RESSOCIALIZAÇÃO Detentos desempenham funções de varrição, capinação e ascensorista para entrarem no mercado de trabalho Medida de ressocialização pretende facilitar a retomada da vida profissional após o cumprimento das penas

Publicado em: 11/09/2017 16:18 Atualizado em:

Há um ano, Sebastião Elias da Silva, 44, recuperou o ânimo ao pensar no futuro. Desde que começou a trabalhar com serviços gerais no Parque Treze de Maio, planeja como será a vida quando concluir a pena de 10 anos por homicídio. Em regime aberto, Sebastião está entre os 600 reeducandos que desempenham atividades profissionais provisórias a partir de convênios promovidos pelo Patronato Penitenciário. O objetivo é ressocializar por meio de absorção da mão-de-obra.

Cento e oitenta apenados do regime aberto ou livramento condicional realizam serviços de varrição, capinação, ascensorista de elevador em passarelas e atendimento ao público, sob supervisão da Empresa de Manutenção e Limpeza Urbana do Recife (Emlurb). Os convênios são firmados pelo governo do estado, através da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos, com a iniciativa privada e a administração pública. Ao todo, há 18 conveniadas, incluindo as prefeituras do Recife, Olinda, Paulista, Jaboatão dos Guararapes, Cabo de Santo Agostinho e Petrolina.

“Este emprego significa nova chance. Hoje consigo ajudar meu filho a estudar. Tenho orgulho de dizer que saio todos os dias de casa para fazer algo digno e nos fins de semana consigo fazer bicos. Tenho vergonha do que fiz, apesar de ter agido em legítima defesa, mas estou conseguindo construir uma vida melhor. Meu sonho é conseguir emprego de carteira assinada quando minha pena terminar”, declara Sebastião.

O projeto começou em 2015 e busca a inclusão social. O foco é capacitar os apenados para oferecer mão-de-obra qualificada às empresas parceiras. “É preciso que as empresas procurem e se interessem, porque há vantagens. O convênio é regido pela Lei de Execuções Penais e não incidem encargos trabalhistas. Isso repercute em economia de 40% e ajuda na ressocialização e na responsabilidade social, ao oferecer novas oportunidades e contribuir para diminuir a reincidência criminal”, ressalta a secretária-executiva Mariana Pontual.

Ao sair do regime fechado, os detentos são encaminhados ao Patronato, onde passam por triagem comm objetivo de identificar as qualificações da cada um. Cada um recebe um salário mínimo e vales transporte e refeição.

“A meta do governo é fomentar qualificação profissional para que se possa oferecer mão de obra de qualidade. O patronato tem um setor de empregabilidade e outro de educação que oferece cursos de mecânica, garçom, culinária e inglês básico, por exemplo. Estimamos que mais de três mil pessoas sejam qualificadas através desses cursos nesse ano”, conta Mariana Pontual.

Para Aldeane Tavares, 24, que cumpre pena até 2019 por tráfico de drogas, a oportunidade de trabalhar, que surgiu há oito meses, representa a certeza de que ela não vai mais voltar ao crime. “É bem cansativo porque o trabalho de limpeza nunca acaba, mas quando sair daqui pretendo trabalhar como recepcionista”, planeja.


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