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Luto Naná Vasconcelos: corpo do percussionista segue em cortejo até o Cemitério de Santo Amaro Nações de maracatu aguardam a chegada do corpo no Cemitério de Santo Aaro

Por: Viver/Diario - Diario de Pernambuco

Publicado em: 10/03/2016 11:00 Atualizado em: 10/03/2016 13:57


Cortejo foi acompanhado por nações de maracatu. Foto: Karina Morais/DP
Cortejo foi acompanhado por nações de maracatu. Foto: Karina Morais/DP

O corpo do percussionista pernambucano Naná Vasconcelos, falecido aos 71 anos, segue em cortejo até o Cemitério de Santo Amaro, região central do Recife, onde será sepultado ainda nesta quinta (10). A "procissão" saiu da Assembleia Legislativa às 10h30. Fãs e amigos acompanharam o caixão, que seguiu em caminhão do Corpo de  Bombeiros.

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Desde o início da manhã, vários fãs e nações de maracatu já se aglomeravam no cemitério para prestar a última homenagem ao percussionista. Estavam presentes os maracatus Sol Nascente, Encanto do Pina, Nação Tigre e Raízes de Pai Adão.

O Maestro Forró, que participou do sepultamento afirmou: "É impossível a despedida de uma pessoa como Naná ser comandada pela tristeza. Quem comanda é a alegria, a musicalidade".

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Naná Vasconcelos faleceu na manhã desta quarta-feira (9), devido a complicações de um câncer de pulmão. O músico tratava a doença desde 2015, quando chegou a se submeter a sessões de quimioterapia. Ele estava internado desde a semana passada, quando teria passado mal após show em Salvador (BA).

Foto: Karina Morais/DP
Foto: Karina Morais/DP


Cortejo

O corpo foi velado até as 10h desta quinta-feira, na Assembleia Legislativa. Lá, artistas como Otto, Lira, Cristina Amaral e Belo Xis homenagearam o músico. Houve ainda celebração ecumênica, liderada por Pai Raminho de Oxóssi. O corpo, então, seguiu em cortejo até o cemitério de Santo Amaro, onde foi saudado pelas nações de maracatu.

O poeta Israel Batista recitou poema intitulado Louvor a Naná. Enquanto isso, o grupo de batuque entoou música que diz: "Você partiu para outro lugar. Eu sei que um dia vou te encontrar".

Trajetória

Aos 12 anos Naná já tocava profissionalmente em bares e clubes noturnos (onde lhe exigiam até autorização judicial), ao lado do pai, aprendeu a tocar sozinho, usando os penicos e as panelas de casa, ainda na infância. Não frequentou aulas de música, não ingressou na faculdade. Em entrevista concedida ao Viver, ele afirmou: "Quando você aprende teoria musical por livros, precisa sempre consultar os textos. Quando você aprende com o corpo, é como andar de bicicleta. Seu corpo se lembra."

Aclamado com oito prêmios Grammy, o percussionista costumava quebrar protocolos e substituía, sempre que permitido nas cerimônias, os discursos por apresentações musicais.

Em dezembro de 2015, Naná recebeu título de doutor honoris causa pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). Autodidata, nunca frequentou escola de música, nem se graduou, mas logo se firmou como um dos mais respeitados instrumentistas do país, tendo colaborado com nomes como Egberto Gismonti, Pat Metheny, além de ter produzido o primeiro álbum do Cordel do Fogo Encantado.

* Com informações da repórter Marina Simões

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