Tragédia

Número de mortes relacionadas às chuvas é o maior em nove anos

Publicado em: 19/06/2019 08:24

Foto: Paulo Paiva/DP Foto. (Foto: Paulo Paiva/DP Foto.)
Foto: Paulo Paiva/DP Foto. (Foto: Paulo Paiva/DP Foto.)

Subiu para dez o número de mortes relacionadas às chuvas da última quinta-feira Região Metropolitana. É a segunda do Recife. Após três dias de buscas, os bombeiros encontraram o corpo de Jackson Wesley de Arruda, 21 anos. Ele havia sumido na última quinta-feira quando nadava no Rio Tejipió, na Zona Oeste da capital.

Com a décima morte, o estado passou a registrar um número de óbitos em um dia de fortes chuvas que não era computado desde 2010, quando foram confirmadas 20 mortes, mais de 55 mil pessoas desalojadas e quase 27 mil desabrigados.

“Desde então esses números vêm diminuindo com obras como a construção da Barragem de Serro Azul, concluída em 2017”, informou a Secretaria Executiva de Defesa Civil do Estado. Há dois anos, seis pessoas morreram, sendo duas no Recife e quatro em Caruaru após um dia de chuvas em junho.

Jackson Wesley de Arruda, segundo familiares e amigos, nadava no Rio Tejipió, nas proximidades da Estação Coqueiral, quando desapareceu. O corpo foi localizado em um braço do rio, nos arredores da Rua Doutor Vilas Bôas, em Areias, a quase quatro quilômetros do trecho onde o rapaz estava nadando.

De acordo com os bombeiros, o cadáver estava boiando e foi visto por moradores das margens do rio, que acionaram a corporação. Três homens participaram do resgate do corpo, que estava preso a galhos, foi retirado da água com o uso de cordas e encaminhado ao Instituto de Medicina Legal (IML), em Santo Amaro, área central do Recife.

Sete das dez mortes confirmadas deste ano ocorreram em Camaragibe. Seis vítimas eram de uma mesma família: mãe e cinco filhos. A tragédia de Camaragibe aconteceu no Bairro dos Estados, na quinta-feira da semana passada, sendo a sétima vítima um vizinho da família soterrada. As outras mortes ocorreram no Recife, um afogamento no túnel do Pina e outro no Rio Tejipió, e uma adolescente no bairro Jardim Monteverde, em Jaboatão dos Guararapes.

Histórico
O rastro de destruição causado pelas fortes chuvas registradas no último dia 13 não se justifica apenas pela força da natureza. A forma como os mananciais, aterrados ao longo dos séculos, foram tratados e a ausência de políticas habitacionais eficientes podem explicar a tragédia.

Inundações, por exemplo, não são um fenômeno novo no estado. A partir da leitura de documentos históricos, é possível perceber que o problema se repete ano após ano ao longo dos séculos. A primeira enchente registrada oficialmente no Recife aconteceu em 1632.

Séculos depois, em 1966, uma grande enchente atingiu o estado. Pontes e barreiras não resistiram à força das chuvas. Na capital e no interior, 175 pessoas morreram e mais de 10 mil ficaram desabrigadas.

“Está o Nordeste outra vez a braços com a calamidade pública: quando não é a seca, que expulsa os sertanejos de seus humildes lares, é a cheia que invade e destrói tudo na zona da mata”, publicou o Diario, em 19 de março de 1967, um domingo. Quase dez anos depois, a cheia histórica de 1975 foi registrada no Recife, seguida de um boato de que a barragem de Tapacurá havia estourado, e as águas iam invadir a cidade.

“Apesar da tragédia ocorrida em Camaragibe, no último dia 13 deste mês, o número de municípios afetados caiu de 67 para 16, o número de pessoas desalojadas caiu (desde 2010) de 55 mil para pouco mais de mil e o número de desabrigados caiu de 27 mil para 80”, pontuou a Secretaria Executiva de Defesa Civil do Estado.
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