Dois caminhos

Rua Velha: entre a degradação e o restauro

Com histórico de interdições e incêndios, a rua reúne ao menos dez imóveis fechados, restando de alguns somente as fachadas

Publicado em: 26/06/2018 18:42 | Atualizado em: 26/06/2018 18:47

Foto: Rodrigo Silva/Esp.DP

Podemos encarar a Rua Velha, na Boa Vista, sobre dois ângulos. Ou como um dos endereços da decadência urbana do perímetro central do Recife ou como área em que gestos de preservação mostraram ser possível preservar o patrimônio histórico e cultural. A versão da decadência pesa mais.

Com histórico de interdições e incêndios, a rua reúne ao menos dez imóveis fechados, restando de alguns somente as fachadas. Telhados e paredes internas desabaram e portas e janelas foram destruídas, consequências do abandono. Apesar do quadro de descaracterização do casario, ilhas preservadas se apresentam. O bloco formado pelas casas 248, 252, 260 e 264 aponta para a segunda vertente.

Nas fachadas destes imóveis, da madeira das portas ao alto relevo dos frontões, os elementos se encontram em bom estado. As pinturas ressaltam os detalhes arquitetônicos dos prédios, como pretendeu, no início da década passada, uma parceria da prefeitura com a iniciativa privada. E que se perdeu no caminho, deixando escapar uma oportunidade de profissionalização de mão de obra e de continuidade de um programa com tudo para ser referência.

Braço arrancado
Porta de entrada da Rua Velha, a pracinha de esquina com a Rua Dr. José Mariano, na Boa Vista, pede alguns cuidados. O piso do entorno está esburacado. Ao pé das árvores jogam dezenas de sacos de resíduos. A escultura do centro teve um dos braços decepado.

Acima da fachada
Dá para medir o estágio de degradação da casa de esquina das ruas Velha e da Matriz, na Boa Vista, pela altura do matagal dentro dela. Copas de árvores são vistas pelas frestas das fachadas ou acima destas, uma vez que as portas foram substituídas por paredes de tijolos.
 
Parada irregular
Ainda há motorista que, apesar das placas de proibição, insiste em estacionar ao longo da Rua Velha, conforme visto ontem à tarde. Um minuto é suficiente para causar problemas. Devido à largura da rua, ônibus tiveram que circular sobre as calçadas, obrigando os pedestres a se abrigarem nas lojas enquanto os coletivos passavam. 

Azulejo degradado
Os azulejos da casa 302 da Rua Velha dão sinais de que precisam de socorro. Em alguns pontos, as flores e as bolas azuis sumiram ou se encontram em processo de esfarelamento, acelerado pelas pichações que se multiplicam perto da porta e das janelas.

Plástico solto
É tanto o descaso de alguns comerciantes com a Rua Cassimiro de Abreu, esquina com a Rua Velha, que descartam copos e pratos plásticos soltos nas calçadas. Garis se esforçavam ontem para juntar o material espalhado pelo vento e por animais de rua.

Pedra do improviso
Melhor improvisar do que se acidentar. O princípio foi empregado no asfalto em frente ao imóvel 403 da Rua Velha. Colocaram pedras para fechar um buraco que se expandia junto à linha d’água da rua e era uma armadilha para motos e bicicletas.

Nova bússola
A sombra prédio de esquina das ruas Gervásio Pires e Barão de São Borja, na Boa Vista, serve de bússola para os moradores de rua. Os colchões seguem o movimento do sol. Onde há sombra, as camas improvisadas são postas.

Traços no casario 
No Pátio da Santa Cruz, na Boa Vista, a grafitagem foi um dos instrumentos para se combater as pichações. Os artistas aproveitaram todos os detalhes do imóvel de três pavimentos, incluindo as janelas e a pinha do sótão.
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