MPPE detalha denúncia contra delegado que atirou em ambulante em Fernando de Noronha
O delegado Luiz Alberto Braga de Queiroz, de 37 anos, foi denunciado por tentativa de homicídio qualificado e omissão de socorro
Publicado: 16/06/2025 às 13:29

Momentos antes do delegado Luiz Braga atirar em Emmanuel (Foto: Reprodução/Redes Sociais)
O Ministério Público de Pernambuco (MPPE) denunciou o delegado Luiz Alberto Braga de Queiroz, de 37 anos, por tentativa de homicídio duplamente qualificado e omissão de socorro. Ele é acusado de ter baleado o ambulante Emmanuel Pedro Gonçalves Apory, de 26, em Fernando de Noronha, em 5 de maio. Por conta do ferimento, a vítima teve uma perna amputada. Para a defesa, a denúncia é um “absurdo infundado”.
Na denúncia, obtida pelo Diario de Pernambuco, o promotor Fernando Cavalcanti Mattos, da Comarca de Fernando de Noronha, afirma que o crime foi motivado por motivo torpe (ciúmes) e com recurso que dificultou a defesa da vítima. A acusação foi apresentada neste domingo (15) e ainda será apreciada pelo Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE).
O crime aconteceu durante uma discussão em uma festa, na ilha. O delegado Luiz Alberto Braga alegou que Emmanuel estaria assediando a sua namorada e foi tomar satisfações. Em meio a briga, o policial sacou a arma e atirou.
“A versão de assédio, provocação, abuso e importunação que teria sido praticada pela vítima, trazida pelo casal, não se sustenta confrontada com todas as declarações, fotos e filmagens que integram o Inquérito Policial”, afirma o promotor, na denúncia.
Denúncia
A denúncia traz o depoimento de oito testemunhas. Segundo elas, o primeiro contato de Luiz Alberto com a vítima ocorreu em 3 de maio, em uma academia em Noronha.
Na ocasião, Emmanuel teria se apresentado à namorada do delegado e demonstrado interesse em se consultar com a mulher, que é nutricionista. De acordo com os relatos, eles teriam trocado número e, para confirmar o telefone, Emmanuel teria enviado uma mensagem.
Já na noite do dia 4, durante um evento, Luiz Alberto e a mulher estavam com amigos na festa. O delegado afirmou ter visto Emmanuel exibindo a rede social de sua namorada para conhecidos.
Segundo relata, o perfil tem “fotos do seu trabalho e pessoais, a exemplo de traje de biquíni, com clara demonstração de provocação ao declarante”. À Polícia, o delegado declarou que comentou com a parceira, que teria respondido: “Este macho escroto até mensagem está enviando para mim”.
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Baleado
Conforme o inquérito, o delegado agrediu Emmanuel quando ele estava a caminho do banheiro. “Assim, Luiz Alberto iniciou o confronto buscando intimidar e desmoralizar o oponente, deslocando-o energicamente para um canto, estapeando o seu peito e apontando o dedo no seu rosto”, relata a denúncia.
A investigação concluiu que a ação provocou uma “reação física da vítima, que teria sido usada pelo delegado como justificativa para legitimar a agressão”. Após balear o ambulante, Luiz Alberto teria, também, fugido da cena do crime e deixado a vítima “em sangramento ativo e abundante”.
“Só não chegou a óbito por conta dos procedimentos de contenção e estanque de sangue, com uso improvisado de torniquete realizado por um ilhéu”, conclui a Polícia Civil, no inquérito.
Ao apresentar a denúncia, o MPPE solicitou ainda o afastamento do cargo do delegado, o recolhimento de suas armas de fogo e a suspensão dos seus direitos políticos.
O que diz a defesa de Luiz Alberto
Por meio de nota, o advogado do acusado, José Augusto Branco, declarou que a denúncia é um “absurdo que jamais se sustenta na Justiça”.
“Nada mais do que a visão distorcida do Promotor de Justiça, que antes da apuração já se pronunciou neste sentido”, disse. “Ou seja, o Promotor inventa tese acusatória fugindo da lei e do ordenamento legal, para aparecer perante a opinião pública”.

