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Ministério Público instaura procedimento por risco de demissão em massa de obstetras no Imip

Os profissionais afirmam que estão com trabalho em excesso e baixa remuneração

Adelmo Lucena

Publicado: 19/08/2025 às 18:52

A fiscalização, realizada nesta quarta-feira (30), inspecionou os setores de Triagem obstétrica, Centro de parto normal, Pré-parto, Centro obstétrico e Enfermaria do 3° andar do Hospital Geral Pediátrico do IMIP
/Foto:Joao Velozo/ Esp. DP

A fiscalização, realizada nesta quarta-feira (30), inspecionou os setores de Triagem obstétrica, Centro de parto normal, Pré-parto, Centro obstétrico e Enfermaria do 3° andar do Hospital Geral Pediátrico do IMIP (Foto:Joao Velozo/ Esp. DP)

O Ministério Público de Pernambuco (MPPE) instaura um procedimento diante do risco da demissão de 48 médicos obstetras que trabalham na maternidade de alto risco do Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Imip), no bairro dos Coelhos, área central do Recife.

O procedimento foi instaurado na segunda-feira (18) pela 34ª Promotoria de Justiça de Defesa da Cidadania da Capital (Promoção e Defesa da Saúde) após os profissionais assinarem uma carta indicando a intenção de demissão.

No documento, a promotora Helena Capela dá um prazo de cinco dias para que o hospital informe as medidas adotadas para manter o atendimento à população usuária do Sistema Único de Saúde (SUS).

O ofício foi enviado para a diretora-superintendente do Imip, Teresa Campos, considerando a "necessidade de intervenção ministerial para apurar as medidas adotadas pelo poder público para evitar o risco de grave prejuízo à assistência".

Na carta, os profissionais de saúde denunciam o excesso de trabalho, além de dificuldades estruturais e baixa remuneração. O Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe) afirma que os médicos estão sofrendo com a síndrome de burnout, um distúrbio emocional relacionado ao trabalho.

Eles alegaram, segundo o Simepe, que os pedidos são uma “consequência direta da falta de valorização profissional, da sobrecarga de trabalho, das dificuldades estruturais e da baixa remuneração enfrentadas no serviço”.

De acordo com o sindicato, desde o início de novembro de 2024, a entidade “tem realizado assembleias-gerais extraordinárias com a categoria, bem como reuniões com a gestão do Imip” para redimensionar as equipes e equipes e tratar de recomposição salarial.

O Simepe também diz ter notificado o Ministério Público do Trabalho (MPT) e o Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe), “solicitando intervenção imediata”.

O Imip é uma instituição filantrópica e figura entre os principais hospitais de referência do país, preparada para atender casos de alta complexidade. Apenas em 2024, o complexo hospitalar realizou cerca de 5 mil partos e ultrapassou a marca de 1 milhão de atendimentos, incluindo consultas, cirurgias, transplantes e diversos outros procedimentos.

O que diz o Imip

O Imip informou que segue em negociação com o Simepe para atender às demandas apresentadas pelos obstetras da instituição. “Várias medidas já foram implementadas, inclusive o andamento na contratação de novos médicos obstetras, a fim de reforçar a escala”.

O hospital destacou que desconhece notificações de casos de burnout entre a equipe e que a demanda de reajuste salarial é discutida entre o Sindicato dos Hospitais de Pernambuco (SindHospe) e o SIMEPE.

Ao todo, o IMIP possui atualmente 101 ginecologistas e obstetras no quadro. Todas essas iniciativas demonstram o compromisso do Instituto com a valorização profissional e a melhoria da assistência.

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