° / °

Política
Alepe

Após denúncia de deputada, CPI da Publicidade deve mirar perfis que atacam oposição ao governo

Deputados de oposição acusam o governo do Estado de utilizar dinheiro público para coordenar ataques a adversários de Raquel Lyra nas redes sociais

Guilherme Anjos

Publicado: 19/08/2025 às 18:26

Os deputados governistas aproveitaram a instalação da CPI da publicidade na Assembleia Legislativa, nesta terça-feira (19),para revelar que Diogo Moraes, Waldemar Borges e Júnior matuto continuam filiados ao PSB/Foto: Blog Dantas Barreto

Os deputados governistas aproveitaram a instalação da CPI da publicidade na Assembleia Legislativa, nesta terça-feira (19),para revelar que Diogo Moraes, Waldemar Borges e Júnior matuto continuam filiados ao PSB (Foto: Blog Dantas Barreto)

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), instalada na Assembleia Legislativa (Alepe) nesta terça-feira (19) para investigar contratos de publicidade da gestão Raquel Lyra (PSD), deve focar no suposto uso de dinheiro público para perfis que atacam opositores do Governo de Pernambuco nas redes sociais. O governo nega e diz que a publicidade institucional segue critérios técnicos.

A existência de um suposto “gabinete do ódio”, como os parlamentares de oposição têm se referido à rede de perfis, foi denunciada pela deputada estadual Dani Portela (PSOL) dias após o pedido de abertura da CPI. Segundo alega, ao menos 16 deputados, o Tribunal de Contas do Estado (TCE-PE) e o Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) têm sofrido ataques digitais coordenados.

Dani voltou a abordar o tema durante a instalação da CPI. “Também alegamos a possível utilização de verba pública de publicidade para financiar e estimular a realização de uma rede de ataques à imagem de instituições e agentes políticos”, afirmou.

Um levantamento, realizado pela equipe da deputada, apontaria ataques de “micro influenciadores” e de páginas populares. O modus operandi destes perfis seria de elogiar a figura e as ações da governadora enquanto ofendem a honra e propagam desinformação sobre seus adversários – entre eles, o prefeito do Recife, João Campos (PSB), provável adversário de Raquel nas eleições de 2026.

Integrantes do governo estadual também teriam feito posts colaborativos com esses perfis. Desde o pedido de abertura da CPI, mais de 30 das contas que colaboram com as publicações foram desativadas ou mudaram de nome.

Páginas

Um dos perfis apontados como coordenador dos ataques seria a página de Instagram “PE Tá Ligado”, administrado pela agência Arrudeio Comunicação. O perfil, que foi apagado após o pedido de abertura da CPI, recebeu R$ 97 mil do governo estadual em 2024.

Segundo a equipe da deputada, o perfil “PE Tá Ligado” e a Arrudeio Comunicação também estariam por trás de um grupo no Whatsapp intitulado “Pernambuco Boas Notícias”, onde coordenariam a distribuição de posts.

A proprietária da Arrudeio Comunicação teria se mudado para Portugal assim que firmou contrato com o governo estadual. Os valores recebidos por ela e pelo perfil variaram entre R$ 5 mil e R$ 50 mil. Procurada por telefone e e-mail, a empresa não respondeu.

Outros acusados pela deputada estadual são a página de notícias “Portal de Prefeitura”, o perfil “PE Viralizado” e o influencer Thiago Silva, conhecido como Professor Thiago ou Thiago do Uber. O último foi candidato a vereador do Recife em 2024 pelo PSD e hoje possui um cargo comissionado no Palácio do Campo das Princesas.

Governo nega

O Diario de Pernambuco procurou a Arrudeio Comunicação e o “Portal de Prefeitura”, mas não obteve resposta. Já Thiago Silva disse não ter conhecimento sobre uma estratégia coordenada associada ao governo. “Desconheço qualquer rede de ataques. Sempre me manifestei como cidadão, sobre os diversos assuntos”, declarou.

A reportagem também procurou o Governo do Estado para se pronunciar sobre o tema, nesta terça-feira (19), mas não houve retorno.

Na semana passada, a Secretaria de Comunicação do Governo de Pernambuco afirmou que “a veiculação de publicidade institucional segue critérios técnicos, baseados em alcance e afinidade de públicos, sempre com o objetivo de garantir que as informações de interesse da população cheguem de forma ampla e eficiente”.

“A Secretaria de Comunicação não fomenta qualquer tipo de ataque pessoal, disseminação de informações falsas ou uso indevido de recursos públicos para fins que não sejam estritamente institucionais. O canal em questão servia tão somente para a divulgação de ações do Governo, sem ofensas ou mesmo menções a grupos políticos”, acrescentou, em nota.

Mais de Política