Urbanismo Evento discute requalificação de bairros degradados

Por: Rosália Vasconcelos

Publicado em: 21/09/2017 16:36 Atualizado em: 21/09/2017 16:54

A forma como a grafitagem e outros tratamentos artísticos podem ser utilizados nos espaços públicos, dialogando com os interesses privados foi o tema do seminário %u201CInovação na Revitalização Urbana: Miami e Recife%u201D. Foto: Marcos Pastich/PCR/Divulgação (A forma como a grafitagem e outros tratamentos artísticos podem ser utilizados nos espaços públicos, dialogando com os interesses privados foi o tema do seminário %u201CInovação na Revitalização Urbana: Miami e Recife%u201D. Foto: Marcos Pastich/PCR/Divulgação)
A forma como a grafitagem e outros tratamentos artísticos podem ser utilizados nos espaços públicos, dialogando com os interesses privados foi o tema do seminário %u201CInovação na Revitalização Urbana: Miami e Recife%u201D. Foto: Marcos Pastich/PCR/Divulgação
Se a arte urbana é um instrumento de revitalização de áreas degradadas, o bairro de Wynwood, em Miami (EUA), sabe bem os potenciais benefícios de seu uso. A forma como a grafitagem e outros tratamentos artísticos podem ser utilizados nos espaços públicos, dialogando com os interesses privados foi o tema do seminário “Inovação na Revitalização Urbana: Miami e Recife”, que aconteceu na manhã desta quinta-feira (21), na Interne Educação, no bairro da Ilha do Leite.

Um dos responsáveis pela requalificação de Wynwood foi o especialista norte-americano Joseph Furst, que palestrou no evento. Segundo Joe, o maior desafio em recriar esse distrito de Miami é que ele não tinha uma arquitetura relevante, não tinha história. O local abrigou fábricas e espaços de armazenagem durante anos e a missão seria criar um sentido para aquele lugar.

“Wynwood era um bairro perigoso sem uso comercial ou residencial, cheio de prédios industriais sem importância, eram apenas blocos de concreto que não tinham necessidade de preservação, por exemplo. A primeira proposta foi encontrar novas oportunidades e trazer nova vida para a área”, explicou Furst. Segundo ele, em 2005, 25% do bairro estava desocupado e ninguém tinha interesse de frequentar a área.

O curioso do bairro de Wynwood é que a iniciativa de revitalização não partiu de arquitetos e urbanistas, mas do investidor imobiliário chamado Tony Goldman e posteriormente de outros empresários que pretendiam explorar comercialmente aquele espaço urbano desvalorizado. Ao invés de erguer torres empresariais, investiram no urbanismo e na valorização dos espaços públicos.

“Nos Estados Unidos fazemos as coisas diferentes daqui. Os empresários se juntam e trabalham como uma unidade. Todos concordaram na criação de um imposto que seria utilizado em benefício de Wynwood. Porque sabíamos que o orçamento da prefeitura era dividido entre todos os distritos”, disse Furst.

O marco do projeto foram estruturas que na maioria das cidades foram transformadas em instrumento urbano desagregador: os muros. Em 2009, foi convidado um grupo renomado de grafiteiros para criar uma galeria de arte, o que ficou conhecido com Wynwood Walls. “Esse projeto foi muito transformador, mas na época não tivemos dimensão do que ele traria para a cidade. Após os muros, os prédios foram grafitados. Hoje, o distrito é um polo gastronômico e de eventos de arte de rua”, completou o empresário.

Para Furst, além do tratamento artístico, essa transformação partiu da perspectiva de que o valor da cidade vem do solo, da experiência do pedestre e projetos pensados para a escala humana.

Além do norte-americano, também palestraram a jornalista Joana Pires, do Paço do Frevo/ IDG, com o tema “Empreendimentos Culturais no Bairro de Recife”, e Fábio Silva, do Porto Social, conversando sobre a experiência de “Empreendimentos Sociais e a Proposta do Vale Social”.

O prefeito do Recife, Geraldo Julio, também participou do seminário. “A revitalização tem sido usada em todos os centros urbanos do mundo para transformar a qualidade de vida. Temos áreas do Recife como a parte do antigo Porto, que virou Centro de Artesanato, Museu Luiz Gonzaga, restaurantes e toda aquela área de visitação. Tem áreas também que foram mudadas pelos próprios moradores como o programa Mais Vida nos Morros, que acontece em várias partes da cidade. E a gente tem agora os empreendedores que procuram ter essa mesma característica que o Joseph traz pra cá”, disse o prefeito.
A programação do empresário norte-americano no Recife inclui ainda visitas técnicas a bairros como o Bairro do Recife e o Alto da Sé em Olinda em companhia das instituições parceiras.

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