Jornalismo

Manoel Barbosa, formador de repórteres

Publicado em: 26/11/2018 16:28

O jornalista Manoel Barbosa morreu neste domingo no Recife aos 81 anos, de infecção generalizada, no hospital Santa Terezinha, onde havia dado entrada após passar mal. Ele será velado a partir das 8h, no cemitério de Santo Amaro. O enterro está previsto para as 13h20.

Barbosa foi chefe de reportagem do Diario de Pernambuco nas décadas de 1980 e 1990. Trabalhou antes antes no jornal Última Hora, edição Nordeste (1962-1964), no Diario da Noite e na imprensa do Rio Grande do Norte. Comprometido com a tolerância, a escrita exata e o bom jornalismo, influenciou no Diario uma geração de repórteres que na época estavam iniciando carreira, como Renato Ferraz, Plácido Fernandes, Hylda Cavalcanti (os três hoje trabalhando em Brasília), Ayrton Maciel, Cídia Gonçalves, Roziane Fernades, Cleide Alves, Osnaldo Moraes e Vandeck Santiago, entre outros. Ele foi chefe de reportagem do Diario numa época em que o país estava entrando na redemocratização após 21 anos de ditadura (1964-1985). Tinha um olhar especial para reportagens e bons títulos. Era um leitor voraz; tinha sempre livros sobre à mesa. Uma vez alguém lhe perguntou: “Barbosa, você lê todos esses livros mesmo?”. E ele, bem displicente: “Não, boto aí só para escorar os braços…”. 

Renato Ferraz lembra um dos gestos que costumava presenciar de Barbosa: o repórter lhe entregava o texto da matéria, ele lia atentamente e, às vezes, amassava o papel (era a época das máquinas de escrever) e o jogava na cesta de lixo. Olhava para o repórter e perguntava: “O que você queria mesmo dizer com aquilo là?...” Era a senha para o texto ser reescrito. 

Antes de cada repórter sair, ele conversava sobre a matéria, como queria que ela fosse feita.  Orientava sobre como o texto poderia ficar mais objetivo e compreensível, evitando excessos ou parcialidades. “Nunca se exaltava. Mas era um jornalista visceral”, conta Vandeck Santiago, hoje editor-executivo do Diario. “Certa vez, ao ver logo de manhã que havíamos levado um furo de manchete, e não por culpa dele, mas por o repórter não ter seguido sua orientação, ele saiu de casa e deu várias voltas a pé no Centro do Recife para purgar a falha”.   
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