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Inquérito

Prefeitura de Abreu e Lima contratou traficante, diz investigação

Conhecido como "Vitor Box", o traficante foi favorecido pela milícia paramilitar comandada pelo ex-vereador Rostand Cavalcanti Belém, em Abreu e Lima

Marília Parente

Publicado: 31/07/2025 às 16:05

Por meio de nota, Prefeitura de Abreu e Lima diz que não reconhece o nome

Por meio de nota, Prefeitura de Abreu e Lima diz que não reconhece o nome "Vitor Box" como identificável (Cortesia )

Investigação do Grupo de Operações Especiais (GOE), da Polícia Civil, aponta que a Prefeitura de Abreu e Lima, no Grande Recife, contratou um traficante como funcionário. A informação consta em inquérito que apura a atuação de uma suposta milícia no município.

Segundo o relatório de conclusão de inquérito, ao qual o Diario de Pernambuco teve acesso, o funcionário público seria conhecido como “Vitor Box”. Ele é apontado como um dos donos de bocas de fumo que eram favorecidas pelo grupo paramilitar liderada pelo policial militar e ex-vereador Rostand Cavalcanti Belém.

O PM, que alega inocência, está preso desde o dia 12 de julho. O filho dele e outros seis policiais também foram presos preventivamente, neste mês, após determinação do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE).

Os investigadores obtiveram a informação durante o depoimento de uma testemunha sigilosa. “Rostand oferece vantagens a algumas bocas de fumos, como por exemplo aquela pelo traficante ‘VITOR BOX’, que, inclusive, trabalha na Prefeitura de Abreu e Lima”, registra, em relatório de maio de 2024.

A presença de um suposto traficante na Prefeitura de Abreu e Lima também é destacada em manifestação do Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado (GAECO), do Ministério Público de Pernambuco (MPPE), em 29 de julho de 2024.

Investigações

As investigações concluíram que o grupo criminoso liderado por Rostand extorquia comerciantes da região, exigindo uma "taxa de proteção" semanal aos donos de estabelecimentos, com valores entre R$ 40 e R$ 50. Quem não pagasse a quantia determinada, sofria ameaças e represálias.

A milícia também é investigada por homicídios e desaparecimentos de pessoas que praticavam crimes na região.

Por meio de nota, a Prefeitura de Abreu e Lima disse que não reconhece a alcunha “Vitor Box” como identificável "a qualquer agente público que tenha mantido vínculo com a atual gestão". A gestão municipal informou ainda que "não tinha conhecimento prévio de quaisquer ilícitos eventualmente praticados por ex-servidores com esse nome no período investigado".

Segundo a prefeitura, não houve qualquer solicitação anterior dos órgãos competentes que permitisse identificar irregularidades funcionais envolvendo o nome citado. "Reafirma-se, por fim, o compromisso do Município de Abreu e Lima com a transparência, a legalidade e a plena colaboração com as autoridades responsáveis pela apuração dos fatos", conclui o posicionamento. 

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