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Política
GOLPE

Bolsonarismo passa por momento delicado com julgamento no STF

Cientista político avalia que o "capital da direita" está fragilizado e o caminho viável para disputa de 2026 pode ser se afastar de Bolsonaro

Mariana de Sousa

Publicado: 31/08/2025 às 22:00

O ex-presidente Jair Bolsonaro comparece a uma sessão do Supremo Tribunal Federal para depor para o interrogatório presencial dos acusados da tentativa de golpe de Estado em 8 de janeiro de 2023/Foto: Evaristo SA /AFP

O ex-presidente Jair Bolsonaro comparece a uma sessão do Supremo Tribunal Federal para depor para o interrogatório presencial dos acusados da tentativa de golpe de Estado em 8 de janeiro de 2023 (Foto: Evaristo SA /AFP)

O momento político para o ex-presidente Jair Bolsonaro e o bolsonarismo é delicado, analisam especialistas. Apesar de a direita ainda trazer uma narrativa que apresenta o ex-gestor como candidato em 2026, o cientista político Adriano Oliveira avalia que, diante do isolamento de Bolsonaro e de uma possível condenação no julgamento da tentativa de golpe de Estado, o “capital da direita” está fragilizado e restam duas direções para as estratégias de 2026: caminhar com o ex-presidente ou passar pelo processo de desbolsonarização.

Oliveira ainda afirma não enxergar possibilidade alguma de absolvição de Bolsonaro, consequentemente, não existindo mais estratégias e narrativas a serem usadas em uma candidatura do ex-presidente em 2026.

“As instituições resistiram a todas as tentativas de pressão que poderiam redundar em algum benefício ao ex-presidente. Já existe uma variável constante e um cenário real consolidado”, afirma.

“Até o momento, Romeu Zema (governador de Minas Gerais), Tarcísio de Freitas (governador de São Paulo), Ratinho Júnior (governador do Paraná) e Ronaldo Caiado (governador de Goiás), insistem na bolsonarização, inclusive já disseram que são favoráveis à anistia de Bolsonaro. E como as pesquisas têm mostrado, existe um público favorável à prisão do ex-presidente”, complementa. Ainda de acordo com o especialista, o candidato da direita que for indicado pelo ex-presidente, levará a sua rejeição.

No entanto, segundo Oliveira, ainda há tempo para a “desbolsonarização” da direita, uma decisão que precisaria ser tomada “o mais rápido possível”, mas para a qual não parece haver disposição de partidos como o PP, União Brasil ou dos próprios governadores apontados como pré-candidatos. Adriano especula que em um cenário no qual a direita decida seguir sem Bolsonaro, “o eleitor que não gosta de Lula e de Bolsonaro poderá se identificar e votar em seu candidato (da direita)".

“A única chance, ao meu ver, da direita a ganhar a eleição em 2026 contra Lula, é se vier ‘desbolsonarizada’, deixando bem claro que o Brasil pode ter mais futuro sem a disputa Lula e Bolsonaro”, analisa.

Cenários para 2026
Diante deste contexto, de acordo com especialista, dois cenários se apresentam para a corrida eleitoral da direita em 2026: no primeiro, Bolsonaro decidirá o candidato, uma vez que ele mesmo não poderá concorrer, pois está inelegível até 2030.

“Não será, ao meu ver, um candidato desses, Zema, Caiado, Ratinho Júnior ou Tarcísio. Será um candidato da extrema confiança de Bolsonaro, como o Michele Bolsonaro, um dos filhos e até, possivelmente, Silas Malafaia”, aponta.

No segundo cenário, de acordo com o cientista político, se a direita decidir caminhar sem Bolsonaro, o governador de São Paulo, Tarcisio de Freitas, ou outro governador, se colocaria em condições de ser competitivo, “com chance de vir a ganhar a eleição”.

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