Patrimônio
Restaurações do Chantecler e Liceu de Artes longe de terminar
Demora na reutilização do Chantecler e do Liceu de Artes ameaça a integridade física das edificações históricas e cria vazio urbano
Por: Carolina Sá Leitão - Diario de Pernambuco
Publicado em: 14/01/2016 08:16 Atualizado em:
No prédio do Chantecler, construído no fimdo século 19, funcionou um clube noturno. Já o Liceu de Artes e Ofícios de Pernambuco (ao lado) abrigou salas de aulas e hoje está fechado. Foto: Karina Morais/Esp. DP |
O edifício Chantecler, localizado no cruzamento da Rua Madre de Deus com a Avenida Marquês de Olinda, se destaca na paisagem não só pela beleza de seu estilo eclético. O conjunto arquitetônico construído no século 19 chama atenção pelos tapumes que o cercam há quase seis anos. A cerca de 700 metros dali, na Praça da República, o Liceu de Artes e Ofícios de Pernambuco segue fechado. Além da época em que foram erguidos, os dois prédios têm em comum projetos de restauração que nunca se concretizaram por completo. Ambos continuam sem servir aos recifenses.
Erguido em uma área que já foi de grande movimento econômico da cidade, o Chantecler está com a fachada pintada e conservada, mas seu interior está vazio e inacessível. O Liceu, que hoje é de responsabilidade da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), já demonstra os danos causados pelo tempo, como pintura descascada e paredes sujas.
Para o professor de Arquitetura da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Jorge Eduardo Tinoco, a situação reflete a falta de uma cultura de manutenção do patrimônio. “É preciso entender que, no que se fecha um edifício desse porte, é condenar à degradação. O simples ato de abrir uma janela para arejar o ambiente já faz uma diferença”, explicou.
O Chantecler, que pertence à Santa Casa de Misericórdia e é alugado para a Realesis Empreendimentos, teve seu primeiro projeto de construção anunciado em 1988, quando se definiu que os 3,5 mil m2 serviriam para abrigar um hotel quatro estrelas. Em 2001, um novo projeto foi anunciado, desta prevendo um centro cultural com oito salas de cinema e um café. A obra foi orçada, inicialmente, em R$ 6 milhões, financiados pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Os serviços foram iniciados em 2002, parados em 2004 e retomados em 2010. Mas apenas a parte externa foi recuperada.
O edifício, pelo projeto aprovado pelo Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 2008, seguiria a mesma tendência do Shopping Paço Alfândega, com restaurantes, lojas, um café e salas de cinema. Porém, o projeto foi abandonado e substituído por um que transformaria o prédio em um espaço com salas comerciais, que também foi aprovado pelo Iphan.
Seria a continuidade de mais de um século de utilização do prédio. Após sua inauguração, a edificação teve ocupação mista, sendo usado como residência, lojas, armazéns e bares. Entre as décadas de 1940 a 1970, passou a ser ocupado por prostíbulos e casas noturnas, como Rendeuz Vous e Night and Day.
A ideia é transformar o Liceu em um centro cultural. Foto: Karina Morais/Esp. DP |
Já o Liceu, que inicialmente foi inaugurado em 1880 para servir como sede da Escola de Ofícios, e era mantido pela Sociedade dos Artistas Mecânicos e Liberais de Pernambuco, teve suas atividades transferidas, em 2007, para as instalações do antigo Colégio Nóbrega, uma escola particular que pertencia à Unicap. Desde 1970, quando o espaço passou a ser responsabilidade da Unicap, o local estava servindo para aulas dos cursos técnicos de administração e contabilidade.
A ideia é transformar o prédio em centro cultural. Em 2014, um projeto de reestruturação do Liceu foi submetido ao Funcultura, mas não foi aprovado.No final de 2015, a instituição entrou com recurso sobre a decisão e está aguardando o resultado.
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