados nos arquivos do diretor, a partir de fotos e registros de intervenções cirúrgicas plásticas em sua esposa, além de tratamento estético dentário do investigado, conhecido como ‘branqueamento de dentes’, registra o documento.
No inquérito, o estilo de vida de Alessandro é descrito como “opulento” e “extravagante”. “O diretor da PDEG passa a comprar carros cada vez mais caros e atribui aos encarcerados o pagamento das parcelas dos veículos. Até serviços de conserto, realizados nos carros, passam a ser custeados pelos presidiários”, afirma trecho do documento.
Também chamou atenção dos policiais o número de shows e eventos frequentados pelo casal “A entradas recaem sobre festas conhecidas como ‘open bar’, de alto valor (algumas vezes superior a dois mil reais o casal), demonstrando um altíssimo poder aquisitivo”, afirma.
Lavagem
Em e-mails do diretor, interceptados pela investigação, foram encontrados, ainda, registros de compras de armas de fogo, gerador de energia e jogos on-line. Para a Polícia Civil, “o uso de dinheiro ilícito com entretenimento e serviços de alto padrão pode ser considerado lavagem de dinheiro, especialmente se essa utilização visa disfarçar a origem ilegal dos recursos”.
A suspeita da Polícia Civil é de que o diretor “usou dos presidiários como uma fonte extraoficial de financiamento dos seus próprios luxos”.
Também são investigados na Operação Publicanos os policiais penais Vinícius Diego Sousa Colares, que era assessor dele; Ronildo Barbosa dos Santos, chefe dos plantões; Cledson Gonçalves de Oliveira e cinco presos. Todos os agentes públicos foram afastados.
Em nota enviada ao Diario de Pernambuco, a defesa de Alessandro e Ana Paula afirmou que “os valores apontados não condizem com a realidade financeira dos envolvidos, que vivem de forma modesta, com bens financiados”.
Leia o posicionamento completo:
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A defesa de ANA PAULA LOPES BEZERRA, ALESSANDRO BARBOSA MARTINS DE SOUSA e RONILDO BARBOSA DOS SANTOS vem a público esclarecer que, embora a operação tenha sido deflagrada em 19/08/25, o acesso aos autos só foi concedido em 25/08/25, o que inviabiliza, até o momento, uma análise conclusiva sobre as acusações.
O que se observa, preliminarmente, é uma investigação iniciada em desrespeito às garantias constitucionais, sem que os investigados tenham sido ouvidos, e baseada em delações anônimas e conjecturas sem provas. Os valores apontados não condizem com a realidade financeira dos envolvidos, que vivem de forma modesta, com bens financiados.
A exposição pública precoce e infundada compromete a reputação de servidores que há mais de 20 anos atuam com dedicação e sem qualquer mácula funcional. A defesa seguirá firme na missão de corrigir as falhas da investigação e assegurar o respeito ao devido processo legal.
Leia a nota, enviada ao Diario de Pernambuco, da defesa de Vinicius Diego:
A defesa de Vinicius Colares informa que, até a presente data, não foi disponibilizado aos advogados do caso, a integralidade dos elementos colhidos na investigação.
Somente após o acesso a todo o acervo investigativo é que a defesa terá condições de avaliar a proporcionalidade e adequação das medidas já impostas pela justiça em desfavor do nosso constituinte e de outros investigados.
Destacamos que Vinicius Colares nunca respondeu qualquer tipo de procedimento administrativo disciplinar durante o período em que exerce função pública e está confiante que terá êxito na comprovação da sua inocência.

