Direitos humanos Recife sedia colóquio internacional sobre Homens e Masculinidades Pesquisadores se preocupam com onda conservadora no mundo e, em especial, na América Latina

Publicado em: 29/03/2017 20:21 Atualizado em:

Pesquisadores de diversos países se reúnem no Recife entre os dias 2 a 5 de abril no VI Colóquio Internacional de Estudos sobre Homens e Masculinidades. O tema deste ano é “Masculinidades frente às dinâmicas de poder/resistência contemporâneas: pressupostos éticos, ideológicos e políticos das diversas vozes, práticas e intervenções no trabalho com homens e masculinidades”. Ao longo dos quatro dias serão realizados Grupos de trabalho, mesas redondas, apresentação de pôsteres, rodas culturais e lançamentos de livros sobre masculinidades, saúde, direitos sexuais, educação e violências, entre outros temas. O encontro acontecerá no Mar Hotel, em Boa Viagem.O objetivo é promover o intercâmbio de experiências, estudos e pesquisas sobre masculinidades, dialogando sobre princípios e sobre efeitos éticos, estéticos e políticos da produção de práticas e de conhecimentos neste campo. Também é preocupação dos pesquisadores a onda conservadora no mundo e, em especial, na América Latina. Tal tendência se configura como um empecilho à igualdade de gênero e ao exercício de outros padrões de masculinidades.

"Infelizmente, temos assistido, em diferentes países, o desenvolvimento de um projeto de desmonte do percurso percorrido, desde os fins dos anos de 1990, no que se refere à educação em sexualidade, assumida pela colaboração entre a saúde, a educação e as organizações da sociedade civil. Na contramão dos direitos humanos, debates, de base fundamentalista, que desconsideram a consistência teórico-epistemológico do campo dos estudos de gênero, insistem em falácias como “ideologia de gênero” e vêm tomando corpo em diferentes países da América Latina. No Brasil, a absurda proposta de censura à educação em sexualidade nas escolas (camuflada na expressão “escola sem partido”), as críticas equivocadas ao uso de materiais educativos relacionados ao enfrentamento da homofobia (pejorativamente nomeado de “kit gay”), a perseguição ao termo “gênero” nos planos de educação pública exemplificam apenas algumas das iniciativas que têm ocupado os noticiários, as disputas políticas e as campanhas eleitorais recentes em todo o país. Nesse processo, a homossexualidade entra em cena, ora como enfermidade, ora como pecado ou ainda como uma falha de caráter", afirmou Benedito Medrado, coordenador do Grupo de Estudos sobre Masculinidades da Universidade Federal de Pernambuco (Gema/UFPE) e um dos organizadores do evento.

São nomes confirmados para a abertura do evento: Gil Casimiro, do Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das Infecções Sexualmente Transmissíveis, do HIV/AIDS e das Hepatites Virais do Ministério da Saúde; Francisco Noberto Moreira, da Coordenação Nacional de Saúde do Homem do Ministério da Saúde; Amanda Lemos, de ONU Mulheres – Agência das Nações Unidas para o Empoderamento da Mulher; Douglas Mendonza, da Aliança Internacional MenEngage; Neus Bernabeu, do Fundo de Populações das Nações Unidas; e Organização Pan-Americana de Saúde.

Os Colóquios Internacionais de Estudos sobre Homens e Masculinidades acontecem desde 2004. O primeiro foi na cidade de Puebla, no México. As edições seguintes aconteceram em Guadalajara (México), Medellín (Colombia), Montevideo (Uruguay) e Santiago (Chile), respectivamente, em 2006, 2008, 2011 e 2015. Esses eventos foram fundamentais para alimentar uma Red Internacional de Estudios sobre Varones y Masculinidades que envolve pesquisadores, estudiosos e ativistas no campo de estudos e outras ações políticas em gênero e masculinidades, especialmente os países de língua portuguesa e espanhola, especialmente aqueles das América Latina. Outras informações podem ser acessadas no site: www.masculinidades.org. A sexta edição do colóquio é organizada pelo Gema/UFPE, Instituto PAPAI, IFF/Fiocruz, Instituto Promundo e MenEngage Brasil.


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