CHINA
Partido Comunista da China celebra centenário entre bandeiras
Publicado em: 01/07/2021 09:52
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Dezenas de milhares de espectadores cuidadosamente escolhidos,aplaudem a passagem da bandeira gigante na imensa Praça da Paz Celestial (Tiananmen) (Foto: AFP/Divulgação) |
Uma bandeira cruza o céu de Pequim, adornada com a foice e o martelo. No início de um desfile aéreo, o símbolo não poderia ser mais claro: o Partido Comunista, comemorando seu centenário, quer continuar a guiar o destino da China.
Dezenas de milhares de espectadores cuidadosamente escolhidos, reunidos na imensa Praça da Paz Celestial (Tiananmen), aplaudem a passagem da bandeira gigante, carregada por um helicóptero.A cerimônia de aniversário de 100 anos do Partido Comunista da China (PCC), no poder ininterruptamente desde 1949, acaba de começar.
O evento é uma ocasião para o regime chinês exibir suas conquistas, desde sua fundação clandestina, em julho de 1921, em Xangai, na antiga concessão francesa.
O presidente Xi Jinping, com um discurso patriótico, enfatiza que a China, ao se tornar uma grande potência, nunca mais se deixará "oprimir" por outros países, como na era do colonialismo ocidental ou da invasão japonesa (1931 - 1945).
Para este centenário, as autoridades chinesas, especialistas em gestão de multidões, planejaram uma encenação em grande estilo.Após o voo da bandeira, surge no céu o número "100", formado por cerca de trinta helicópteros. Em seguida, aparecem os caças e, em seguida, uma patrulha acrobática que deixa um rastro multicolorido sobre a capital chinesa.
Tapete vermelho
A Praça Tiananmen e seus 440.000 metros quadrados foram atravessados por um imenso tapete vermelho, sobre o qual militares das três armas avançam com passo marcial, impecavelmente alinhados.Quando 100 tiros de canhão são disparados, os homens hasteiam a bandeira em um mastro instalado em frente ao Portão da Paz Celestial. Na tribuna, onde o fundador do regime, Mao Tzé-Tung, proclamou a República Popular, falará Xi Jinping.
No poder desde o final de 2012, Xi se vestiu para a ocasião com o traje revolucionário, chamado de "traje Mao", e se coloca ao lado de um retrato gigante do ex-líder. Os dois homens aparecem vestidos com o mesmo tecido cinza claro.
Posicionando-se como herdeiro de Mao, o atual líder chinês confia nessa figura tutelar, ainda reverenciada por muitos chineses, para estabelecer sua autoridade.
Mas deve silenciar, ao mesmo tempo, as dezenas de milhões de vítimas das políticas incertas do fundador do regime (Grande Salto Adiante, Revolução Cultural) ou as vítimas da repressão das manifestações pró-democracia de 1989 na mesma Praça da Paz Celestial.
O secretário-geral do PCC inicia seu discurso com um tom lento e sério.
"Camaradas, queridos amigos...": intercala o seu discurso com referências comunistas e afirma que o marxismo continua a ser a bússola do país, apesar das reformas radicais realizadas nos últimos 40 anos graças à economia de mercado.
O discurso dura mais de uma hora. A multidão, que se levantou no meio da noite para comparecer à cerimônia e passou por inúmeros pontos de controle, parece cochilar. Mas o presidente sabe forçar a voz para provocar aplausos.
O vento aumenta e a chuva vem. As pessoas vestem, como um só homem, a capa de chuva vermelha que lhes foi dada.
Mas o sol retorna no final do discurso, e então a Internacional explode, antes que pombas e balões multicoloridos sejam soltos.
A multidão agita suas bandeiras e se separa cantando em coro a popular canção "Ode à pátria".
Um jovem de 25 anos, que se recusa a dizer o seu nome, declara-se entusiasmado com a cerimônia, até porque é membro do Partido há apenas um ano.
"Tenho orgulho de ter nascido em nosso tempo", disse à AFP.
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