Quarta

Semana de Direitos Humanos e Cidadania aborda a população LGBTI encarcerada

Objetivo é discutir a situação do público aprisionado e exposto a todo tipo de violação de direitos e violências

Publicado em: 07/03/2018 10:50 | Atualizado em: 07/03/2018 11:49

Evento foi batizado em homenagem à Maria Clara de Sena, transexual negra atualmente refugiada no Canadá. Foto: Julio Jacobina/DP/

As Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexuais (LGBTI) que vivem encarceradas e encarcerados nas unidades prisionais de Pernambuco, serão destaque na pauta do Executivo Municipal do Recife, que acontece nesta quarta-feira, quando tem início a 1ª Semana Maria Clara de Sena de Cidadania e Direitos Humano, que acontecerá no plenário da Câmara de Vereadores e também na sede do Grupo de Trabalhos em Prevenção Posithivo (GTP+). A iniciativa pretende discutir a situação desse público que vive aprisionado, exposto a todo tipo de violação de direitos e violências, considerando a convivência com o HIV/AIDS, o estigma social e a discriminação. 

O evento foi batizado em homenagem à Maria Clara de Sena, transexual negra atualmente refugiada no Canadá e que contribuiu na luta contra a violência nas unidades prisionais do Estado, integrando o Mecanismo de Combate e Prevenção à Tortura de Pernambuco. A vida de Maria Clara de Sena passou por uma virada de mesa drástica. Ativista e defensora dos direitos das pessoas transexuais e travestis, a pernambucana, mulher negra e trans, precisou sair do país e se tornar, oficialmente, uma refugiada pela condição de ser quem é. Vítima de transfobia e racismo enquanto trabalhava representando o estado brasileiro em 2016 passou a ser perseguida por um agente de segurança penitenciária, também funcionário público, quando foi colocada em um programa de proteção que se revelou incapaz de garantir sua integridade física, emocional e psicológico. 

Depois da agressão que sofreu, convivendo com a perseguição do seu algoz, Maria Clara conta que passou a perceber vários fatores e a criticar a falta de autonomia que impunha dificuldades para o dia a dia de acompanhamento do sistema prisional. Ao longo dos dois anos, a vida de Maria Clara foi marcada pelo medo. 

Uma das estratégias de proteção foi utilizar a visibilidade de seu trabalho, da atuação junto a movimentos sociais, para criar uma rede de apoio que garantiria sua segurança. Em 2016, foi a primeira mulher trans a receber o prêmio Cláudia, na categoria Políticas Públicas, pelo trabalho no Mecanismo de Prevenção e Combate à Tortura, ligado à Onu. 
 
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