Seminário Jovens com down são protagonistas da própria inclusão Eficientes e habilidosos, eles promoveram seminário sobre inclusão social

Por: Larissa Rodrigues - Diario de Pernambuco

Publicado em: 25/05/2016 23:13 Atualizado em: 26/05/2016 15:24

Trinta participantes organizaram o evento na Universo, que teve como maior objetivo combater o preconceito. Foto: Roberto Ramos/DP
Trinta participantes organizaram o evento na Universo, que teve como maior objetivo combater o preconceito. Foto: Roberto Ramos/DP
Desmistificar, combater preconceitos, exibir potencialidades, apresentar eficiência e habilidades. Foi o que fizeram 30 jovens com síndrome de Down durante três dias no primeiro Seminário sobre Inclusão Social, totalmente idealizado, organizado, divulgado e executado por eles.

Promovido na faculdade Universo, Avenida Mascarenhas de Morais, bairro da Imbiribeira, o evento começou na última segunda-feira e encerrou nesta quarta-feira (25). Nesse período, os jovens realizaram mesas de debates abordando temas como inserção no mercado de trabalho e a experiência das mães e dos pais ao descobrirem que teriam crianças down. Os 30 garotos integram o grupo Down+, que completa um ano em agosto e se reúne uma vez por mês.

O seminário foi gratuito e teve como público os alunos da Universo e a população em geral. Os jovens também receberam as pessoas, venderam produtos do Down+ e elaboraram apresentações culturais. O grupo surgiu a partir de um curso que os jovens participaram sobre informações turísticas, ano passado. Na confraternização do workshop, a psicóloga Laura Pedrosa perguntou às mães e pais se havia interesse em continuar exercitando os jovens por meio de orientação profissional. “Essas mães e pais se reuniram e criamos o grupo e trabalho para inserção no mercado profissional, entre outros temas”, relatou a psicóloga.
Psicóloga Laura Pedrosa acompanha o grupo Down  e diz que o objetigo é estimular o associativismo. Foto: Roberto Ramos/DP
Psicóloga Laura Pedrosa acompanha o grupo Down e diz que o objetigo é estimular o associativismo. Foto: Roberto Ramos/DP

De acordo com Laura Pedrosa, o objetivo é estimular o associativismo no grupo e com seus familiares. “Na próxima reunião, por exemplo, a gente vai abordar como eles dividirão o dinheiro arrecadado no seminário, porque todos colaboraram”, destacou. Ela comentou ainda que no início, cada mãe ou pai procurava espaço para o filho na sociedade. A partir do grupo, o objetivo foi obter oportunidade para todos, inclusive, os mais velhos. “Entre eles, tem uma pedagoga down com pós-graduação que deverá auxiliar os outros. Dessa forma eles permanecem se desenvolvendo”, observou Laura, completando “o principal objetivo é que
o destaque seja do grupo, e não individual.”

Ainda de acordo com a psicóloga, a principal característica do Down+ é a heterogeneidade, uma vez que no grupo não há distinções socioeconômicas, de etnia, gênero ou orientação sexual, por exemplo. No início, havia 10 jovens, depois o time foi crescendo e atualmente é chamado para trabalhar em eventos de empresas da iniciativa privada e do setor público. Os jovens já colaboraram com solenidades do Tribunal Regional do Trabalho, Tribunal de Justiça de Pernambuco, Congresso Nacional de Enfermagem, Chesf e Conselho Regional de Psicologia. “Gosto muito de fotografar os eventos”, contou Lucas Evaristo, 15 anos. O garoto, inclusive, aproveitou o seminário para apresentar a exposição “Um pouco do Recife com olhar especial”.
Lucas Evaristo, 15 anos, quer seguir carreira de fotógrafo e apresentou exposição no seminário. Foto: Roberto Ramos/DP
Lucas Evaristo, 15 anos, quer seguir carreira de fotógrafo e apresentou exposição no seminário. Foto: Roberto Ramos/DP

O pai de Lucas, Rodrigo Passos, 37, não esconde o orgulho do filho, que pretende seguir carreira na área da fotografia. “É um ensinamento diário. O abraço deles, o que eles cativam e as suas potencialidades são enormes, só lhes faltam oportunidades. É o que estamos buscando”, enfatizou. Lucas namora Amanda Lima, 19, também down e dançarina de balé clássico. Para a jovem, fazer amizades é a melhor parte do Down+. Já sua mãe, Ana Paula Silva de Lima, 42, olha para o grupo como uma espécie de acolhimento. “É bom interagir com todos, pais e filhos, principalmente para ela (Amanda).”
Priscila, 24 anos, faz faculdade de educação física e é professora de zumba e dança do ventre. Foto: Roberto Ramos/DP
Priscila, 24 anos, faz faculdade de educação física e é professora de zumba e dança do ventre. Foto: Roberto Ramos/DP

O ritmo da professora de zumba

Priscilla Mesquita de Almeida, 24 anos, é down, estudante do quinto período de educação física, professora de dança do ventre e zumba. Essa última é a nova moda na dança e fitness e tem conquistado o público que quer perder peso de forma diferente e mais divertida, sem a malhação tradicional. O ritmo, explicou Priscilla, mistura merengue e salsa.

“Vem com a gente”, disse a professora a seu público, ontem, em cima do palco, no encerramento do Seminário sobre Inclusão Social. E assim fez todos os presentes dançarem zumba. Antes, explicou a importância de fazer alongamentos na preparação para a zumba. Após “esticar” as articulações dos espectadores, deu o recado para os amigos do Down+: “lutem pela carreira de vocês, estamos aqui para isso”.



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