Paradas de ônibus

À espera: passageiros de ônibus do Grande Recife relatam problemas nas paradas

Falta de estrutura nas paradas piora ainda mais a experiências dos usuários do transporte público da Região Metropolitana

Publicado em: 29/04/2024 05:25 | Atualizado em: 29/04/2024 05:20

Boa parte da conexão entre os usuários dos ônibus do Grande Recife é feita através das reclamações sobre a demora dos veículos e a precariedade do sistema como um todo, incluindo os pontos de ônibus (Foto: Adelmo Lucena/DP)
Boa parte da conexão entre os usuários dos ônibus do Grande Recife é feita através das reclamações sobre a demora dos veículos e a precariedade do sistema como um todo, incluindo os pontos de ônibus (Foto: Adelmo Lucena/DP)
As esperas são longas, cansativas, muitas vezes debaixo de um calor ardente ou de chuva e sem um local para sentar. Os usuários de ônibus da Região Metropolitana do Recife, principal transporte público da localidade, passam diariamente por diversas dificuldades para embarcar para os seus destinos por conta da baixa infraestrutura ofertada pela empresa responsável por administrar esses problemas.

O ponto de ônibus é definido pela Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP) como um local na via onde o transporte público deve parar e os usuários embarquem e desembarquem. Estas paradas devem ter características que estão relacionadas com a sua localização e precisam atender às demandas de acessibilidade dos passageiros.

Geralmente, os pontos são inseridos em locais de alta demanda, como centros urbanos, cruzamentos e os principais corredores viários da cidade. Para o passageiro, o cenário ideal é contar com um ponto de ônibus o mais próximo possível do seu destino. A distância recomendada entre as paradas deve ser feito levando em conta que o passageiro faça uma caminhada de no máximo 500 metros, mas é comum utilizar o espaçamento de 300 metros entre os pontos.

As paradas são a principal porta de acesso aos sistemas de transporte público, pois são nelas onde os passageiros podem verificar o melhor itinerário, se proteger da chuva e do sol e até mesmo conversar com algum conhecido. Atualmente, boa parte da conexão entre os usuários dos ônibus do Grande Recife é feita através das reclamações sobre a demora dos veículos e a precariedade do sistema como um todo, incluindo os pontos de ônibus.

Embora as paradas sejam tão importantes quanto o transporte em público em si, estes locais estão, em sua maioria, depredados, com estrutura danificada pelo tempo, sem bancos, lixeiras, iluminação e até mesmo sem informações sobre as linhas que passam pela via.

De acordo com o Consórcio Grande Recife, no Sistema de Transporte Público de Passageiros da Região Metropolitana do Recife (STPP/RMR) existem 6.667 pontos de embarque e desembarque (PED's) nas ruas da Região Metropolitana do Recife. São 2.899 PED's com proteção solar e 608 com assentos.

A equipe do Diario de Pernambuco percorreu por algumas das principais vias do Recife em horário de pico para analisar os cenários atual das paradas de ônibus e saber a opinião dos usuários do transporte público. Justamente neste dia, 18 de abril, a Linha Sul do Metrô do Recife estava paralisada por um problema na parte elétrica e afetou milhares de usuários que a utilizam diariamente. O problema ocasionou uma superlotação nas paradas de ônibus e, consequentemente, nos transportes.

Os cenários encontrados foram paradas lotadas, pessoas aguardando os ônibus em pé, os bancos ocupados com bolsas e mochilas pesadas e vários ônibus passando direto por conta da superlotação. Um dos usuários do transporte público que estava aguardando o ônibus em pé junto com as duas filhas foi o administrador Adriano Teixeira, de 37 anos, que decidiu não embarcar no primeiro coletivo lotado que passasse, apesar de já estar há um bom tempo na parada.

“Pego três ônibus por dia e passo um bom tempo nas paradas que não têm uma estrutura muito boa. Tem algumas paradas com assentos e cobertas, o que ajuda nos dias de chuva, mas eu acho que o volume de pessoas é tão grande que nem sempre adianta. Além disso, algumas paradas são tiradas, como a  que ficava em frente ao restaurante Ponteio. Outra coisa é que as paradas deveriam ter os itinerários”, relatou.

Outro usuário que estava também aguardando o ônibus em pé enquanto conversava com outros passageiros foi o técnico em eletrônica Gilberto Leandro, de 58 anos, que iria para casa assim que um ônibus mais livre parasse. 

“Pego dois ônibus por dia da linha Jardim Piedade. Mesmo se as paradas de ônibus tivessem muitas cadeiras não daria para sentar por conta da quantidade de pessoas, mas é um quebra galho. A maioria das paradas que pego estão cobertas e isso ajuda muito nos dias quentes e de chuva. Mas mesmo assim as cobertas podiam melhorar porque os bancos não são confortáveis e elas não protegem tanto da chuva. A pessoa fica aguardando muito tempo nas paradas contra a vontade porque não tem outra opção e porque precisam ir para o trabalho”, relatou.

Consórcio Grande Recife altera, aos poucos, o cenário

Para garantir mais conforto e segurança para os usuários de ônibus na Região Metropolitana, o Consórcio Grande Recife realizou um contrato de concessão das paradas de ônibus para a empresa Kallas para que sejam requalificados 3.650 equipamentos

Segundo o consórcio, os 14 municípios da RMR serão contemplados, porém os pontos estão em sua grande maioria distribuídos no Recife, Jaboatão dos Guararapes, Olinda e Paulista, que juntos representam 72,77% das paradas.

O consórcio ainda destaca que o contrato de concessão não gera custo ao estado, pois a concessionária paga uma outorga variável para o direito de uso do local, e fornece os equipamentos, faz a implantação e manutenção por um período de 20 anos.
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