Água Pior seca em 50 anos gera rodízio em Caruaru Compesa implantou rodízio de quatro dias com água e 12 sem na cidade do Agreste pernambucano

Publicado em: 21/07/2016 07:31 Atualizado em:

A pior seca dos últimos 50 anos traz reflexos ao Agreste pernambucano. A insuficiência de chuvas durante os últimos seis anos levou a Barragem de Jucazinho a uma possibilidade concreta de decretar colapso a partir de outubro. O reservatório está com apenas um milhão e 177 metros cúbicos de volume, 0,36% do total de 327 milhões de capacidade máxima. A Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa) retirou a cidade de Santa Cruz do Capibaribe do sistema e implantou rodízio de quatro dias com água e 12 dias sem em Caruaru.

As medidas começarão a valer a partir do dia 28. Santa Cruz do Capibaribe passará a ser atendida pela Barragem do Prata, que está com 58,27% da sua capacidade máxima (42 milhões de metros cúbicos). O reservatório já compartilha água com as cidades de Caruaru, Cachoeirinha, Ibirajuba, Altinho e Agrestina. A mudança no calendário em Caruaru, que antes estava com rodízio de 4 dias com água por oito sem, leva a cidade a reviver um período de racionamento de intensidade somente registrado antes da implantação de Jucazinho, na época da seca de 1999.

A cidade já tinha sofrido alteração no serviço de abastecimento em outubro do ano passado, depois de feita uma inversão do sistema de distribuição local. Quando o sistema operava em condições normais, a maioria da cidade sequer sofria com intermitência no abastecimento. “Estamos no fim da quadra chuvosa e a água não chegou a Jucazinho. Estamos tirando Santa Cruz para dar uma sobrevida à barragem até outubro ou novembro”, afirmou o diretor regional do interior da Compesa, Marconi de Azevedo.

Segundo Marconi, as medidas são necessárias para evitar que o colapso de Jucazinho seja antecipado para agosto. Quando ele acontecer, os municípios atendidos pelo sistema passarão a receber água em caminhões-pipa. A exceção será Surubim, que será transferida para outro sistema.

Para algumas cidades, os carros-pipa serão uma situação provisória. “Estamos com obras da barragem Pirangi, com recursos de R$ 60 milhões. Ela vai atender inicialmente Caruaru, Toritama, Agrestina, Cachoeirinha, Altinho, Ibirajuba e Santa Cruz. A gente espera que no início de 2017 estejamos com situação melhor”, acrescentou o diretor.
 
Escassez
O período de chuvas no Agreste vai de 15 de março a 15 de julho. Entre janeiro e julho, choveu uma média de 50 mm na região. “A previsão é de chover apenas 50 mm por mês, de agosto a janeiro de 2017, e isso não mudará o cenário dos mananciais na região”, explicou a a gerente da Unidade de Negócios da Compesa em Caruaru, Nyadja Menezes.

“As barragens do Agreste estão todas em colapso ou perto disso. Se a situação permanecesse como está hoje, em abril do ano que vem Jucazinho chegaria a 0,01% da capacidade máxima”, afirmou o assistente de Gestão em Recursos Hídricos da Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac), Helton Gouveia.

Para dar continuidade ao abastecimento por meio de Jucazinho, a Compesa tem feito o monitoramento do volume de água retirado do manancial. Houve uma redução gradativa das vazões de captação que, em condições normais, eram de 1,2 mil litro por segundo e atualmente são de 170 litros por segundo. O órgão afirmou que ações no valor de R$ 110 mil serão realizadas nas Estações de Tratamento de Água de Caruaru para aumentar a performance do sistema diante das mudanças no calendário de abastecimento para a cidade.

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