Recife

Plano busca democratizar a mobilidade

Documento em discussão pelo poder público e a sociedade visa tornar o Recife uma cidade mais adequada para quem não usa o carro particular

Publicado em: 28/03/2018 09:35

Dos 1,6 milhão de habitantes que residem no Recife, menos de 25% usam o automóvel particular para fazer seus deslocamentos entre o trabalho, o local de estudo e a residência. Apesar disso, durante anos as políticas de mobilidade priorizaram essa parcela minoritária da população. O novo Plano Municipal de Mobilidade, que está sendo desenvolvido desde 2015 pela prefeitura, estabelece propostas e diretrizes mais democráticas para oferecer qualidade e segurança viária a todas as formas de transporte, inclusive a pé. Hoje, as políticas setoriais do plano serão apresentadas e discutidas em audiência pública, das 14h às 17h, no 15º andar do edifício sede da Prefeitura do Recife.

“O que o plano propõe é uma mudança de cultura da mobilidade. Os indicadores que vamos apresentar definirão as bases dos projetos a serem desenvolvidos. Por isso, temos que estabelecer diretrizes capazes de atender as necessidades e os interesses de todos os segmentos do Recife, com visão integrada e ampla de todas as possibilidades e alternativas que as pessoas, incluindo aí fornecedores de bens e serviços, precisam para se deslocar”, explicou o secretário municipal de Planejamento Urbano, Antonio Alexandre.

O objetivo do plano é que, na elaboração de qualquer projeto na área de mobilidade, sejam considerados a segurança dos cidadãos e o interesse coletivo acima da fluidez dos automóveis. Entre os aspectos mais relevantes das políticas setoriais está a criação de um manual das calçadas e a transferência progressiva da responsabilidade para o poder público.

O Executivo Municipal regulamentará a definição das vias e o cronograma das ações de manutenção das calçadas, com prioridade para as ruas estruturantes e históricas, que devem ser livres de obstáculos e garantir o conforto dos pedestres. Outra proposta contemplada no documento é a pedestrianização de algumas vias em zonas históricas e comerciais do Recife.

“Estamos definindo os critérios para selecionar quais áreas são adequadas a receber esse tipo de intervenção e, a partir daí, apresentar projetos pilotos”, explica Sideney Schreiner, secretário-executivo do Instituto da Cidade Pelópidas Silveira (ICPS), órgão técnico responsável pela elaboração do plano.

As políticas incluem diretrizes em segurança viária, com propostas de redução de velocidades das vias, desenvolvimento do manual da infraestrutura cicloviária, indicação de dez diretrizes para melhoria e fluidez do transporte coletivo de passageiros, novas regras para o transporte de cargas e ordenação dos estacionamentos públicos.

Antonio Alexandre entende que a implementação do plano pode ser um grande desafio diante da diversidade de interesses que envolvem o tema. “Todas as propostas são baseadas em uma série de estudos técnicos disponíveis no portal do Plano de Mobilidade. Hoje, em nenhum lugar do mundo, existe uma solução de mobilidade que consiga priorizar o transporte individual em detrimento das outras formas”, ressalta.

Para quem não puder comparecer à audiência pública, o material que servirá de base para o debate está disponível no planodemobilidade.recife.pe.gov.br. Também podem ser enviadas contribuições online, no portal do plano, até 13 de abril. Após a consolidação, o documento será enviado para a Câmara dos Vereadores para que seja transformado em lei. 

Entenda

6 pontos-chave do plano
Transferência progressiva da responsabilidade sobre as calçadas para o poder público
Desenvolvimento de um manual da infraestrutura cicloviária
Novas regras para o transporte de cargas e ordenação dos estacionamentos públicos
Elaboração de diretrizes para melhorar a fluidez dos coletivos
Redução da velocidades nas ruas
Pedestrianização de certas vias localizadas em zonas históricas e comerciais
NÚMEROS 

Ônibus 
2 milhões de passageiros usam o sistema na RMR
3 mil veículos é a frota de coletivos
361 compõem o modal, sendo:
217 do Sistema Estrutural Integrado (SEI)
144 linhas não integradas
Metrô
29 estações compõem o sistema
71 km de extensão das linhas
600 mil usuários são transportados diariamente
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