Apesar de ter mulheres cotadas, João não deve priorizar gênero na escolha de vice para 2026
Aliados do prefeito argumentam que atual gestão estadual tem sido mal avaliada apesar de a governadora e a vice serem mulheres
Publicado: 06/08/2025 às 17:31

Prefeita de Serra Talhada, Márcia Conrado; deputada federal Iza Arruda; e ministra Luciana Santos estão entre os nomes ventilados para ser vice de João Campos em 2026 (Fotos: Divulgação; Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados; Luara Baggi/ASCOM MCTI)
Apesar de ter nomes de mulheres cotados para vice, a chapa do prefeito do Recife, João Campos (PSB), não deve priorizar a questão de gênero para a disputa ao governo de Pernambuco em 2026.
O prefeito ainda não oficializou a pré-candidatura, mas é tratado como nome natural do PSB para enfrentar a governadora Raquel Lyra (PSD) nas próximas eleições.
Nos bastidores, três mulheres aparecem como possíveis candidatas à vice de João: a prefeita de Serra Talhada, Márcia Conrado (PT); a deputada federal Iza Arruda (MDB), e a ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos (PCdoB). Oficialmente, o PSB nega que a construção da chapa esteja sendo feita faltando mais de um ano para as eleições.
Ao Diario de Pernambuco, no entanto, interlocutores do prefeito afirmaram que João está aberto a sair candidato ao lado de outro homem, assim como aconteceu no Recife em 2024, quando optou por Victor Marques (PCdoB), atual vice-prefeito.
Paridade de gênero
A equidade de gênero foi prioridade para João na sua primeira eleição a prefeito da capital, em 2020, quando enfrentou a prima Marília Arraes (Solidariedade). Na ocasião, ele tinha como vice Isabella de Roldão (PDT), reacomodada posteriormente para a Secretaria de Trabalho e Qualificação Profissional.
Segundo aliados do prefeito, um dos principais argumentos para deixar de priorizar a questão de gênero nas eleições de 2026 é que a atual gestão estadual tem sido mal avaliada apesar de a governadora e a vice Priscila Krause (PSD) serem mulheres.
Internamente, o grupo também acredita que a falta de paridade de gênero não representaria um revés significativo na popularidade de João, que conseguiu votação histórica no Recife em 2024, mesmo tendo preterido sua antiga vice.
Essa opção facilitaria, ainda, a acomodação de aliados na chapa. Com apenas duas vagas para o Senado Federal, a vice pode ser utilizada para firmar aliança com outros partidos de grande porte que ainda não aderiram à Frente Popular, como o PP, que atualmente está na base de Raquel Lyra mas já acena ao prefeito.
Mulheres cotadas
Entre os nomes ventilados, o de Márcia Conrado é o mais citado por aliados do prefeito. Reeleita em Serra com apoio de Raquel, a petista rompeu relações com a governadora e integra a base do socialista desde março.
O racha com Raquel teria sido motivado pela indicação de Miguel Duque, filho do deputado estadual Luciano Duque (Solidariedade), ex-padrinho político e atual adversário da prefeita, para a presidência do Instituto Agronomico de Pernambuco (IPA).
Já a aproximação de Márcia Conrado com o socialista aconteceu tanto pela diretiva do PT de manter apoio a ele, quanto por costura de Marília Arraes, que seria a autora da ideia de lançá-la à vice de João. Já Marília deve disputar uma das vagas ao Senado na chapa do primo contra Humberto Costa (PT), Miguel Coelho (UB), Silvio Costa Filho (Republicanos) e – possivelmente – Eduardo da Fonte (PP).
Vale ressaltar que o vice-prefeito de Serra Talhada, Faeca Melo (Avante), compõe o grupo político de Raquel. Caso Márcia deixe o cargo para disputar o governo com João, poderia entregar a prefeitura à oposição.
Iza Arruda é outra possibilidade discutida no âmbito estadual. Sua indicação deixaria o MDB ainda mais próximo de João. O partido já teve sua participação reforçada no secretariado do segundo mandato do prefeito recifense.
Além disso, o grupo político que apoia o prefeito da capital pernambucana saiu vitorioso das eleições internas do MDB, comandada no Estado por Raul Henry, que é secretário de Relações Institucionais do Recife, e o socialista intensificou sua participação em atos da legenda.
Oficialmente, no entanto, Iza é apontada pelo partido como candidata à reeleição na Câmara Federal no próximo ano. A estratégia foi reforçada pelo seu pai, o prefeito de Vitória de Santo Antão, Paulo Roberto (MDB).
Já a ministra Luciana Santos é uma possibilidade ventilada em Brasília, mas que não ganhou repercussão entre os quadros do PSB. A ex-vice-governadora de Pernambuco tem defendido a manutenção de Geraldo Alckmin (PSB) na vice de Lula para a reeleição – uma das condições de João Campos para oferecer palanque ao petista em 2026.
Nessa hipótese, a chapa repetiria a aliança entre PSB e PCdoB que comandou o Estado entre 2019 e 2023. À época, o governador Paulo Câmara, no segundo mandato, tinha a própria Luciana como vice. Hoje, a dobradinha também administra o Recife, com João e Victor Marques.

