Muito trabalho e baixo salário: 48 obstetras ameaçam pedir demissão no Imip, diz Sindicato dos Médicos
Em nota oficial, divulgada nesta sexta (15), Simepe manifestou "total apoio e solidariedade" ao movimento dos obstetras que entregaram cartas de intenção de pedido de demissão. Eles atuam na maternidade de alto risco
Publicado: 15/08/2025 às 09:13

A fiscalização, realizada nesta quarta-feira (30), inspecionou os setores de Triagem obstétrica, Centro de parto normal, Pré-parto, Centro obstétrico e Enfermaria do 3° andar do Hospital Geral Pediátrico do IMIP (Foto:Joao Velozo/ Esp. DP)
Referência no atendimento no estado, o Instituto Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Imip), nos Coelhos, na área central do Recife, passa por uma crise com obstetras.
Em nota divulgada, nesta sexta (15), o Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe) manifestou apoio a 48 profissionais que estão ameaçando pedir demissão da unidade de saúde.
Esses médicos atuam na maternidade de alto risco do Imip e entregaram cartas de intenção de pedido de demissão.
Eles alegaram, segundo o Simepe, que os pedidos são uma “consequência direta da falta de valorização profissional, da sobrecarga de trabalho, das dificuldades estruturais e da baixa remuneração enfrentadas no serviço”.
Na nota, o sindicato da categoria afirmou que “manifesta total apoio e solidariedade ao movimento legítimo dos 48 médicos obstetras que atuam na maternidade de alto risco do Imip”.
O Diario procurou o Imip e aguarda o retorno.
Histórico
Ainda segundo o Simepe, desde o início de novembro de 2024, a entidade sindical “tem realizado assembleias-gerais extraordinárias com a categoria, bem como reuniões com a gestão do Imip”.
O objetivo, conforme o Simepe, foi “tratar da urgente necessidade de redimensionamento das equipes e recomposição salarial. Apesar da abertura ao diálogo, não há avanço na negociação”.
Na nota, o sindicato informou, ainda, que, em fevereiro deste ano, houve a contratação de um médico plantonista, apenas para o plantão diurno de segunda a sexta.
“No entanto, a medida está muito aquém da real necessidade do serviço, não atendendo ao que determina os normativos éticos do Conselho de Classe e mantendo a sobrecarga das equipes, que já sofrem com Síndrome de Burnout”.
Providências
O Simepe disse também que “notificou formalmente” o Ministério Público do Trabalho (MPT), o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) e o Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe), “solicitando intervenção imediata”.
Acrescentou que tem a expectativa de que esses órgãos se “mobilizem de forma efetiva para garantir condições dignas de trabalho, bem como assegurar a continuidade e a segurança do atendimento à população pernambucana”.
Enfermeiros
No dia 30 de julho, o Conselho Regional de Enfermagem de Pernambuco (Coren-PE) realizou uma fiscalização no Imip.
A equipe formada por integrantes do Departamento de Fiscalização da autarquia e da Procuradoria Jurídica identificou, entre outros problemas, superlotação nos setores de obstetrícia e déficit no quadro de profissionais de enfermagem.
Na ação, os fiscais do Coren-PE inspecionaram os seguintes setores: Triagem Obstétrica, Centro de Parto Normal, Pré-parto, Centro obstétrico e Enfermaria do 3° andar do Hospital Geral Pediátrico. Na triagem, a equipe contabilizaram 13 pacientes, mas o espaço só tinha cinco leitos.
O pré-parto, disse o Coren-PE, que comportava 17 pacientes, no momento da fiscalização, tinha 28 pacientes e oito recém-nascidos.
Durante a fiscalização, foram coletados relatos de pacientes, que pediram anonimato, apontando demora no atendimento e falta de vagas para internação.

