Medo Com mais dois motoristas baleados, rodoviários estudam fazer passeata Sindicato quer pedir retirada do aparelho impede a abertura da porta dianteira com o ônibus em movimento

Por: Diario de Pernambuco

Publicado em: 29/08/2016 07:43 Atualizado em: 29/08/2016 08:36

O Sindicato dos Rodoviários realiza nesta segunda-feira uma reunião da diretoria com o departamento jurídico. Em pauta, a elaboração de um documento para solicitar ao Ministério Público de Pernambuco (MPPE) a retirada do "anjo da guarda" das portas dianteiras dos ônibus. O aparelho impede que o ônibus se movimente quando está com a porta aberta e também não permite que a porta seja aberta com o veículo em movimento.


"O Ministério Público implantou o anjo da guarda depois da estudante Camila Mirele. Na porta do meio não tem problema, mas na porta dianteira  ela tem causado esse transtorno. O bandido fica nervoso, quer fugir e termina  atirando no motorista. Esses três últimos assaltos com motoristas baleados foi por conta disso. Tem que ter uma solução", explicou o presidente do sindicato, Benilson Custódio.

Para entregar o documento, os sindicalistas estão estudando a possibilidade de realizarem uma passeata. O ato, que pode acontecer ainda nesta segunda-feira, ainda não foi confirmado, mas deve seguir da Avenida Guararapes até o Palácio do Campo das Princesas.

A Região Metropolitana do Recife tem um sábado violento no transporte público com dois assaltos a ônibus que deixaram os motoristas feridos. Por volta das 14h, dois suspeitos, um deles armado, entraram em um ônibus da linha Rio Doce/CDU, nas proximidades do Centro de Convenções, no bairro de Salgadinho, Olinda e pediram os pertences dos passageiros. Houve uma troca de tiros entre a dupla e um passageiro armado, que reagiu ao assalto. Um dos suspeitos morreu e outro ficou ferido, mas mesmo assim conseguiu fugir e ainda baleou o motorista do coletivo ao sair do ônibus.

De acordo com o 1º Batalhão da Polícia Militar, nenhum pertence dos passageiros foi levado. Tanto o motorista quanto o assaltante baleado foram levados para o Hospital da Restauração. O condutor Roberto Carlos de Souza, de 53 anos, passou por cirurgia e permanece internado. Já o suspeito, identificado como  Davi Honório da Silva, de 17 anos,  não resistiu aos ferimentos e morreu.

Pela manhã, um motorista de ônibus foi baleado de raspão enquanto dirigia o coletivo da linha CDU/ Várzea. O veículo seguia pela Avenida Caxangá, no bairro do Benfica, quando um homem em uma bicicleta teria "emparelhado" com o coletivo. O condutor do ônibus teria tentado trancar o ciclista suspeito, que efetuou o disparo de arma de fogo. O tiro atingiu, de raspão, a mão do condutor, que passa bem.

Cerca de 50 passageiros estavam no ônibus e ficaram assustados, abaixando-se com medo de serem atingidos. Uma mulher chegou a passar mal. O suspeito foi localizado na comunidade do Berardo, no bairro da Madalena. Encaminhado para o Departamento de Homicídios e Proteção a Pessoa (DHPP), Alef Rafael Ferreira da Rocha, de 22 anos, confessou que pretendia assaltar o coletivo.

Relembre o caso Camila Mirele

A universitária Camila Mirele morreu após cair do ônibus em que  voltava para casa depois da aula, na Cidade Universitária, Zona Oeste do Recife. O acidente aconteceu na noite do dia 8 de maio, quando o ônibus da linha Barro-Macaxeira passava pela BR-101, em frente à Casa do Estudante, perto do campus da UFPE. A aluna do segundo ano do curso de biomedicina estava indo para Jaboatão dos Guararapes, onde morava, e o ônibus estava lotado. O coletivo estava em movimento quando a porta se abriu e a jovem caiu.

O Ministério Público de Pernambuco (MPPE) denunciou por homicício  culposo funcionários do Grande Recife Consórcio de Transportes e da empresa Metropolitana pela morte da Camila Mirele Pires da Silva, 18. A estudante da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) morreu em maio deste ano depois de cair de um ônibus que fazia a linha Barro-Macaxeira.

Embora a Polícia Civil tenha indiciado apenas o motorista do coletivo, João Martins de Oliveira, 30 anos; o promotor de Justiça Eduardo Henrique Tavares, que assinou a denúncia, entendeu que havia responsabilidade também de um funcionário do Grande Recife por liberar o ônibus para operar mesmo com o anjo da guarda (dispositivo de segurança que trava as portas) desativado.

Dois funcionários da Metropolitana, empresa que opera a linha, também foram denunciados por negligência. Os dois funcionários da operadora erraram pelo mesmo motivo, isto é, por permitir que o veículo circulasse com o anjo da guarda desativado. Todos foram denunciados por homicídio culposo, ou seja, quando não há intenção de matar. O indiciamento do motorista não foi contestado pelo MPPE, que manteve a denúncia por imprudência.



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