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Mãe e tia são indiciadas por falso sequestro de adolescentes

Para delegado, mãe e tia podem ser condenadas a até oito anos de prisão por falsearem crime para punir suspeito de estupro da adolescente mais nova, quando ainda era criança.

Publicado em: 16/10/2018 10:40 | Atualizado em: 16/10/2018 20:34

Para o delegado Ademir Oliveira mãe e tia indiciadas queriam punir suspeito de estupro. Foto: PCPE/Divulgação

A tentativa de impor uma punição contra o suspeito pelo estupro de uma menina de 11 anos terminou, na manhã desta terça-feira, com o indiciamento da mãe e da tia da vítima por denunciação caluniosa que, em caso de condenação, pode significar até oito anos de prisão. A vítima, hoje uma adolescente de 13 anos, e sua irmã, também adolescente, com 14, participaram da falsa denúncia e respondem por ato infracional análogo a denunciação criminosa. Mas, como após a descoberta da farsa as adolescentes alegaram terem sido  induzidas, se isso for provado, mãe e a tia também poderão responder por corrupção de menores, com pena de dois a oito anos de reclusão.
 
Todos os nomes dos envolvidos são preservados para proteção das adolescentes envolvidas. Titular da Unidade de Prevenção e Repressão aos Crimes Contra Crianças e Adolescentes (Unipreca), o delegado Ademir Oliveira presidiu os dois inquéritos criminais. O primeiro começou há cerca de um ano, com a queixa registrada de estupro de vulnerável praticada pelo então companheiro da madrinha. Embora comunicado à Polícia mais de um ano depois de ocorrido, o delegado disse que foi provado por depoimentos e perícia, inclusive como indiciamento encaminhado à Justiça. O suspeito só não foi preso por conta da demora da comunicação do crime, explicou.

O segundo inquérito começou no dia 17 de agosto, quando a mãe e a tia da vítima do suposto estupro comunicaram um sequestro dela, então adolescente com 13 anos, e de sua irmã também adolescente, com 14 anos, por três homens, quando elas saíram das escolas. As duas reapareceram seis dias depois, quando alegaram que teriam sido levadas num carro preto pelo suspeito do estupro e mais dois homens encapuzados para uma casa abandonada, onde teriam sido mantidas em cárcere privado, amarradas, comendo apenas pão e água. 

Segundo o delegado Ademir Oliveira, as adolescentes estavam muito tranquilas e não foram identificadas marcas de amarração, nem se percebia debilidade pela alimentação deficiente. A investigação revelou que no dia do suposto sequestro a adolescente mais nova dormiu na casa do namorado e depois as duas foram vistas na comunidade onde residiam, inclusive na companhia da mãe. 

“A intenção da mãe era de punir esse indivíduo. Elas (mãe e tia) queriam na verdade punir esse indivíduo (que cometeu o suposto estupro)”, resumiu o delegado. Ainda segundo Ademir Oliveira, as adolescentes passaram à condição de adolescentes infratoras e serão julgadas sob a égide do Estatuto da Criança e do Adolescente (Eca) em uma das varas da Infância e da Juventude do Recife. Mas, após ser descoberta a farsa, as adolescentes passaram a alegar que foram induzidas. 
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