CIÊNCIA

Processo erosivo nas praias da Ilha de Itamaracá é investigado por pesquisa da UFPE

Publicado em: 29/10/2021 09:45 | Atualizado em: 29/10/2021 10:05

Área do estudo foi na parte sudeste da ilha de Itamaracá, próximo à desembocadura do canal de Santa Cruz. (Divulgação)
Área do estudo foi na parte sudeste da ilha de Itamaracá, próximo à desembocadura do canal de Santa Cruz. (Divulgação)
Estudo desenvolvido na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) apontou um processo erosivo nas margens do pontal sul da Ilha de Itamaracá, na Região Metropolitana do Recife. De acordo com o estudo, a desembocadura de rios, as entradas de maré e os deltas de maré vazante desempenham um papel importante na dinâmica dos sistemas costeiros, influenciando o transporte e os padrões de distribuição dos sedimentos. “Esses espaços realocam os estoques sedimentares e modelam feições arenosas, como praias, barras e bancos”.

“Considerando a localização geográfica de cada setor, a sazonalidade dos padrões energéticos das ondas e ventos, além do fluxo e da direção das correntes de maré, o aporte sedimentar foi observado entre a segunda metade do verão e a primeira metade do inverno; já a saída de sedimentos se deu entre a segunda metade do inverno e a primeira metade do verão”, explica a pesquisa, que analisou as praias arenosas localizadas de Itamaracá, e foi desenvolvida pelo doutorando Rodolfo Araújo, do Programa de Pós-Graduação em Oceanografia (PPGO) da UFPE, e publicada no periódico “Marine Geology”.

Seguindo as características do litoral e a localização em relação ao SCC, a área de estudo foi subdividida em três setores - praias internas (Oeste-Leste), com 800 m de comprimento; praias intermediárias (Sudoeste-Nordeste), com 700 m de comprimento; e praias externas (Sul-Norte), com 730 m de comprimento. Para estudar essas áreas, o pesquisador utilizou o Sistema de Aeronave Pilotada Remotamente (RPAS) combinado ao Sistema Global de Navegação por Satélite (GNSS) e processamento fotogramétrico baseado em Estrutura de Movimento (SfM) para análise morfodinâmica das praias.

De acordo com a publicação, "os dados altimétricos e volumétricos obtidos a partir dos perfis perpendiculares à praia ajudaram a compreender como se comportou o estoque sedimentar de cada setor ao longo do período estudado e foi possível observar que cada setor apresentou áreas, ou trechos, em erosão e acúmulo de sedimentos (acreção) em momentos distintos”.
 (Reprodução/Ascom UFPE)
Reprodução/Ascom UFPE

O artigo “Morphodynamic study of sandy beaches in a tropical tidal inlet using RPAS”, que tem como coautores, além de Rodolfo Araújo, a orientadora do projeto Tereza de Araújo (PPGO-UFPE), os professores Pedro Pereira, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Rodrigo Gonçalves e Anderson Lino, ambos da UFPE, registra as respostas morfológicas das  praias arenosas aos processos costeiros atuantes na margem insular do Canal da Santa Cruz (SCC), entre dezembro de 2017 e dezembro de 2018.

O estudo ainda observou valores mais elevados na amplitude média da maré e na potência das ondas no período chuvoso, além de apontar para uma tendência sazonal de aumento energético nos padrões de onda e ventos na mesma época. “Nesse contexto, os meses de abril a setembro de 2018 representaram o período de maior perda sedimentar para a área estudada”, dizem os autores.

A pesquisa contou com o apoio do Laboratório de Oceanografia Geológica da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), da Secretaria do Meio Ambiente e Sustentabilidade do Governo de Pernambuco (Semas-PE), do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), além da colaboração de instituições do setor privado. 
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