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Transporte Audiência no MPT vai discutir situação dos trabalhadores da Caxangá Clima ficou tenso e ônibus foi apedrejado em frente à garagem da empresa, em Olinda

Por: Diario de Pernambuco

Publicado em: 11/04/2017 09:42 Atualizado em: 11/04/2017 11:29

Clima ficou tenso e ônibus foi apedrejado em frente à garagem da empresa, em Olinda. Foto: Julio Jacobina/ DP
Clima ficou tenso e ônibus foi apedrejado em frente à garagem da empresa, em Olinda. Foto: Julio Jacobina/ DP
Uma audiência no Ministério Público do Trabalho (MPT) agendada para esta terça-feira, vai discutir a situação dos trabalhadores da empresa de ônibus Caxangá. Na manhã desta segunda-feira, motoristas e cobradores iniciaram uma paralisação para denunciar a demissão em massa de cobradores, por justa causa, e o acúmulo de função, uma vez que, após a utilização exclusiva do cartão VEM para o pagamento da passagem, os rodoviários estariam sendo orientados a comercializar os cartões nos terminais de ônibus. A categoria alega ainda que benefícios foram cortados, como plano de saúde, empréstimo consignado, refeitório e dormitório. No caso do plano de saúde, os funcionários estariam pagando a mensalidade integral para não perder a assistência.

A Justiça do Trabalho determinou que um percentual mínimo de 30% dos coletivos voltasse a circular. No entanto, no início da manhã desta terça-feira houve manifestação e tumulto em frente à garagem da empresa, no bairro de Peixinhos, em Olinda. Pedras foram jogadas no vidro pára-brisas de um dos coletivos. O tumulto teve início por volta das 6h30, quando um ônibus da linha Sítio Novo/Rio Doce teve a saída da garagem impedida por manifestantes. Pedras arremessadas quebraram duas janelas do veículo, que voltou ao prédio. Outros dois coletivos também teriam sido apedrejados quando circulavam pelas ruas. Diante disso, os rodoviários estão alegando que não vão cumprir a determinação da justiça.

"A gente vem cumprindo essa determinação, mas o sindicato está fazendo a parte dele. Provocamos a audiência com urgência para que essa pauta de reivindicação seja cumprida. Agora é preciso que o trabalhador compareça e fale a sua indignação. A gente tentou fazer cumprir esses 30%, mas a categoria não quer atender. Precisamos garantir os dias parados, suspender todas as demissões e os trabalhadores pedem a saída do gerente. O sindicato não pode obrigar a categoria. A vontade do trabalhador é soberana", explicou Benilson Custódio, presidente do Sindicato dos Rodoviários.


Durante a manhã, o clima foi tenso em frente à garagem da empresa, na Rua Vasco Rodrigues, com manifestações a cada chegada de ônibus trazendo funcionários da unidade de Jardim Brasil para voltarem ao trabalho. A Polícia Militar foi acionada e enviou uma viatura ao local.

De acordo com o Sindicato dos Rodoviários, apenas cerca de 15 ônibus da empresa circulam na manhã desta terça-feira, de uma frota total de 490 veículos. Ontem, os coletivos ficaram sem circular, mas voltaram a operar normalmente a partir das 21h, segundo o Sindicato dos Rodoviários do Recife e Região Metropolitana (Sttrepe).

A manifestação teve como objetivo denunciar a demissão de 76 profissionais entre janeiro e março deste ano. Com a paralisação, mais de 300 coletivos deixaram de circular nos municípios de Recife e Olinda. De acordo com o Sindicato dos Rodoviários, os cobradores são os mais afetados, desde o início do processo de implantação de linhas exclusivamente com o uso do cartão VEM.

Outro problema seria o desvio de função de alguns profissionais, uma vez que motoristas e cobradores estariam sendo obrigados a vender cartões VEM em alguns terminais de ônibus. A categoria denuncia ainda o aumento da violência no transporte público, com mais de mil assaltos a coletivos só este ano. Com mais de 1,9 mil funcionários, a Empresa Caxangá, opera em 54 linhas que realizam 3.580 viagens por dia útil. A paralisação foi definida na quinta-feira passada, após uma reunião na empresa.

A mobilização pegou os usuários de surpresa. As paradas de ônibus ficaram lotadas. "Eu cheguei na parada, às 5h40 e estou há mais de uma hora esperando", disse Flávia Fernanda. Motoristas de carro comum aproveitaram a oportunidade para cobrar cerca de R$ 10 para transportar passageiros atéo centro da cidade.

Resposta
Sobre a paralisação, o Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros de Pernambuco (Urbana-PE) lembrou que "a Justiça do Trabalho, por meio do juiz Roberto de Freire Bastos, da 3ª Vara do Trabalho de Olinda, determinou que o Sindicato dos Rodoviários se abstenha de impedir o regular funcionamento da Rodoviária Caxangá e garanta o percentual mínimo de 30% do efetivo da empresa, a fim de assegurar o regular funcionamento da empresa operadora de transporte público".

A Urbana-PE ressaltou ainda que a paralisação foi realizada sem aviso prévio e que a Rodoviária Caxangá buscou o diálogo com o Sindicato dos Rodoviários. "A Urbana-PE repudia a atitude do Sindicato dos Rodoviários, que prejudicou diretamente 240 mil cidadãos", respondeu.

O Sindicato das Empresas informou também que nenhum cobrador foi demitido em função das alterações de funcionamento de operação das linhas. "Os cobradores foram capacitados e aproveitados em outras funções ou realocados para outras linhas. Nos últimos meses, 314 cobradores foram promovidos e 89 estão atualmente em escolas de formação de motoristas", garantiu.

Procurada pelo Diario, a Rodoviária Caxangá também informou que nenhum cobrador foi demitido em função das alterações de funcionamento de operação das linhas. "Os cobradores foram capacitados e aproveitados em outras funções. Neste mês de abril, 17 cobradores foram promovidos a motoristas. A empresa reforça que não foi informada com antecedência sobre a paralisação e está se esforçando para normalizar as atividades o mais rápido possível. A Rodoviária Caxangá esclarece ainda que se dispôs a manter o diálogo com o Sindicato dos Rodoviários. No entanto, esse não demonstrou interesse em realizar qualquer negociação", respondeu por nota.

Confira posição do Grande Recife Consórcio de Transportes sobre a paralisação:

Com relação à paralisação realizada pelo Sindicato dos Rodoviários, nas linhas que operam na Empresa Caxangá, o Grande Recife Consórcio de Transporte informa que foi surpreendido com a ação na manhã desta segunda-feira (10). O Consórcio não recebeu qualquer informação oficial prévia. A paralisação prejudicou mais de 200 mil passageiros que utilizam as 54 linhas da empresa operadora.

Quanto ao motivo da paralisação, o Consórcio informa que está averiguando junto ao Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros no Estado de Pernambuco (Urbana) e à operadora Caxangá as demissões relatadas pelos cobradores, bem como se o compromisso de manutenção, remanejamento e capacitação dos profissionais das linhas que estão circulando sem cobrador está sendo cumprido.

Quanto à atitude do Sindicato de paralisar totalmente a operação da Empresa Caxangá, o Grande Recife informa que está tomando as medidas cabíveis junto ao Ministério Público Estadual e Ministério Público do Trabalho no sentido de coibir essas paralisações constantes sem qualquer aviso prévio aos usuários, bem como não disponibilizando o percentual mínimo necessário previsto em lei para a continuidade da operação, deixando os usuários sem alternativa de serviço de transporte para seu deslocamento.



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