Habitação

Grupo de mil pessoas realiza manifestação por moradia no Recife

Manifestantes questionaram corte de verbas do Minha Casa, Minha Vida e pediram que terrenos públicos ganhem função social.

Publicado em: 31/07/2018 14:35 | Atualizado em: 31/07/2018 15:02

Cerca de mil pessoas realizaram um protesto, na manhã desta terça-feira, em frente à Câmara Municipal do Recife. Mobilizado pelo Movimento Nacional de Luta por Moradia (MNLM) e pela Organização e Luta dos Movimentos Populares de Pernambuco (OLMP), o grupo reivindicou a disponibilização de áreas públicas para construção de moradias populares e criticou o corte de verbas para o programa “Minha Casa, Minha Vida”, do Governo Federal. Por volta das 11h30, os manifestantes saíram em passeata até a superintendência da Caixa Econômica Federal, na Avenida Agamenon Magalhães.

Dados da ONG Habitat para a Humanidade Brasil estimam que haja um déficit de 400 mil residências em Pernambuco. Na Região Metropolitana do Recife, a ausência é de 108 mil unidades. No Recife, existem 280 mil pessoas sem moradia adequada. Enquanto isso, somente no bairro de Santo Antônio, existem 12 edificações desocupadas, 30 com menos da metade de área ocupada. As estatísticas expõem a incongruência que levou as famílias a ocuparem por cerca de uma hora e meia as escadarias da entrada da Câmara.

“A gente tem em torno de 30 mil moradias que poderiam ser viabilizadas. Existem vários prédios públicos do governo que poderia servir de moradia popular. Há diversos projetos arrojados, terrenos antigos da Cohab. Só que os gestos do governo ainda são tímidos. É preciso mais ousadia nas políticas de habitação. A nossa reivindicação básica é acesso às terras públicas dotadas de infraestrutura”, explicou o dirigente nacional do MNLM Paulo André de Araújo. Segundo ele, a outra pauta de reivindicação são os sequenciados cortes de investimentos do governo federal no “Minha Casa, Minha Vida”.

“Desde 2016, estão sendo feitos inúmeros ataques ao programa, reduzindo recursos. Fomos pegos de surpresa agora com o ministro dizendo que está inseguro em garantir verba para 10 mil unidades. Mas não enxerga que a questão habitacional tem é fundamental para o país, pois envolve uma cadeia produtiva que hoje está estagnada”, acrescentou Paulo André de Araújo. Segundo ele, em Pernambuco 20 mil famílias aguardariam projetos do “Minha Casa, Minha Vida” na modalidade entidades.

Moradores de 10 comunidades participaram do ato. “Minha filha está no auxílio-moradia de R$ 150 há seis anos. É um dinheiro que não dá para arrumar uma casa, ela precisa complementar. Todas as casas da região são no mínimo R$ 350”, contou a vendedora Ivone Alves, 39 anos, moradora de Paulista. “Estamos numa luta desde 2009 pela construção dos habitacionais Peixinhos 1 e 2. A obra está 95% pronta, mas não é concluída. Você vê seu sonho erguido, mas permanece sem poder usar. Enquanto isso, mais de 200 famílias vivem em situação de precariedade”, reclamou o auxiliar de serviços gerais Silas Durack, 25.

O grupo chegou a fechar o trânsito em frente à Câmara durante cerca de 30 minutos e depois o cruzamento da Rua do Hospício com a Avenida Conde da Boa Vista. E participou de reunião com representantes da Caixa Econômica Federal e da Prefeitura do Recife.  
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