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Política
Eleições 2026

Em alta nas redes, Jones Manoel é sondado por partidos para disputar eleição de 2026

Expulso do PCB em 2023, youtuber comunista Jones Manoel quer ser candidato a presidente, mas precisa de uma legenda que abrace seu grupo e agenda política

Guilherme Anjos e Marília Parente

Publicado: 26/08/2025 às 16:17

Historiador e youtuber comunista Jones Manoel. Ao seu lado, o pré-candidato ao governo de Pernambuco pelo PSOL, Ivan Moraes/Foto: Keise Nascimento/Secom PSOL-PE

Historiador e youtuber comunista Jones Manoel. Ao seu lado, o pré-candidato ao governo de Pernambuco pelo PSOL, Ivan Moraes (Foto: Keise Nascimento/Secom PSOL-PE)

Apontado como a figura política que mais cresceu nas redes sociais, o youtuber e historiador comunista Jones Manoel (ex-PCB) entrou no radar de partidos de esquerda como um nome competitivo para disputar as eleições de 2026. O PSOL, que vive atualmente uma carência de novos quadros em Pernambuco, é uma das legendas interessadas.

Nesta semana, um levantamento da Palver, empresa que monitora plataformas digitais, apontou que Jones Manoel foi o político que mais cresceu nos últimos 90 dias, com mais de 1 milhão de novos seguidores. O resultado é superior ao do deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) e até do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Sem nunca ter exercido um mandato, Jones vem despontando como uma promessa política da esquerda devido às suas participações em debates contra conservadores e figuras da direita, como os políticos Kim Kataguiri e Fernando Holiday, e o influenciador Wilker Leão.

O aumento do interesse em torno de Jones foi registrado nas pesquisas do Google em julho, quando ele viralizou ao debater com 20 conservadores em vídeo. Seu nome alcançou uma nova alta no último dia 8, quando teve seus perfis em redes sociais deletados.

Ele foi candidato ao Governo de Pernambuco em 2022 pelo PCB, mas acabou sendo expulso do partido no ano seguinte, após racha. Hoje, ele faz parte de um grupo político autointitulado Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR), ainda sem status de partido.

Partido

Ao Diario de Pernambuco, o comunista afirma ter pretensão de disputar a presidência da República em 2026. Como a oficialização do PCBR seria inviável para a próxima eleição, ele precisaria que uma sigla adote o grupo, em um processo chamado de “filiação democrática”.

Um dos possíveis entraves, no entanto, é que o partido “hospedeiro” teria que aceitar toda a agenda ideológica do grupo – inclusive, as críticas ao governo Lula, o que dificultaria a aproximação com diversas alas da esquerda.

“Muita gente está me chamando para conversar, diversos partidos, deputados, vereadores, federações políticas. Meu celular não para de tocar. Mas o debate da tática eleitoral vai ser construído com o PCBR. Eu posso ouvir propostas, mas a decisão é coletiva que garanta o espaço para fazer um debate crítico, radical e marxista sobre os problemas de Pernambuco e do Brasil", afirma Jones.

A definição de qual partido o PCBR deve se filiar para as eleições de 2026 deve ser feita nos próximos dois meses, de acordo com o comunista. O cargo que deve disputar no pleito também está em discussão. Para aliados, ele deveria concorrer à Câmara Federal.

PSOL

Uma legenda que já iniciou diálogo em Pernambuco foi o PSOL. No dia 14, ele esteve reunido com o pré-candidato ao governo de Pernambuco pela legenda, Ivan Moraes, para discutir comunicação política e eleição. A aproximação ainda é preliminar.

“Jones precisa estar nas próximas eleições. É um ‘quadraço’ e vem fazendo um trabalho de sensibilização muito importante”, comentou Ivan Moraes, ao ser questionado sobre a aproximação com o youtuber.

Nos bastidores, entretanto, lideranças psolistas ainda não vêem Jones como presidenciável para 2026. Ele é considerado “ideal” para compor chapa e disputar vaga de deputado federal, justamente como um contraponto a parlamentares midiáticos como Nikolas Ferreira.

Questionado sobre a possibilidade, o youtuber também não fecha as portas. “O PSOL é um partido de correntes. Tem setores mais alinhados ao governo Lula e setores mais independentes. Todo e qualquer acordo político que venhamos a ter passa pela garantia da liberdade de colocar nossa linha política. Isso é inegociável”, diz.

Na semana passada, ele também se encontrou com a deputada estadual Dani Portela (PSOL), que acusa a diretoria do partido de perseguição política e está de saída para o PT.

Oficialmente, a agenda foi para tratar dos ataques que Jones tem sofrido de grupos neonazistas, já que a parlamentar preside a Comissão de Cidadania, Direitos Humanos e Participação Popular (CDHPP) da Assembleia Legislativa (Alepe).

É improvável que o PT interesse a Jones pela sua postura crítica ao governo Lula, mas uma aproximação com Dani Portela também poderia dificultar uma ida ao PSOL.

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