Defesa de Bolsonaro pede anulação da delação de Cid: "Não é confiável"
Advogado do ex-presidente Bolsonaro acusou o delator de ser "contraditório e omisso"
Publicado: 03/09/2025 às 11:25

Julgamentos da Ação Penal 2668 - Núcleo 1. Celso Sanchez Vilardi, defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (Fotos: Rosinei Coutinho/STF)
O advogado Celso Vilardi, que defende o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no julgamento do núcleo 1 da trama golpista no Supremo Tribunal Federal (STF), pediu a anulação da delação premiada do ex-ajudante de ordens da presidência, o tenente-coronel Mauro Cid. O defensor acusou o delator de ser “contraditório e omisso”, e de ter “colocado sua voluntariedade em xeque” ao afirmar que foi coagido em seu interrogatório.
“O que está se pretendendo aqui é reconhecer uma parcial falsidade da delação e ainda assim fazer um aproveitamento dela diminuindo a pena [de Cid]. Não é isso que diz o legislador. A quantidade de pena é em relação à quantidade de colaboração e das provas que o colaborador traz para sustentar uma eventual condenação. Omissão ou contradição é algo que deve anular a colaboração”, afirmou Vilardi.
“Alguém chamou a delação de uma jabuticaba. Não é uma jabuticaba. É muito mais grave, porque a jabuticaba existe aqui no Brasil. A delação da forma como está sendo proposto nas alegações finais do Ministério Público não é uma jabuticaba, é algo que não existe nem aqui, nem em nenhum lugar do mundo”, acrescentou.
O advogado apontou que Mauro Cid mudou sua versão “diversas vezes nos 16 depoimentos, o relatório do Ministério Público aponta inúmeras contradições e omissões”.
“Além disso, há uma conversa em que ele relata a delação a terceiros. Diz que foi dirigido, que foi induzido, que não tinha golpe por parte de Bolsonaro, mas que a autoridade queria conduzir a isso”, complementou o advogado.
Vilardi disse, ainda, que o tenente-coronel estava por trás do perfil falso nas redes sociais que vazou detalhes da delação premiada.
“A Meta [proprietária do Instagram] mandou de onde vieram os códigos dos computadores de quem abriu o perfil falso tratando de delação. Foi um advogado do processo, utilizando um email que pertence ao colaborador [Mauro Cid] há mais de 10 anos. Mensagens vieram do condomínio do colaborador. A senha e perfil estão no celular dele, que foi apreendido”, declarou.
“Isso mostra que esse homem não é confiável”, disparou Vilardi.
Segundo o advogado, provas importantes na acusação da procuradoria-geral da República (PGR) foram retiradas diretamente das delações de Mauro Cid. Agora, assim como o delator, elas estariam “desmoralizadas”.
“Estou ouvindo na imprensa que a prova independe do colaborador, mas ele era importante antes de ser desmoralizado. Agora, foi pego na mentira pela enésima vez e rompeu a delação formalmente. Mentiu e colocou sua voluntariedade em cheque”, pontuou Vilardi.
“Da onde surge a questão da prisão do ministro Alexandre de Moraes? Do depoimento. A denúncia reproduz isso, que ‘confirmou o ajuste realizado por Jair Bolsonaro na minuta que mantinha prisão de Moraes’. O tal ‘enxugar a minuta’ é do delator. Não dá para dizer que ele não tem importância”, complementou.

