O Recife que pedala: 82% dos ciclistas usam bike para ir ao trabalho
Pesquisa desenvolvida pela Ameciclo e divulgada este ano mostra que os ciclistas utilizam suas bicicletas, principalmente, para ir para o trabalho
Publicado: 03/06/2025 às 20:12

Ciclistas estão expostos a insegurança no trânsito e na violência (Foto: Marina Torres/DP Foto)
Celebrado nesta terça-feira (3), o Dia Mundial da Bicicleta é marcado pelas conquistas e desafios por trás desse meio de transporte que tem marcado presença, cada vez maior, pelas ruas do Recife. Um dos fatos significativos é que, entre os ciclistas da capital, 82% deles usam o veículo para se locomover para o trabalho.
É isso que mostra o mais recente Relatório de Evolução do Perfil Ciclista (2015-2024), elaborado pela Associação Metropolitana de Ciclistas do Recife (Ameciclo) em parceria com a Associação Transporte Ativo. Ainda segundo a pesquisa, 41% dos usuários pedala por lazer; 35% para compras e 33% para ir para a escola ou faculdade.
A relação dos ciclistas com o uso para o trabalho vem se mantendo estável ao longo dos anos (85% em 2015 e 2018, e 82% também em 2021). Além disso, o uso da bicicleta para ir à escola ou faculdade tem crescido, passando de 12% em 2021 para 33% em 2024, o maior percentual já registrado na série histórica.
O levantamento ainda destaca que o uso das bikes não é determinado pela condição econômica. Independentemente da renda, os usuários afirmam que preferem pedalar devido à praticidade e rapidez. O uso da bicicleta fica sempre acima de 46% em todas as faixas de renda.
Entre quem ganha até um salário mínimo, 47% escolhem a bicicleta por ser mais rápida e prática, enquanto 23% a escolhem por ser mais barata. Na faixa de um a dois salários mínimos, a praticidade sobe para 55%, e o fator econômico cai levemente para 21%. Já entre quem ganha de dois a cinco salários mínimos, 50% priorizam a rapidez e 26% a saúde, mostrando que o bem-estar começa a ter peso importante nesse grupo.
No topo da faixa de renda, aqueles que recebem mais de cinco salários mínimos praticamente abandonam o critério financeiro (apenas 4% dizem que é mais barata) e passam a valorizar principalmente a saúde (35%) e a praticidade (46%).
Os dados mostram que as motivações para pedalar também estão diretamente relacionadas com a faixa etária. Crianças e adolescentes até 14 anos têm unanimidade: 100% dizem pedalar porque a bicicleta é mais prática e rápida. Além disso, 50% dos jovens de 15 a 24 anos concordam com a praticidade deste tipo de transporte. Aqui, o uso da bicicleta surge por motivo econômico: 30% usam a bicicleta porque é mais barata.
A faixa mais representativa do ciclismo em Recife, de 25 a 34 anos, também prioriza a praticidade (58%), mas aqui a saúde começa a ganhar importância (21%). Conforme a idade avança, o cuidado com a saúde passa a ser ainda mais relevante. Na faixa dos 45 a 54 anos, 32% usam a bicicleta porque ela promove mais saúde, índice que sobe para 38% na faixa de 55 a 64 anos. Apesar disso, em todas essas faixas a praticidade continua sendo o principal motivo, sempre acima de 48%.
Entre os ciclistas com 65 anos ou mais, o cenário volta a se aproximar dos mais jovens: 40% apontam a praticidade e 30% destacam o fator econômico.
A pesquisa também levantou informações sobre o que faria os usuários utilizarem as bicicletas com mais frequência. Em 2024, 64% das pessoas disseram que mais e melhores ciclovias, bicicletários e sinalização os fariam pedalar mais. Este número vem crescendo desde 2015 (quando era 47%).
“Percebe-se que a variável ‘infraestrutura adequada’ para ciclistas sempre se destaca e teve maior valor na última pesquisa de 2024”, ressalta o documento. Isso indica, diz ainda o texto, que o aumento da infraestrutura cicloviária no Recife não diminui a participação dessa variável como fundamental para que as pessoas possam pedalar com mais frequência.
Outro fator é a segurança e a educação no trânsito, citada por 29% a 33% dos ciclistas. Já questões como segurança pública (crimes, roubos) e arborização das vias aparecem com menos de 10% de relevância.

