POLÍCIA

Depois de fugir da Barreto Campelo, condenado por morte de promotor viveu na Bolívia

Publicado em: 29/07/2019 15:43 | Atualizado em: 29/07/2019 16:02

O assassinato do promotor aconteceu em 14 de outubro de 2013, último dia de trabalho dele em Itaíba. José Maria Rosendo foi preso em 2014. Foto: Alcione Ferreira/Arquivo DP.
Cinco meses depois de fugir em uma ação considerada "espetacular" e "ousada" da Penitenciária Professor Barreto Campelo, em Itamaracá, o fazendeiro José Maria Pedro Rosendo Barbosa, condenado pela Justiça como mandante do assassinato do promotor de Itaíba Thiago Faria, em 2013, foi recapturado em uma operação conjunta entre as polícias Civil de Pernambuco e do Mato Grosso do Sul e o Ministério Público dos dois estados. Encontrado na manhã desta segunda-feira (29) na cidade de Corumbá, na fronteira do Brasil com a Bolívia, José Maria deve ser encaminhado, ainda esta semana, a um presídio de segurança máxima federal.

O fazendeiro foi condenado a 50 anos e quatro meses em regime fechado, como autor intelectual do homicídio do promotor de Justiça de Itaíba, Thiago Faria, assassinado em 2013. Eles respondeu ainda pelas tentativas de homicídio contra a então noiva do promotor, Mysheva Martins, e o tio dela, Adautivo Martins. No dia 14 de fevereiro deste ano, ele e outros detentos da Penitenciária Professor Barreto Campelo fugiram da unidade prisional, em uma ação que resultou na morte de um policial militar. O sargento Rinaldo Azevedo Campelo, 49 anos, foi baleado na cabeça. Ao todo, seis detentos fugiram. Desses, três, incluindo José Maria, já foram recapturados.

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Informações levantadas por órgãos de inteligência de Pernambuco revelaram que ele estava escondido em áreas rurais na região da fronteira entre o Brasil e a Bolívia, tendo inclusive passado por, pelo menos, em cinco cidades bolivianas, como Cochabamba e Puerto Quijarro. Após a captura, ele embarcou em um voo - de companhia não informada por questões de segurança - para Pernambuco.

Detalhes da prisão foram apresentados pela Polícia Civil de Pernambuco nesta segunda-feira. Foto: Anamaria Nascimento/DP.
"Iremos investigar a possível participação no tráfico internacional de drogas, pois ele passou por várias localidades do país vizinhos e estava capitalizado enquanto estava foragido. Quando foi encontrado, não resistiu à prisão", informou o chefe da Polícia Civil de Pernambuco, Joselito Kehrle Amaral. De acordo com a Polícia Civil de Pernambuco, no momento da prisão, o proprietário da casa onde José Maria estava, um boliviano, foi levado a uma delegacia para prestar esclarecimentos. No entanto, não há confirmação de envolvimento dele com crimes. 

“Vamos requerer a transferência de José Maria Rosendo para um presídio federal. Esse pedido se justifica em razão do grau de periculosidade dele, visto que foi apurado que ele participa de uma organização criminosa transnacional, e do fato do crime cometido contra o promotor Thiago Faria ter sido federalizado, tendo ido a julgamento, inclusive, perante a Justiça Federal”, destacou o procurador-geral de Justiça de Pernambuco, Francisco Dirceu Barros.

O secretário de Justiça e Direitos Humanos de Pernambuco, Pedro Eurico, confirmou a solicitação de encaminhamento do preso para uma penitenciária de segurança máxima federal. "Nesta quinta-feira, vou ao Rio de Janeiro, para uma reunião do Departamento Penitenciário Nacional, onde solicitarei pessoalmente essa transferência", destacou. "Ainda há muito a ser investigado, como saber quem colaborou com a fuga (da Barreto Campelo), que tipo de atividade ele estava tendo (no período em que ficou foragido). Ele vem para Pernambuco para prestar esclarecimentos e, então, vai para a penitenciária de segurança máxima federal", completou Pedro Eurico.

A Polícia Civil e a Secretaria Executiva de Ressocialização (Seres) informaram que, por questões de segurança, a penitenciária onde José Maria ficará enquanto estiver no estado, não será informada. "José Maria já deu algumas informações que nortearão as investigações sobre os crimes cometidos por ele. Mesmo com a ousadia e periculosidade, ele se rendeu", informou Amaral. Segundo o chefe da Polícia Civil, o fazendeiro não estava armado. Nenhuma apreensão foi feita no momento da prisão.   

RELEMBRE O CASO

O promotor Thiago Sores foi assassinado em 14 de outubro de 2013, quando seguia da cidade de Águas Belas para Itaíba, onde trabalhava na promotoria. Segundo a Polícia Federal, o crime teria sido motivado por uma disputa de terra da Fazenda Nova, envolvendo a noiva do promotor, Mysheva Martins, que disputava a área com o fazendeiro José Maria Barbosa Rosendo. Ele perdeu a terra em um leilão da Justiça Federal e teve que deixar a área. Em outubro de 2016, o júri condenou José Maria Rosendo a 50 anos e quatro meses de prisão.
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