Prefeitura de Ipojuca repassou mais de R$ 7 milhões para associação investigada por desvio de emendas
Prefeitura realizou dez empenhos para a IGPN em 2024
Publicado: 28/10/2025 às 17:10
Sede da Prefeitura de Ipojuca. (Foto: Divulgação/Prefeitura de Ipojuca)
A Prefeitura de Ipojuca, no Grande Recife, pagou mais de R$ 7,4 milhões à empresa Instituto de Gestão em Políticas Públicas do Nordeste (IGPN), em 2024, segundo dados do Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco (TCE-PE). A associação é um dos alvos da operação Alvitre, da Polícia Civil, que apura um suposto esquema de desvio de emendas parlamentares.
Ao todo, a Prefeitura realizou dez empenhos para a IGPN, com valores que variam de R$ 405.000,00 a R$ 1.018.167,69. A descrição dos empenhos indica que os valores seriam para o Projeto Preamar, de saúde integral, com o objetivo principal de reorganizar e qualificar o cuidado aos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS), com a necessidade de cuidado em saúde mental.
Pelos dados do TCE-PE, a modalidade dos empenhos está registrada como "Transferências a Instituições sem Fins Lucrativos". A fonte dos recursos é descrita como “Recursos não Vinculados de Impostos”.
Com sede em Catende, na Mata Sul de Pernambuco, a IGPN é uma das empresas apontadas como de “fachada” investigação da Polícia Civil e do Ministério Público sobre desvio de emendas parlamentares na Câmara Municipal de Ipojuca.
Segundo a investigação, as empresas não teriam estrutura ou competência técnica para executar projetos contratados pelo Legislativo municipal. Além da IGPN, também é investigada a Associação de Skate de Pernambuco, de Paulista, no Grande Recife.
Operação Alvitre
Três pessoas foram pessoas na operação, sendo duas advogadas e uma mulher que tinha ligação com uma instituição de ensino citada no esquema. A suspeita é de que as advogadas atuassem fraudando documentos importantes para as transações financeiras.
Dos 13 vereadores de Ipojuca, nove destinaram emendas impositivas para o IGPN. Números divulgados pela Polícia Civil mostram que em 2022, foram destinados R$ 2,28 milhões, enquanto em 2025 os repasses saltaram para R$ 25 milhões.
Segundo o delegado Ney Luiz Rodrigues, titular da Delegacia de Porto de Galinhas, ainda havia investigados foragidos, que seriam os gestores das empresas, incluindo o possível líder do esquema. Eles teriam sido alertados antes de a operação ser deflagrada e conseguiram fugir.
O Diario de Pernambuco apurou que Gerailton Almeida da Silva, possível líder do esquema criminoso e diretor do IGPN, e Gilberto Claudino da Silva Júnior, gestor de uma faculdade em Ipojuca, teriam “evadido” entre 22h e 0h do dia 1º de outubro.
De acordo com a investigação, o IGPN recebia os recursos da Prefeitura de Ipojuca e, por não ter condições de cumprir com os serviços, delegava funções para que as demais investigadas realizassem cursos.
“A Rede Vhida e essa faculdade foram investigadas e nas diligências verificamos que os eventuais cursos que foram pagos pela prefeitura, não eram realizados. Quando eram, eram superfaturados”, detalhou Ney Luiz.
Procurada, a Prefeitura de Ipojuca destacou em nota que a operação teve como foco exclusivo as emendas impositivas executadas pela gestão anterior, concluída em 2024.
“A atual gestão está tomando medidas para reforçar a transparência e assegurar a correta aplicação dos recursos, incluindo a regulamentação, por meio de decreto, da utilização de emendas parlamentares impositivas, que são o foco da investigação em questão”, declara.
A gestão anterior, da ex-prefeita Célia Sales (PTB) foi procurada, mas não respondeu até a conclusão da reportagem.
O Diario não conseguiu localizar os responsáveis pela IGPN.